sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Falácias de Alices (III)

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Para onde vai o lucro?





Já abordamos as questões referentes a meu argumento de que lucro no tempo e o caixa ser fato. Como acertou em grande parte Ricardo, o lucro mostra-se como um resíduo.

Mas por fim, para onde vai o "maldito" lucro? Se a acumulação de riqueza se der em dinheiro, liquidez, se dará em bancos, pois apenas os delirantes guardam seus valores no colchão, ainda que certos corruptos, como já assisti, guardem até em gavetas da pia do banheiro, e como já assistimos, antes disso os transportem nas peças de roupas íntimas.

Se esta acumulação for transformada em bens e serviços, irá para alguém, em direta transferência de riqueza e até em novo lucro, pois a acumulação de riqueza sempre transforma-se no consumo em novos bens e paga novos trabalhadores. Quando acumulada em bancos, a acumulação de riqueza vira crédito, seguindo a brilhante constatação de Keynes da identidade entre poupança e investimento.

Aqui surge a falácia clássica das Alices, pela argumentação linear simplória dos marxistas, de que o valor que eu temporariamente apreendo (e sempre tal é temporário) "sai de", origina-se em  alguém - o "explorado proletário" - e em outro previlegiado alguém - o "capitalista nefasto" - morre e se finda, vindo somente a ser gerada lá no explorado trabalhador, pela falácia basal do "valor trabalho", enquanto é obvio que na realidade a economia é uma teia extremamente complexa de circulação de valores.

No popular: Dinheiro é redondo, rola para um lado, rola para outro.

Lembrando: se a valoração de um bem ou serviço não advém somente da mão de obra, então o capital não se gera a partir de uma apropriação de trabalho.

Exemplo: um entalhador de madeira confecciona um objeto, que custa inicialmente apenas pelo seu próprio trabalho, mas independente de apropriar-se de qualquer custo "valor trabalho" de um trabalhador, acrescenta sobre tal objeto um valor necessitado ou pretendido, desde que seja pago em virtude dos desejos e aceitação do mercado.

Assim, o tosco banquinho de R$ 10,00, desconsiderando mesmo qualquer custo de sua madeira, pregos, cola, verniz, ferramentaria necessária, pode ganhar, por cuidadosos entalhes, um adicional de valor que o leve a valer para o mercado R$ 20,00.


Para Alices, bem algum, serviço algum, pode acrescentar valor ao seu custo, mesmo quando exercido ou produzido por trabalhador autônomo, e após seu valor ser apreendido pelo trabalhador ou empresário, este valor some do econômico.

Aqui, Alices desonestas intelectuais (quase um pleonasmo) afirmarão que o entalhe é trabalho e portanto, do trabalho advém o valor, e eu destruirei tal argumento dizendo rapidamente que o entalhe pode ser substituído por verniz aplicado pelo mesmo trabalho anterior (com um verniz inferior ou mal aplicado), sem entalhe algum, que eleve o valor do banquinho, pelo brilho obtido, para R$ 30,00 , mostrando de forma banal que mesmo para volumes de trabalho iguais, podem-se obter valores de mercado - o banal preço - diferentes.

Como já afirmamos, Alices são presas à visão vitoriana de um capitalismo selvagem onde criancinhas trabalhavam 14 horas por dia e dormiam no inverno sob as fornalhas dos fornos das fábricas, e por cima desta mitologia terrível, afirmam que se não for neste sistema, banquinho algum pode ter seu valor gerado elevado, ter valor agregado, mesmo quando mostramos num exemplo simples em que nem mesmo trabalhador explorado algum é necessário para a formação de valor e muito menos, nesta, a geração de lucro.


Dos pecados do passado, nas anomalias da economia, buscam e fixam-se as Alices, em sua pregação infantil sobre os males do capitalismo. (jessefrancis.com).



