domingo, 28 de fevereiro de 2021

Notas sobre pontos de equilíbrio - 2

  

Continuando nossa conceituação de Ponto de Equilíbrio Mercadológico (PEM) iniciada em: 


Notas sobre pontos de equilíbrio - 1 - Liberalismus 


O PEM analisa a capacidade da empresa sobreviver num ambiente que evolui daquele no qual ela pode (ainda) estar em equilíbrio operacional, financeiro e econômico. 


Essa análise procura verificar se as escalas de capital e operacionalidade são capazes de enfrentar, por exemplo, uma concorrência agressiva, num mercado que passa a apresentar concorrentes que alteram suas capacidades ou surgem penetrando em fatia de mercado.


Em suma, esse nosso conceito procura estabelecer um volume de reserva para investimento ou “gordura” a ser queimada durante períodos de sacrifícios seguindo a nossa máxima irônica:

“Lucro é o raro momento de felicidade depois que todas as desgraças aconteceram.”

O que é o mesmo que dizer que lucro é um resíduo, a conclusão monolítica a que chegou David Ricardo, nas fundações da Economia.




Matematicamente, é a percepção de um volume de lucro a ser perseguido por um tempo t, colocado como objetivo da empresa, visando formar reservas (ou capacidade de tomada viável de crédito, como por exemplo com garantias de imóveis ou equipamentos) para absorver os impactos de período de necessidades de gastos antes inexistentes devido às alterações do ambiente.

R=t.Lr


Ou “o volume de reservas é igual a um período de tempo, por exemplo em anos, vezes uma reserva planejada anual a ser formada”, e por identidade:

R=G


A reserva formada é igual ao volume de gastos necessários pela evolução do ambiente do mercado visando manter lucratividade num primeiro momento e sustentabilidade.


Até aqui, a coisa é simplíssima, e um terreno um tanto turbulento para ter seus valores calculados, mas obviamente o volume de novos gastos vai ter seu fluxo de saídas num novo período de tempo após o desencadear das reações pela mudança do ambiente, e produzirá um fluxo de caixa a ser enfrentado em novos pontos de equilíbrio operacional e financeiro.


Mas podemos colocar mais exemplos e produzir uma análise do PEM de maneira mais detalhada, tomando os elementos do Marketing Mix (também aportuguesado para “Composto de Marketing”). 

 

Estabelecido que os componentes do Marketing Mix são Produto, Preço, Praça e Promoção, podemos cruzar esses conceitos com o Ponto de Equilíbrio Mercadológico e esmiuçar contra quais ameaças a enfrentar a empresa deve formar reservas ao longo do tempo.




Novos Produtos que apresentam-se como mais atrativos ao mercado, seja por aspectos objetivos, como por exemplo para um automóvel o menor consumo de combustível, seja pelo aspecto tecnológico disruptivo, como no clássico caso das lâmpadas substituindo os lampiões (daí nosso jargão “lampiões”), seja por aspectos subjetivos, como os clássicos chapéus de feltro e polainas, todos os produtos que estejam no espectro cultural que é “moda” (de onde nosso jargão “polainas”).

O aspecto Preço dos concorrentes, que pode se dar por escala de produção, custos logísticos ou custos reduzidos por novas tecnologias de produção, tanto num campo de indústria competindo contra indústria quanto no campo da concorrência entre comerciantes, consequência de uma cadeia de fornecimento a partir de preços/custos desde um produtor. A redução de preços pode implicar em investimento desde a produção, a escala, as tecnologias e as operações de logística. A redução das margens de lucro podem também ser considerada, mas como isso irá impactar na rentabilidade geral do negócio é outra análise.

O aspecto Praça ― dos canais de distribuição e o atender os consumidores ― fica evidente no exemplo do processo recente de evolução de um mercado que abandona os espaços comerciais de grandes superfícies, como os tradicionais shoppings e desloca-se para as compras pela internet. Deslocar-se ou enfrentar um fenômeno similar a esse exige investimentos e custosa mudança de atender-se a Praça.


