terça-feira, 29 de setembro de 2015

Teorema de Okishio - 6



Sexta parte da tradução e edição de: Okishio's theorem

David Laibman e teorema de Okishio


Entre 1999 e 2004, David Laibman, um economista Marxista, publicou pelo menos nove artigos que tratam da Interpretação do Sistema Único Temporal (TSSI, temporal single-system interpretation) da teoria do valor de Marx.[4] Seu “The Okishio Theorem and Its Critics" (O Teorema de Okishio e Sua Crítica) foi a primeira resposta à crítica temporalista publicada do teorema de Okishio. O teorema foi amplamente pensado como tendo refutado a lei da queda tendencial da taxa de lucro de Karl Marx, mas os proponentes da TSSI reivindicam que o teorema Okishio é falso e que seu trabalho o refuta. Laibman argumentou que o teorema é verdadeiro e que a pesquisa TSSI não o refuta.


Lentamente, talvez tenha começado minha mórbida coleção de “Alices fazendo charges”. - www.cartooningcapitalism.com

Nota do tradutor: Referência  para o termo “Interpretação do Sistema Único Temporal”:
Eduardo Maldonado Filho; "Reclaiming Marxs Capital: a refutation of the myth of inconsistency", de Andrew Kliman, RESENHA. Nova econ. vol.19 no.2 Belo Horizonte May/Sept. 2009. - www.scielo.br


Em seu artigo principal em um simpósio realizado em Research in Political Economy em 1999, [5] O argumento chave de Laibman foi que se a queda da taxa de lucro exibida em Kliman (1996) [6] dependia fundamentalmente da hipótese do papel de que há capital fixo que dura para sempre. Laibman afirmou que se houver qualquer depreciação ou demolição prematura por idade, menos produtiva, de capital, fixo: (1) a produtividade vai aumentar, o que fará com que a taxa de valor temporalmente determinada de lucro suba; (2) este valor de taxa de lucro, pois, "converge para" taxa de lucro de material de Okishio; e, portanto, (3), a taxa de valor "é governada pela" taxa de lucro de material.


Tenho atração por um tom profético que constantemente possuem os “economistas marxistas”, sobre os quais a principal profecia, infalível, que pode-se fazer é que errarão em suas predições. - Andrew Kliman - The failure of capitalist production: underlying causes of the great recession.

Estes e outros argumentos foram respondidas em um artigo principal de Alan Freeman e Andrew Kliman (2000) em um segundo simpósio,[7] publicado no ano seguinte na mesma revista. Em sua resposta, Laibman optou por não defender a afirmações (1) através de (3). Ao invés disso, apresentou um “Teorema de Acompanhamento de Valor Temporal de Taxa de Lucro” ("Temporal-Value Profit-Rate Tracking Theorem"), que descreveu como "propondo que a taxa de valor temporalmente determinada de lucro] deve eventualmente seguir a tendência de [taxa de lucro material de Okishio]” [8] O "Teorema de Acompanhamento" (também pode ser tratado como “de rastreamento”) estabelece, em parte: "Se a taxa [de lucro] material eleva-se a uma assíntota, a taxa de valor ou cai para uma assíntota, ou primeiro cai e, em seguida, sobe para uma assíntota permanentemente abaixo da taxa de material”[9] Kliman argumenta que esta declaração "contradiz alegação (1) através de (3) assim como a caracterização de Laibman do 'Teorema de Acompanhamento’. Se a taxa de lucro física [i.e. material] eleva-se permanentemente, enquanto a taxa de lucro em valor cai permanentemente, a taxa de valor certamente não está seguindo a tendência da taxa [i.e. material], nem mesmo, eventualmente."[10]
No mesmo artigo, Laibman alegou que o teorema de Okishio era verdadeiro, mesmo que o trajeto da taxa de valor temporalmente determinada de lucro possa divergir permanentemente do trajeto da taxa de lucro material de Okishio. Escreveu, "Se uma alteração técnica viável é feita, e a taxa de salário real é constante, a nova taxa de lucro MATERIAL deve ser mais alta que a a anterior. Isto é tudo que Okishio, ou Roemer, ou Foley, ou eu, ou qualquer um tem sempre afirmado!"[11] Em outras palavras, proponentes do teorema de Okishio tem sempre falado apenas sobre como a taxa de lucro se comportaria no caso especial imaginário em que os preços de entrada e saída acontecem por alguma razão de serem iguais, não sobre a taxa real de lucro. Kliman e Freeman sugeriram que esta declaração de Laibman era simplesmente "um esforço para absolver a tradição fisicalista de erro." [12] O teorema de Okishio, eles argumentaram, sempre foi entendido como uma refutação da lei da queda tendencial da taxa de lucro de Marx, e a lei de Marx não diz respeito a um caso especial imaginário em que os preços de entrada e saída acontecem por alguma razão de serem iguais.