L=m/C

A falácia de uma equação sem nexo





Marxistas afirmam que o "lucro" (percebam as aspas) é igual a "'mais-valia' dividido pelo capital". Tomemos esta tonteira teórica por hora, e mesmo esta bobagem ficando atravessada na garganta, a suportemos e analisemos o conteúdo desta afirmação dentro da pregação marxista, e vejamos se suas conclusões possuem mínimo nexo.
Para não contrariarmos algumas definições que até já fizemos, chamaremos o L acima de "lucrabilidade marxista", que se expressaria como igual a mais-valia dividida pelo capital acumulado (dentro da visão marxista, mais que confusa, basta dizer-se 'capital').
A afirmação marxista é que C, sendo apropriação acumulativa de m, fará com que L tenda a zero, e obviamente, antes disso, o capitalismo colapsará.
A afirmaçao é falsa já pelas suas variáveis, pois m não é uma apropriação de um valor do trabalho, nem muito menos, diretamente, a origem exclusiva da lucrabilidade e inclusive, dela nem depende, como já vimos.

O lucro não é a explicação, causa ou fundamento das decisões e comportamento da empresa, mas o teste da sua validade. - Peter Drucker





Mas podemos fazer mais análises, destruindo esta argumentação marxista.

Se m é a apropriação do trabalho, forcemos o argumento, e tal se dá permanentemente enquanto existir a "exploração", a acumulação de C continuará permanentemente ocorrendo, e L apenas tenderá, igualmente permanentemente, a zero, e jamais colapsará o capitalismo, enquanto recursos que possam sustentar tal fluxo existirem, e  aqui podemos apenas citar a natureza, momentânea e primordialmente, e posteriormente, a reciclagem dos materiais, a reposição das reservas vegetais e animais, pois ao que parece, desde que o mundo é mundo, não esgotamos as vacas, nem tampouco os grãos de trigo, mesmo com nossa crescente população, em milhares de gerações.

O que acima se apresenta é que mesmo se a argumentação da exploração do valor trabalho dos marxistas está correta, esta não necessita se esgotar, pois como o trabalho é exercido, e percebe-se banalmente isto, sobre as vacas e o trigo, e estes se renovam, este pode ser explorado permanentemente, "eternamente", e apenas gerará mais e mais capital a se acumular, pelo menos aqui, a princípio, pois veremos que nisso já reside outra falsa premissa.

A premissa falsa está em que o lucro, na verdade, é o mesmo dentro da argumentação marxista, que a própria mais valia, e não a razão entre ela e o capital. Assim, e banalmente já vimos isto por outras simples vias, o L acima é apenas uma razão entre o C acumulado e m, e o verdadeiro lucro seria a apropriação de m em cada ciclo, fluxo, a mais valia, a se acumular em C.

Minha conclusão: Marx era desgraçadamente ruim em Álgebra.




Como dizemos e mostramos, lucro muitas vezes é apenas um saldo (resíduo). Aqui, curiosamente, os marxistas esquecem que os serviços sempre são necessários e os bem depreciam, degeneram, ou são consumidos por sua própria natureza, como os alimentos ou os produtos de higiene, ou qualquer bem consumível, como os medicamentos ou os reagentes de análises clínicas, dos quais a população não pode prescindir, ou mesmo trivial papel higiênico, como lembrado por algum estudante gaiato de primeiros semestres de Economia, ao tratar de "demandas elásticas e inelásticas", ou o clássico exemplo do sal de cozinha, dentre os mais recicláveis recursos da natureza.

Isto sem falar nos produtos culturais, quase esgotados em sua análise por Adorno, pois ao que também me parece, por exemplo banal, mais de 100 anos de cinema não esgotaram os filmes a produzir, e nem mesmo, os livros, milhares de anos de literatura.

Igualmente, fazem afirmação absurda ao dizer que o capital acumulado não seja mais uma vez reciclado em toda a cadeia produtiva, como se os palácios a serem construídos no maravilhoso e utópico mundo das Alices, além de durarem perfeitos pela eternidade, não precisassem de serviçais, e para sua construção, não fossem chamados trabalhadores nem tivessem de ser pagos os materiais de sua contrução. Além de todos os bens, pelo visto imóveis e de grande porte, serem imunes às tragédias naturais, como os terremotos, enchentes, etc.
Noutras palavras, como se "as partidas dobradas" das compras dos bens e dos pagamentos de serviços não significassem transferência do capital para outros atores do teatro econômico.


Para Alices, após construída, jamais qualquer obra necessitará manutenção, e se estancará a contínua circulação da riqueza.