O aspecto Promoção fica bem caracterizado por enfrentar-se concorrente com melhor campanha publicitária, por exemplo, ou ainda, enfrentar-se concorrente cuja simples marca seja mais atrativo. 


Um exemplo ilustrativo bem interessante era uma marca de vinagre nos anos 1990 (um produto então pouco explorado pelo mercado publicitário), líder de mercado, com nome relacionado à sua origem de empresa familiar, de colonização europeia*, que dispensava campanhas publicitárias pelo seu próprio peso de fatia de mercado, inigualável. Bastou surgir um concorrente com a mesma capacidade de produção e distribuição, mesmo preço, com nome relacionado a um popular radialista, também nome de origem europeia, com forte campanha publicitária, para tomar-lhe o mercado e conduzir a marca anteriormente líder à redução rápida de sua fatia e posteriormente à falência.


*Fatores culturais completamente subjetivos de atração, como a associação de um nome com aparência / percepção de origem mais nobre, tradição, sofisticação, como bem percebido por Ray Kroc, fundador da McDonalds. [Extra Kroc]  



Extras


Kroc


“Não é apenas o sistema, Dick. É o nome. Esse nome glorioso, McDonald's. Pode ser, qualquer coisa que você quiser ... é ilimitado, é bem aberto ... parece, uh ... parece ... parece a América. Isso é comparado a Kroc. O que é um crock. Que carga de crock. Você comeria em um lugar chamado Kroc's? O de Kroc tem aquele som eslavo contundente. Kroc's. Mas McDonald's, meu Deus. Isso é uma beleza. Um cara chamado McDonald? Ele nunca vai ser pressionado na vida.” - Fome de Poder (2016, The Founder) - www.imdb.com  


Estratégia Competitiva


Estratégia Competitiva é definida como o plano de longo prazo de uma determinada empresa para obter vantagem competitiva sobre seus concorrentes no setor. Tem como objetivo criar uma posição defensiva em uma indústria e gerar um ROI (Return on Investment) superior. Esse tipo de estratégia desempenha um papel muito importante quando a indústria é muito competitiva e os consumidores recebem produtos quase semelhantes. Pode-se dar um exemplo do mercado de telefonia móvel.


Antes de planejar uma estratégia competitiva, é preciso avaliar todos os pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças do setor e, em seguida, seguir em frente, o que daria uma vantagem competitiva. Compreender a concorrência, estudar as necessidades do cliente, avaliar seus pontos fortes e fracos, etc., são todos aspectos importantes da estratégia de marketing. As empresas podem estudar e avaliar com base em sua participação de mercado, análise SWOT, etc., o que acabaria por ajudá-las a impulsionar negócios e receitas de vendas.


Competitive Strategy - www.mbaskool.com 

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Crise de dívida - 2

  

Segundo de uma série traduzindo o artigo da Wikipédia em inglês sobre o conceito, com acréscimos.


Traduzido de: en.wikipedia.org - Debt crisis 

Crises de dívida atuais e recentes


Europa


Crise da dívida europeia

 

A crise da dívida europeia é uma crise que afeta vários países da zona do euro desde o final de 2009. [7] [8] Os Estados-Membros afetados por esta crise foram incapazes de pagar as suas dívidas governamentais ou de resgatar instituições financeiras endividadas sem a assistência de terceiros (nomeadamente o Fundo Monetário Internacional, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu). [Kincaid]  As causas da crise incluiu empréstimos de alto risco e práticas de endividamento, estouro de bolhas imobiliárias e grandes gastos deficitários. [9]  Como resultado, os investidores reduziram a sua exposição aos produtos de investimento europeus e o valor do euro diminuiu. [10]   


CDS (credit default swap) soberano mostrando uma perda temporária 

de confiança na qualidade de crédito de alguns países da UE. O eixo 

esquerdo está em pontos básicos; um nível de 1.000 significa que custa 

$ 1 milhão para proteger $ 10 milhões de dívidas por cinco anos.