Citações


  • Considerada abstratamente a taxa de lucro pode permanecer a mesmo, apesar de o preço da commodity individual poder cair como resultado de uma maior produtividade do trabalho e um aumento simultâneo do número [quantidade] desta commodity mais barata ... A taxa de lucro poderia mesmo aumentar se uma aumento da taxa de mais-valia fosse acompanhada por uma redução substancial no valor dos elementos de capital constantes, e particularmente, se fixos. Mas, na realidade, como vimos, a taxa de lucro vai cair no longo prazo. Karl Marx, Capital III, capítulo 13. The last sentence is, however, not from Karl Marx but from Friedrich Engels.
  • Nenhum capitalista nunca (sic) voluntariamente introduz um novo método de produção, não importa o quanto mais produtivo que possa ser, e quanto ele pode aumentar a taxa de mais-valia, desde que reduza a taxa de lucro. No entanto, cada novo método de produção, tal barateia as commodities. Assim, o capitalista vende-os originalmente acima de seus preços de produção, ou, talvez, acima de seu valor. Ele embolsa a diferença entre os custos de produção e os preços de mercado das mesmas mercadorias produzidas a custos mais elevados de produção. Ele pode fazer isso, porque o tempo de trabalho requerido socialmente para a produção destes últimos produtos é maior do que o tempo de trabalho necessário para os novos métodos de produção. Seu método de produção está acima da média social. Mas a competição torna geral e sujeitos à lei geral. Segue-se uma queda na taxa de lucro - talvez pela primeira vez nesta esfera da produção, e, eventualmente, ele alcança um equilíbrio com o resto - que é, portanto, totalmente independente da vontade do capitalista. Marx, Capital volume III, capítulo 15.


Referências


4.David Laibman,
    • “The Okishio Theorem and Its Critics: Historical Cost Vs. Replacement Cost,” Research in Political Economy, Vol. 17, 1999, pp. 207–227;
    • “The Profit Rate and Reproduction of Capital: A Rejoinder,” Research in Political Economy, Vol. 17, 1999, pp. 249–254; *
    • "Rhetoric and Substance in Value Theory,” Science & Society, Fall 2000, pp. 310–332 (also in The New Value Controversy and the Foundations of Economics, ed. Alan Freeman, Andrew Kliman, and Julian Wells, Edward Elgar, 2004);
    • “Two of Everything: A Response,” Research in Political Economy, Vol. 18, 2000, pp. 269–278;
    • “Numerology, Temporalism, and Profit Rate Trends,” Research in Political Economy, Vol. 18, 2000, pp. 295–306;
    • “Rising Material’ Vs. Falling Value’ Rates of Profit: Trial by Simulation,” Capital and Class, No. 73, Spring 2001, pp. 79–96;
    • “Temporalism and Textualism in Value Theory: Rejoinder [to comments by Guglielmo Carchedi and Fred Moseley].” Science & Society, 65:4 (Winter 2001–2002), pp. 528–533
    • “The Un-Simple Analytics of Temporal Value Calculation,” Political Economy: Review of Political Economy and Social Science (Athens, Greece), No. 10, (Spring 2002), pp. 5–16
5."Okishio and His Critics: Historical cost versus replacement cost," Research in Political Economy 17, 207–27.
6."A Value-theoretic Critique of the Okishio Theorem." In Freeman and Carchedi (eds.),Marx and Non-equilibrium Economics, 206–24.
7."Two Concepts of Value, Two Rates of Profit, Two Laws of Motion," Research in Political Economy 18, 243–67
8."Two of Everything: A response," Research in Political Economy 18, p. 275, emphasis in original.
9.Laibman, ibid., p. 274, emphases added.
10.Andrew Kliman, Reclaiming Marx's "Capital": A refutation of the Myth of Inconsistency, Lanham, MD: Lexington Books, 2007, p. 133.
11."Two of Everything: A response," Research in Political Economy 18, p. 275, emphases in original.
12.Andrew Kliman and Alan Freeman, 2000, "Rejoinder to Duncan Foley and David Laibman, Research in Political Economy 18, p. 290.

Literatura


  • Foley, D.(1986) Understanding Capital: Marx's Economic Theory. Harvard, US: Harvard University Press. ISBN 0674920880
  • Freeman, A. (1996): Price, value and profit – a continuous, general, treatment in: Freeman, A. and Guglielmo Carchedi (eds.) Marx and non-equilibrium economics. Cheltenham, UK and Brookfield, US: Edward Elgar Online
  • Okishio, N. (1961) "Technical Change and the Rate of Profit", Kobe University Economic Review, 7, 1961, pp. 85–99.
  • Seneta, E. (1973) Non-negative Matrices – An Introduction to Theory and Applications. London: George Allen and Unwin
  • Sraffa, P (1960) Production of Commodities by Means of Commodities: Prelude to a critique of economic theory, 1960.Cambridge: CUP.
  • Steedman, I. (1977) Marx after Sraffa. London:Verso

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