Os marxistas tratam a equação com uma obscura divisão dentro do capital, em 'capital constante' e 'capital variável', como se um capital que seja gerado numa operação qualquer não seja variavel em cada ciclo de operação e um capital dito constante não se torne mesmo um prédio que não é fixo e imutável no tempo, nos negócios envolvidos numa empresa qualquer ou mesmo num estado. Igualmente, é sempre desconsiderado que uma tendência só pode ser estabelecida com a constância de variáveis, o que apresentei por diversas vias. Ref.: Marcelo Dias Carcanholo; Pretensões e Inconsistências da Crítica Neo-Ricardiana à Lei da Queda Tendencial da Taxa de Lucro - www.sep.org.br

Para um tratamento mais formal da chamada Lei da Queda Tendencial da Taxa de Lucro (LQTTL), recomendo:

Guilherme Statter; O teorema de Okishio - Alguns apontamentos avulsos - www.dotecome.com
José Murari Bovo; A Controvérsia Sobre a Lei de Tendência Decrescente da Taxa de Lucro; Perspectivas, São Paulo; 5: 89 - 96; 1982 - seer.fclar.unesp.br

Onde destaco:
Resumindo, a lei não se expressa de forma absoluta, na medida que junto às causas que a provocam surgem fatores que se contrapõe a sua queda. Desse modo, a lei geral se manifesta. geralmente, como uma simples tendência.

E para uma visão com críticas ao próprio teorema de Okishio em diversos pontos:

MALDONADO FILHO, Eduardo. Nova econ. [online]. 2009, vol.19, n.2 [cited  2010-12-23], pp. 361-369 . - www.scielo.br

Um ensaio sobre diversos temas dentro da Economia, em especial das afirmações marxistas em uma resenha do livro: Reclaiming Marxs Capital: a refutation of the myth of inconsistency de Andrew Kliman, e neste livro, em especial o teorema de Okishio, sobre o qual, destaco no texto de Eduardo Maldonado:

O que o teorema demonstra é que a adoção dessa nova tecnologia pelas demais empresas, se os salários reais permanecerem constantes, elevará a taxa geral de lucro de equilíbrio ou no máximo ela permanecerá constante.

Certa fabulosa família

Cunho a "fábula da família pintora de azulejos", para mostrar como o capitalismo, por mais concentrador que tenha sido, jamais inibiu o empreendedorismo.

Pode-se supor uma centenária família de escravos do Império Romano que produzia azulejos (ou o similar tecnológico da época, não sejamos preciosistas). Esta explorada ao limite família, aprendendo seu ofício, adquiriu técnicas preciosas. Com a queda do Império Romano, continuou aperfeiçoando seu ofício durante a Idade Média, e então, numa corporação de ofício, marchou para se tornar a magnífico casa de cerâmicas da Idade Moderna, a indústria poderosa com milhares de operários da Revolução Industrial, com a típica exploração até muito bem descrita por Marx.


Navegar é preciso, mas talvez azulejar seja desejado.

Mas o que Marx erra em sua análise é que ao primeiro derramar de sal do pobre almoço, junto com determinado pigmento, certo trabalhador descobre uma nova coloração exclusiva, e com tal conhecimento, desenvolve uma nova indústria com tal segredo, em escala artesanal, em cidade distante, e um novo ciclo de geração de riqueza pela adição de valor recomeça, independe da exploração de quem quer que seja, pois por maior que seja a exploração, é impossível deter o empreendedorismo do humano, pela sua própria ambição (quando não fomentada por outro capitalista terrível, sempre a espreita para avançar sobre novo mercado).

E retornando aos primeiros momentos desta fábula, o contexto externo muda, alterando as maiores variáveis, e rompe com o que poderia ser descrito como um cenário onde se dá o que as Alices definem como "exploração do proletariado", pois inclusive, os senhores se alteram e se alternam. Logo, aqui percebemos que elas também aplicam uma análise por demais linear do multifiligranado que são os processos históricos, mesmo que independentemente de que seus sonhos de economias planificadas não se sustentem.