Em 2007, a crise financeira global começou com uma crise no mercado de hipotecas subprime nos Estados Unidos e evoluiu para uma crise bancária internacional completa com o colapso do banco de investimento Lehman Brothers em 15 de setembro de 2008. [11]  A crise, no entanto, foi seguida por uma desaceleração econômica global, a Grande Recessão. A crise da dívida europeia, uma crise no sistema bancário dos países europeus que usam o euro, veio mais tarde. 


Nos mercados de dívida soberana dos PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia, Espanha) criou-se uma pressão de financiamento sem precedentes que se espalhou para os bancos nacionais dos países da zona do euro e o Banco Central Europeu (BCE) em 2010. Os PIIGS anunciaram fortes reformas fiscais e medidas de austeridade, mas no final do ano, o euro voltou a sofrer de estresse. [12]   


Causas 


A crise da zona do euro resultou do problema estrutural da zona do euro e de uma combinação de fatores complexos, incluindo a globalização das finanças, condições de crédito fáceis durante o período de 2002-2008 que encorajaram práticas de empréstimo e endividamento de alto risco, a crise financeira de 2007-08 , desequilíbrios do comércio internacional, bolhas imobiliárias que explodiram; a Grande Recessão de 2008–2012, as escolhas de política fiscal relacionadas às receitas e despesas do governo e as abordagens usadas pelos estados para resgatar setores bancários em dificuldades e detentores de títulos privados, assumindo encargos de dívidas privadas ou perdas sociais. 


Em 1992, membros da União Européia assinaram o Tratado de Maastricht, sob o qual se comprometeram a limitar seus gastos deficitários e níveis de endividamento. No entanto, no início dos anos 2000, alguns estados-membros da UE não conseguiam ficar dentro dos limites dos critérios de Maastricht e passaram a securitizar receitas futuras do governo para reduzir suas dívidas e / ou déficits, evitando as melhores práticas e ignorando os padrões internacionais. [13]  Isso permitiu que os soberanos mascarassem seus níveis de déficit e dívida por meio de uma combinação de técnicas, incluindo contabilidade inconsistente, transações fora do balanço patrimonial e o uso de moeda complexa e estruturas de derivativos de crédito. [13]   


A partir do final de 2009, após a recém-eleita Grécia, o governo do PASOK parou de mascarar seu verdadeiro endividamento e déficit orçamentário, temores de inadimplência soberana em certos estados europeus se desenvolveram publicamente e a dívida pública de vários estados foi rebaixada. Posteriormente, a crise se espalhou para a Irlanda e Portugal, enquanto levantava preocupações sobre a Itália, Espanha e o sistema bancário europeu e desequilíbrios mais fundamentais na zona do euro. [14]   


Referências


Kincaid, G. Russell. The IMF’s Role in the Euro Area’s Crisis: What Are the Lessons from the IMF’s Participation in the Troika? CHAPTER 5 - ieo.imf.org 


7."Timeline: The unfolding eurozone crisis". BBC News. 13 June 2012.


8.Blundell-Wignall, Adrian (2011). "Solving the Financial and Sovereign Debt crisis" (PDF). Organisation for Economic Co-operation and Development.


9.Brown, Mark; Chambers, Alex (September 2005). "How Europe's governments have enronized their debts". Euromoney.


10.Johnson, Steve (1 March 2015). "Investors slash exposure to the euro". Financial Times


11.Williams, Mark (12 April 2010). Uncontrolled Risk. McGraw-Hill Education. ISBN 978-0-07-163829-6.


12.Clark, Janet H. (14 December 2010). "The Debt Crisis in the Euro Zone". Encyclopædia Britannica.


13."How Europe's Governments have Enronized their debts”, Mark Brown and Alex Chambers, Euromoney, September 2005. 


14.Paul Belkin, Martin A. Weiss, Rebecca M. Nelson and Darek E. Mix "The Eurozone Crisis: Overview and Issues For Congress", Congressional Research Service Report R42377, 29 February 2012.  

