terça-feira, 2 de março de 2021

Alguns comentários sobre criptomoedas - 2

  

Novamente, abordaremos algumas questões economicamente simples, praticamente postulados, do que seja valor de um bem ou serviço, sua expressão em moeda, o tamanho de uma economia e sua necessidade de meio circulante, e algo que tem de ficar bem claro sobre o que seja um “investimento”.


Alguns pontos fundamentais:


1) Não pode haver ativo que permanentemente aumente em valor real. 


Obs.:

a) Questões inflacionárias são aqui secundárias, pois a moeda que está relativamente quantificando o valor, no caso, está diminuindo seu valor frente à outras mercadorias.


b) Isso vale para moedas, ouro e outros metais preciosos, pedras preciosas, ou qualquer produto por mais estável em atratividade que seja, e mesmo imóveis, um caso ilusório clássico e com a característica tendência de gerar bolhas. 



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2) Uma moeda valorizar implica em deflação generalizada dos bens que compra e serviços que paga. Noutras palavras, para aquele que possui certa reserva em determinada moeda, à medida que o tempo passa, mais mercadorias e serviços ele pode pagar com o mesmo volume de moeda. 


Obs.: Deflações são economicamente mais destrutivas que inflações. Noutras palavras, os processos deflacionários destroem a circulação de riqueza, enquanto os processos inflacionários podem inclusive fomentar o consumo ainda mais, sendo exemplo simples as compras exageradas de produtos em meio a um cenário onde os bens são previstos para em breve necessitarem de mais moeda para serem adquiridos.


Por uma descrição simples, quando a moeda constantemente está valorizando, como já apresentamos, retarda-se a aquisição de um bem ou a requisição de um serviço no tempo, pretendendo-se adquirir mais bens ou contratar serviço a preço mais barato.


3) O lançamento de moeda num mercado implica em volume de crescimento que seja representado por este meio circulante - isso se houver prudência e análise técnica da questão. [Nota TQM]


Uma economia (de um país) que cresça digamos X %, implica no lançamento de moeda em volume Y, pois a quantidade de riqueza total obviamente aumentou. Assim, para um quadro de economia crescente, é bastante claro que a moeda que representa essas riquezas em sua circulação tenha de estar disponível em volume também crescente.

Quando se entende que (1) impede um bem (mesmo moeda) de permanentemente valer mais em relação a todos os outros bens, de (2) que uma moeda que sempre se valorize implicaria em deflação e de (3) a impossibilidade de existir uma moeda que numa economia em crescimento tenha seu volume total “teto” determinado, se percebe que as moedas digitais afirmadas como sempre se valorizando e cujo volume tem um limite inquebrantável não pode servir nem de “investimento” * nem de meio circulante geral de uma economia.


*Especulação, que é flutuante no tempo e pode ser lucrativa mas implica em riscos, é outra questão.



Para um detalhamento maior de algumas questões, recomendamos:

Alguns comentários sobre criptomoedas - Liberalismus 


Notas


TQM 


A Teoria Quantitativa da Moeda e sua crítica e equilíbrios apontados por muitos economistas nas últimas décadas rende um bocado de estudo, e abaixo listamos algumas fontes:


“A teoria quantitativa da moeda é a teoria que relaciona a inflação à oferta de moeda em uma economia, sendo que a quantidade de moeda disponível determina o nível dos preços em uma economia, e por sua vez, a taxa de crescimento da quantidade de moeda determina a taxa de inflação.” ― Tiago Reis. Teoria quantitativa da moeda: a inflação pelo excesso de oferta de moeda. 29/09/2018.- www.suno.com.br 


“A Teoria Quantitativa da Moeda é uma teoria econômica que relaciona a variação de preços da economia com a quantidade de moeda disponível.


Por essa teoria, se houver uma emissão muito elevada de moeda que supere o aumento do produto, esse aumento causará inflação.


Este cenário já era percebido durante o século XVI com a entrada de grandes quantidades de ouro e prata em países europeus. Trazidas das Américas, estas matérias acabavam por se transformar em mais moeda em circulação.


Esta teoria foi sendo desenvolvida ao longo dos anos, fazendo parte de áreas da ciência econômica como a economia monetária e a macroeconomia, além de ser defendida pelos economistas monetaristas. Já a sua oposição é feita pelos defensores de economias keynesianas." ― Teoria Quantitativa da Moeda - www.dicionariofinanceiro.com  



pt.wikipedia.org - Teoria quantitativa da moeda 


 


Extras

1


Casos de “investimento” em criptomoedas que tornaram-se “sistemas Ponzi”:


Bitcoins, pirâmide financeira e fuga para Dubai: brasileiro aplica golpe de R$ 200 milhões


29/04/2018 - noticias.uol.com.br  



Polícia aponta vingança no assassinato de líder de golpe de R$ 200 milhões


Márcio Rodrigo Santos, apontado como líder da D9 Clube de Empreendedores


30/11/2018 - noticias.uol.com.br 



2


Diego Garcia - @dimacgarcia - no Twitter:


“Se alguém diz que ganha muito dinheiro na B3, em criptomoedas ou alugando ativos, teoricamente não precisaria vender curso.


Quem construiu patrimônio para viver de renda passiva não criaria algo em que precise correr atrás da máquina e dar suporte.


O golpe tá aí, cai quem quer.


Disclaimer: Eu não estou me referindo a quem vende cursos ou livros que entregam um mindset de investidor ou uma metodologia de educação financeira.


Esses cursos são importantes e fazem toda a diferença, pois te ajudam a não cometer erros básicos que podem te desmotivar.” 

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