Claro que Alices perguntarão porque raios este azulejo de diferente tom atrairá alguém. Com a resposta, uma autoridade no tema:

A economia de mercado tem sido denominada democracia dos consumidores, por determinar através de uma votação diária quais são suas preferências. - Ludwig von Mises


Nota: Para ilustrar com algo real e parecido, o sistema quase prisional dos mestres vidreiros de Veneza, da ilha de Murano, jamais conseguiu impedir realmente o desenvolvimento de outras indústrias de vidro e cristal, como a austríaca e a finlandesa. Coisa alguma prmovida pelo humano consegue deter o empreendedorismo, mesmo originado na espionagem industrial.



A ambiciosa classe trabalhadora

Mas retornando, ainda dentro das definições desconexas do até mesmo contábil do marxismo, a razão L não necessita diminuir permanentemente, pois a m, sendo correspondente ao "roubo do valor do trabalho", também pode aumentar, pelo aumento da população, o aumento do número de trabalhadores, e mais que tudo, pelo próprio aumento do mesmo "valor roubado".


É a própria classe trabalhadora, sobre os valores fluidos dos custos e preços, que faz com que a própria dita "mais-valia" aumente, e conjuntamente, aumente também os ganhos dos "capitalistas", que podem, inclusive, ser os próprios "explorados trabalhadores".

Explico: se o "valor roubado" é hoje de 1 em cada 5 que teria de ser pago, nada impede que amanhã passe a ser 2, pelo simples e banal fato que alguém aceite receber 3 pelo mesmo trabalho. Claro que aqui, marxistas vão alegar que a classe trabalhadora não poderá permanentemente receber menos.
O que respondemos banalmente dizendo: Claro que não! Pois a "luta da classe trabalhadora" a conduzirá a manter sempre o valor de seu trabalho aumentando ou se repondo, reconduzindo o "valor roubado" a permanecer em crescimento, até pelo aumento do preço que o trabalho recebe como remuneração. Aqui, apresentemos que então, 2 será "roubado" de 6, ou ainda, 3 de 7, e assim por diante, mantendo a mesma relação de 1 para 5, restando 4 para o pobre trabalhador se alimentar e outras mínimas coisas da humana sobrevivência.

Observação prevendo surtos de falácias de Alices: Evidentemente esta espiral de custos/preços crescentes não poderá se manter, daí a tendência ao equilíbrio, mesmo após uma redução que mostra-se permanente dos custos, até pelos ganhos de escala. Evidentemente que a escala também não poderá se manter crescente indefinidamente, assim como os custos não poderão tender obviamente a zero. Por isso, não tardará o equilíbrio entre o natural, o laboral e o capital. Mas este ponto, que abordamos "aos farelos", trataremos adiante, mostrando que o limite do equilíbrio, em especial nos custos e nos recursos, está exatamente no ecológico.

Óbvio que Alices esquecem que exatamente as nações mais antigas no capitalismo, desde o tempo que as suas tolices teóricas nasceram, são exatamente as que melhor remuneram seus trabalhadores, e onde estes tem mais sólidos direitos. Como digo, ironizando, "um pequeno detalhe".
Como sempre, as relações capital trabalho tenderão a se harmonizar, um produzindo o outro enquanto o outro permite a existência do primeiro. Pois também Alices esquecem que até mesmo a pá de um trabalhador, mesmo que trabalhe para si, é capital.

Nota:

Claro que esquecendo o "pequeno detalhe" que trabalhadores, ganhando mais, continuarão a jogar capital no sistema, consumindo bens (aquelas coisas que não são eternas, como maçãs, trigo e vacas, e até mesmo os mais sólidos fortes militares), pode-se contruir modelos matemáticos coerentes com as falsas premissas que limite esta circulação e apenas considere a acumulação monodirecionada. Nesta circulação, pouco interessa que técnicas novas façam a confecção de tapetes por crianças se tornar obsoleta e mais que isso, inviável. Pouco interessa que não se use mais telégrafos por fio para as comunicações. Pouco interessa que não se produza mais brinquedos de lata e agora, apenas de plásticos, em injetoras robotizadas operadas por apenas um técnico muito bem pago. Exatamente por estas obviedades, o desenvolvimento de novas técnicas não implica na redução do lucro nem muito menos na geração e circulação, e desta a distribuição de riqueza. Tais modelos incompletos estão fadados a serem apenas mais alguns modelos inadequados frente ao econômico real. Ver, por exemplo: Eleutério F. S. Prado; GERAÇÃO, ADOÇÃO E DIFUSÃO DE TÉCNICAS DE PRODUÇÃO − UM MODELO BASEADO EM MARX - http://www.econ.fea.usp.br/
Outros procuram associar este raciocínio sobre falsas premissas com o processo inflacionário, o que não é de forma alguma verdade, pois a valoração em uma moeda qualquer não relaciona-se diretamente com o valor "universal" que determinada sociedade atribui a uma moeda. Como exemplo simples, pode-se dizer que um trabalhador trabalhará por um saco de batatas por dia, e pouco interessa se em euros este saco valha hoje 1 e amanhã 2. O que interessa é que ele receberá em sacos de batatas, e poderá perfeitamente lutar para que receba a partir de determinada data 2 sacos de batatas por dia de trabalho. Ref.: Alain Lipietz; MOEDA CRÉDITO: UMA CONDIÇÃO QUE PERMITE A CRISE INFLACIONÁRIA; Ensaios FEE, Porto Alegre, 7(2j:51-68, 1986


Quanto mais se tem, mais se ganha


Outra falácia é que a medida que a escala econômica cresce os ganhos dos proprietários crescem na mesma proporção.





Demonstra-se isto como falacioso de maneira simples. O dono de uma padaria, por exemplo, de faturamento mensal que podemos considerar de 100 mil, dificilmente granhará mais de 10 mil de pró-labore, e acredito, que mesmo um tanto mal administrada, não ganharia menos de 1000, o que dá de 1 a 10% de pró-labore.

Já o proprietário de uma metalúrgica, novamente apenas como exemplo, com faturamento mensal de 10 milhões, dificilmente terá ganhos mensais superiores a 100 mil, que corresponde a 1%, e mesmo com ganhos de 500 mil, duvido que entrevistando 100 donos de empresas deste porte, dificilmente acharemos alguém que corrobore este dado, e ainda sim, não chegará aos 5% de ganhos sobre o valor do faturamento.

Nota importante: com todas as rúbricas, especialmente as tributárias e para a felicidade de Alices relutantes, previdenciárias e trabalhistas, plenamente creditadas. Noutros termos, mais simples, "pagando todas as contas".

No caso de uma empresa de grandíssimo porte, com faturamento de bilhões, dificilmente encontraremos proprietário com ganhos de mais de 1 % do faturado, até pelo fator do "dilema da empresa de uma libra", que daria, para 1 bilhão, algo como 10 milhões. Os maiores executivos das maiores empresas tem ganhos de no máximo 100 milhões, e intimamente ligados à competência no exercício de suas funções, sendo, portanto, por estrita definição, "proletários".

Os maiores acionistas já seriam premiados com lucros, que passariam pelo crivo da boa administração e contabilmente, para grandes corporações, são merecedores de valores anuis, de digamos, 30%, mesmo nestes altos valores, resultam na colocação de capital em investimento, como visto, igualmente no "dilema da empresa de uma libra".
Como exemplo ilustrativo, as maiores empresas do mundo possuem alta pulverização de sócios, como a Exxon, com a original família controladora, os Rockefeller, controlando algo próximo de 2% do capital (não isto em lucros, obviamente).

Para este ponto, o básico do básico: Teoria da Firma, ou mais especificamente Diminishing returns.

Para ir-se muito mais fundo nestas questões:

Luciano Dias de Carvalho; José Luís Oreiro; A dinâmica da taxa de lucro, da taxa de juros e do grau de utilização da capacidade produtiva em um modelo pós-keynesiano; Estud. Econ. vol.37 no.4 São Paulo Oct./Dec. 2007; doi: 10.1590/S0101-41612007000400008 



O lucro como roubo


O que Alices devem supor que faz aquele que acumula capital.