  

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Crise de dívida - 1

  

Primeiro de uma série traduzindo o artigo da Wikipédia em inglês sobre o conceito, com acréscimos.


Traduzido de: en.wikipedia.org - Debt crisis 

 

Crise de dívida é uma situação em que um governo (nação, estado / província, condado ou cidade etc.) perde a capacidade de pagar sua dívida governamental. Quando as despesas de um governo são maiores do que suas receitas fiscais por um período prolongado, o governo pode entrar em uma crise de dívida. Várias formas de governo financiam seus gastos principalmente arrecadando dinheiro por meio de impostos. Quando as receitas fiscais são insuficientes, o governo pode compensar a diferença emitindo dívidas. [1]  


Dívida pública em percentagem do PIB, evolução dos EUA, Japão e das principais economias da UE.



Uma crise de dívida também pode se referir a um termo geral para uma proliferação de dívida pública massiva em relação às receitas fiscais, especialmente em referência aos países latino-americanos durante os anos 1980, os Estados Unidos e a União Europeia desde meados dos anos 2000 e a crise de dívida chinesa de 2015. [2] [3] [4] [5] [6] 

 

Dívida pública como porcentagem do PIB pela CIA (2012) - www.reddit.com 


“Parede” ou “Muro” de dívida


“Bater no muro” da dívida é uma situação financeira terrível que pode ocorrer quando uma nação depende da dívida externa e / ou investimento para subsidiar seu orçamento e, então, os déficits comerciais deixam de ser o receptor dos fluxos de capital estrangeiro. [GREGSON] A falta de fluxos de capital estrangeiro reduz a demanda pela moeda local. O aumento da oferta de moeda, juntamente com o aumento da demanda, causa uma desvalorização significativa da moeda. Isso prejudica a base industrial do país, pois ele não pode mais comprar os suprimentos importados necessários à produção. Além disso, quaisquer obrigações em moeda estrangeira são agora significativamente mais caras para atender tanto ao governo quanto às empresas.


Esse mesmo conceito também foi aplicado à dívida pessoal. Especificamente, tem sido aplicado a alunos que se atrapalham com empréstimos estudantis para financiar sua educação.


Devido ao endividamento crescente na China, uma ironia foi cunhada no título do livro de Dinny McMahon, China's Great Wall of Debt (“Grande Muralha da Dívida da China”), que tem o subtítulo Shadow Banks, Ghost Cities, Massive Loans and the End of the Chinese Miracle (“Bancos ‘Sombra’, Cidades Fantasmas, Empréstimos Maciços e o Fim do Milagre Chinês”):


“O país acumulou tantas dívidas tão rapidamente que os economistas preveem cada vez mais uma crise financeira que poderia fazer o 'Brexit' ou a ruína econômica da Grécia parecerem menores, e poderia minar a ascensão da China como superpotência. No início deste ano, o presidente Xi Jinping fez um apelo urgente por uma reforma que dê ao país até 2020 para transformar sua economia - um objetivo vagamente definido que a maioria dos economistas considera irrealista. Quer a China seja ou não responsável pela próxima recessão global, como prevêem alguns especialistas, o destino de sua economia terá consequências de longo alcance para o resto do mundo.” [FNAC]


Referências


FNAC - McMahon, Dinny. China's Great Wall of Debt. - Resenha - www.fnac.pt 


GREGSON, JONATHAN. Hitting a Wall of Debt. Global Finance . May 01, 2010. - www.gfmag.com  


1.Bondarenko, Peter (September 2015). "Debt crisis". Encyclopædia Britannica. Retrieved 29 March 2019. 


2.Jetin Duceux, Alice (December 2018). "An overview of Chinese Debt (Part 1)". CADTM


3."Europe Banks Selling Sovereign Bonds May Worsen Debt Crisis" - SFGate


4."Who is Handling Debt Crisis Better, United States or Europe" - US News  


5."Europe's Web of Debt" by Nelson D. Schwartz, New York Times


6. "How's the Argentina Recovery Coming Along?" by Tyler Cowen

  

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Colapso de dívida - Dívida pelo PIB


Faremos aqui uma releitura de um texto de Stephen Kanitz sobre a questão do volume de dívida pública em relação ao PIB, seu perfil no tempo, com algumas observações:



www.tk.partners  

  


E se a Relação Dívida/PIB Ultrapassar 100%? Estaremos Fritos? 

- www.kanitz.com.br 



A relação Dívida de um país como % do seu PIB tem sido usada sistematicamente por aqueles que querem disseminar pânico no setor financeiro, provavelmente ganhando com isto.


Você investiria em títulos do governo Brasileiro, se a dívida ultrapasse 100% do PIB?


Você exigiria um juro estratosférico para continuar financiando um país cuja dívida está prestes a ultrapassar 100%?


Como esta previsão ao lado?


Imaginem dever mais do que o PIB.


Quando o Brasil chegou a [uma dívida de] 60% do PIB em 1986, boa parte sendo uma dívida externa mais de 40 economistas brasileiros entre os quais Prof. Celso Furtado, Prof.a Maria Conceição Tavares, Prof. Paulo Nogueira Batista propuseram a Moratória da Dívida Externa, por considerá-la impagável.


Conseguiram a Moratória e uma década perdida.


O erro ou engodo sendo cometido é fácil de desmascarar.


Uma dívida é paga ao longo de 20 a 30 anos, especialmente se for de um país.


Dividir uma dívida a ser paga ao longo de 20 anos, pelo PIB de um único ano, é obviamente um erro monumental.


Multiplicar o PIB por 30 anos, seria uma fórmula mais apropriada, adequando a dívida ao seu prazo de pagamento.


Neste caso daria uma relação Dívida/PIB bem menor, aliás, 97% menor. 


Uma dívida que chega a "100%" do PIB, na realidade é uma dívida de somente 3,3% do PIB de 30 anos, isto se não houver crescimento.  


Se o PIB crescer 3% ao ano, algo razoável, então o número cai para 1.8% do PIB médio destes 30 anos. 



Observação desse editor: Um dos problemas é que nosso crescimento médio tem ficado bem abaixo desse crescimento “razoável”.

Citemos:


“Segundo as expectativas de mercado para o PIB de 2020 (-6,5%), a taxa média real de crescimento do PIB da década já está no território negativo (-0,1%). Ao se considerar as últimas (junho/20) projeções do FMI (-9,1%), a média da década atual passaria para -0,3% a.a..”


Década cada vez mais perdida na economia brasileira e comparações internacionais


Os últimos sete anos (2020, inclusive) foram desastrosos do ponto de vista de crescimento econômico, pelo somatório dos três fatores (forte recessão, recuperação lenta e gradual e coronavírus)


02/07/2020 - portal.fgv.br 



Retornando ao texto de Kanitz:


Entre pagar 100% em um único ano e 1,8% por ano por 30 anos há uma enorme diferença, mas quem não lê artigos escritos por Administradores e Contadores jamais ficará sabendo disto. 


Você consideraria sensato comprar uma casa e morar nela já, comprometendo 1,8% da sua renda por ano ? 


Você romperia como todos os Bancos Americanos lhe financiariam por 30 anos a juros de 3% ao ano ? É o que Celso Furtado e outros fizeram. 


Este indicador está novamente sendo veiculado na imprensa mundial, relativo a dívida "colossal" dos países Europeus e dos Estados Unidos



A dívida americana é de 360% do PIB, mas em 30 anos com um PIB e impostos crescentes, representa somente 7,5% por ano.


E 7,5% é bem mais confortável do que 360% pago em um único ano, que obviamente nunca é o caso. 


Que Bancos, Hedge Funds e Especuladores contratem  consultores para disseminarem pânico com estatística cientificamente apuradas, com o intento de aumentar os juros e a volatilidade é fácil de entender.


Tem professores acadêmicos morrendo de fome que se prestam a tudo, até mentir.

O que não entendemos é ver jornalistas econômicos comprometidos com a ética e apuração correta dos fatos, republicarem um engodo destes tão fácil de detectar.