A falácia também está em que o lucro só se estabelece no longo prazo, pois nunca sabemos quando as reservas serão necessárias e consequentemente gastas e somente pode ser imposto ao mercado sob monopólios e oligopólios, e este, pela própria pressão da população, do estado que a representa, e com a ausência do próprio mercado pretensamente concorrente (aqueles que não entenderam este último ponto, experimentem vender qualquer coisa ao dobro do preço da concorrência).

Preço, após estabelecido, é o valor pretendido com o qual vai se enfrentar um mercado.

Sempre alguma empresa quer expandir seus ramos de atividade, e os valores colocados a maior como preço ao mercado podem gerar lucros tentadores a quem coloque-se como novo jogador em tal mercado, com um pequeno diferencial a menor em custos - Kirzner e von Mises tratam disto brilhantemente.

Economia do Indivíduo: O Legado da Escola Austríaca

Por uma via mais simples, novamente, ao final de todo processo, lucro não se impõe, lucro resulta, a não ser nos anômalos casos de monopólios e oligopólios, e estes, paradoxalmente são muitas vezes, mantidos pelo marxista conceito de um estado economicamente ativo no mercado, ou estatizante, evitemos redundâncias, e não controlador das iniciativas liberais, assim como punidor dos desequilíbrios quando no tratamento da massa de trabalhadores/consumidores - aqui, sempre existe uma identidade, um tanto oculta na argumentação das Alices.

Aqui, vale citar a ironia:

A diferença entre as empresas privadas e estatais é que o estado só controla as primeiras.

Como o estado, ainda mais o brasileiro, mostra-se sempre necessitado de dinheiro, vale citar também:
Em tua vida, não tentes dar conselho a quem precisa de dinheiro. - Pedro Calderón de la Barca (1600-1681)



Extras


1)

Juro que quanto mais leio sobre o "trem bala", mas me irrito, e começo a levantar pesadas suspeitas de que tudo não passe de um enorme truque, uma cortina de fumaça, visando esconder um conjunto de gordas comissões, tal a insanidade de algumas questões.

Chego a esta conclusão que o objetivo seja uma atividade de pura corrupção dada a falta de nexo de diversos pontos, e acredito que os valores serão "capturados",  seja pelos meios e nos valores que forem, com o foco nos custos de onde se "possa tirar algum" no próprio planejar, no "debater" (os inúmeros encontros e reuniões), e até nas sondagens, avaliações, medições e estudos envolvendo o delírio... perdão, projeto. Temos de dar graças se não aparecer uma maquete de milhões e milhões, como no caso de nosso lendário submarino nuclear.
Assim, sou obrigado a retirar acréscimos que fiz ao artigo original sobre o tema e passá-los para cá, para manter a leitura sobre isso minimamente coerente (coisa que o dito projeto não é).


a)

Relatório da área técnica do Tribunal de Contas da União aponta como impossível estabelecer-se quanto custará o projeto entre São Paulo e Rio, devido a estudos geológicos para a obra apresentarem-se insuficientes, com a realização de apenas 4,4% da quantidade mínima de sondagens necessárias às estimativas para o custo da obra.


b)

A construção de linhas de transmissão de energia elétrica não foi prevista no estudo para a aprovação da viabilidade do trem-bala, propiciando com isto um corte no custo de pelo menos R$ 1 bilhão, em um total de R$ 33,1 bilhões. Tal questão foi apontada por um dos grupos interessados no projeto durante os recentes pedidos de esclarecimento ao edital.

Soma-se à falta de linhas de transmissão de energia  a questão apontada por estudo de Marcos Mendes, consultor legislativo do Senado, mostrando que foi excluída a reserva de contingência do projeto, que em projetos de grande porte, podem representar até 30% do valor do projeto.[NOTA 1]

Dimmi Amora; Edital omite custo de energia do trem-bala; Folha de São Paulo

Tais fatos me levaram a acrescentar outro aforismo no Twitter:
  • A velocidade teórica do pretendido trem bala só é superada pela sua produção de micos.

c)

Mas não contente com tais tropeços, leio que o teto do valor do projeto - que ganhou o brasileiro nome de TAV - é colocado em R$ 33 bilhões, e nisto, se confunde com o preço estimado da passagem, colocado em R$ 0,49 por quilômetro (US$ 0,27/km), maior que a do Japão, com sua gorda renda per capita, em US$ 0,25/km.