Dívidas são pagas ao longo de vários anos, e não um ano só.


Além do fato que PIB nem é o indicador apropriado, mas para isto é necessário entender um mínimo de Administração e Contabilidade, que deixaremos para mais tarde.



Extras


1


Mas...


O problema do fluxo crescente, de balanço não nulo, em permanente déficit


Tenho ao longo dos últimos anos feito anotações sobre o crescimento da dívida em relação ao crescimento do PIB, sempre apontando para um colapso da dívida.


Um comentário simples e direto nesse artigo de Stephen Kanitz:

“A dívida não se paga em um ano, mas o serviço da dívida é cobrado todo ano. E o Brasil não consegue pagar nem isso (por isso não temos superávit nominal).


Se o país chegar ao ponto em que não pode pagar o serviço da dívida, declara moratória.”



Amostra de anotações do ano de 2017:


Dívida pública sobe 0,32% em abril e fica em R$ 3,23 trilhões - agenciabrasil.ebc.com.br


0,32%/m o que corresponde a índice de 1+(0,32/100)=1,0032 que dá um índice anual de 1.0032^12=1.039 que corresponde a 3,9%, “colado” na inflação.


Destaque-se do artigo:

“Com relação ao estoque da Dívida Pública Federal Externa, captada do mercado internacional, houve aumento de 0,81% sobre o estoque apurado em março, encerrando o mês de abril em R$ 121,28 bilhões (US$ 37,92 bilhões). "A variação ocorreu principalmente devido à desvalorização do real frente às principais moedas que compõem o estoque da dívida externa", diz relatório do Tesouro.”

“De acordo com o Plano Anual de Financiamento (PAF), a dívida pública poderá fechar este ano entre R$ 3,45 trilhões e R$ 3,65 trilhões.”


Esta é a dívida líquida, a bruta é muito maior e o relatório ainda não foi divulgado.


No último:


“A DBGG (Governo Federal, INSS, governos estaduais e municipais) alcançou R$4.527 bilhões em março (71,6% do PIB), elevando-se 1,0 p.p. do PIB em relação ao mês anterior.”


R$4,527 trilhões / 206 milhões brasileiros (2017) = R$ 21.975 por cabeça


2


2.1


“Antes da pandemia, o rombo previsto nas contas públicas era de R$ 115 bilhões, segundo o estudo “Impacto Fiscal da Pandemia: Andando sobre Gelo Fino”, coordenado por Marcos Lisboa. O déficit agora estimado de R$ 1,2 trilhão representa um aumento de dez vezes em relação às projeções anteriores. Se nada for feito, a insolvência será inevitável e, junto com ela, virá o encolhimento do mercado e crescimento da pobreza. O Brasil, neste momento, é uma nau à deriva que está indo firmemente em direção a um iceberg.” 


O Brasil caminha para a insolvência


Aumento da dívida pública e queda do PIB se combinam de maneira dramática por causa da crise do coronavírus e podem levar o País ao colapso econômico a curto prazo


Vicente Vilardaga - 22/05/20 - istoe.com.br 


2.2


“Déficit nominal 


O setor público consolidado registrou um déficit nominal de R$ 1,015 trilhão em 2020, o Banco Central. Em 2019, o resultado nominal havia sido deficitário em R$ 429,154 bilhões. O montante de 2020 equivale a 13,70% do PIB. 


O resultado nominal representa a diferença entre receitas e despesas do setor público, já após o pagamento dos juros da dívida pública. Em função da pandemia do novo coronavírus, que reduziu a arrecadação dos governos e elevou as despesas, o déficit nominal tem sido mais elevado nos últimos meses.”


Setor público tem rombo de R$ 702,95 bi em 2020, equivalente a 9,5% do PIB


Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues - 29/01/2021 - economia.uol.com.br 

 


O antigo "ame-o ou deixe-o" já pode estar virando "suporte-o ou deixe-o".


3


Devo urgente a tradução:

en.wikipedia.org - Debt crisis