Quem raios pagará por tais passagens?

Primeiro: o valor de um projeto pouco interessa no custo de seu serviço ou operação, e sim, relaciona-se até com o tempo em que dará retorno, e disto, sua viabilidade. Exemplifico com caso simplíssimo que discuti estes dias: um hotel tem de colocar sua diária em R$ 120, e pouco interessa se seu prédio implica em obras de fundações muito mais custosas que sua concorrência. O que mudará é que onde um concorrente terá seu retorno em 5 anos, digamos, outro, de prédio mais caro, o terá em somente 10 anos. A questão por trás disto será posição de mercado e fôlego para sustentar tal peso ao longo dos anos.

d)

Já vi citações de que somento o custo do projeto e suas tomadas de variáveis (sondagens, por exemplo) pode chegar a 1 bilhão de reais (como comparativo, li citações de que o projeto todo nos EUA beira os 58 bilhões de dólares, com custo de projeto de US$ 8 bilhões).

Destaquemos: dinheiro destes volumes sem nem se acentar um único dormente da obra final!

Vale a pena ler, com argumentações similares as minhas:



e)

Quando eu já acho que as coisas não podem piorar, escrevendo este artigo, sou pego por:

; Procuradora vê falhas no processo de seleção da concessionária que vai administrar a linha.

Tudo de pior está aí expresso, orçamento que cresce de 17 para 34 bilhões (se agora está com erros "a menor", que se diria na metade do valor) e destaco:

Faltam detalhes sobre as técnicas empregadas, a área atingida e a necessidade de realização de terraplanagem.

É de se perguntar, como já disse, o que raios estas pessoas tem na cabeça?

Quando estou escrevendo este "extra", sou pego pelas notícias de que o consórcio coreano já apresentou baixas de construtores nacionais:

Renée Pereira; Brasileiras podem deixar consórcio coreano do trem-bala; 25/11/2010

Vou dormir, e acordo com notas na rádio de que consórcios de outros países já abandonam também.

Bem analisados os cursos, muitas vezes a melhor maneira de realizar um negócio é não fazê-lo. - Eu mesmo, quando comecei a estudar estruturas de custos.

Um resumo recente da "tragédia": Os furos do trem-bala

Como fazemos por ironia em debates pela internet, repitamos:

É de se perguntar, como já disse, o que raios estas pessoas tem na cabeça? (2)

E é óbvio que o mundo sendo cruel como é, em especial no nosso país, ao terminar de escrever as linhas acima  leilão do bendito projeto foi adiado para abril de 2011:

Governo adia leilão do TAV para 'ampliar oportunidades'


Travestindo "completo caos, erros de todo tipo e inviabilidade" com "ampliar as oportunidades, ter um processo competitivo e ter uma participação mais forte do mercado e das opções tecnológicas". Coisa que a Economia, as Finanças e até o simples comércio ensina: as oportunidades só existem na viabilidade, e ninguém corre riscos com a certeza do prejuízo.
Conto já os dias para novas revelações maravilhosas do que esta gente tem na cabeça.

2)

Repetimos os erros que cometemos com a Bolívia no Equador?

Kelly Lima; Petrobrás deixa Equador e cobra indenização

Percebam o site que usei como referência e pensem no meu quase sádico prazer em ver erros se repetirem por pura idealização infantil de uma confiabilidade que não existe.


A história acontece como tragédia e se repete como farsa. - Karl Marx, em "18 Brumário de Louis Bonaparte".

3)

Jamil Chade; Brasil é o país com maior crescimento das importações desde o início do ano

De dezembro de 2009 a setembro de 2010 as importações cresceram 48%. Comparando setembro de 2010 com setembro de 2009, o crescimento já marca 43%.

Pouco adianta as exportações estarem subindo de dezembro de 2009 a setembro de 2010 de US$ 14,04 para 18,8 bilhões e apenas em outubro de 2010 já atingirem 18,3 bilhões, ainda sim, tal taxa de crescimento é menor que as importações e não exportamos valor agregado, e sim, matérias primas.[NOTA 2]

Logo, estamos nos desindustrializando.

Os EUA, o maior importador do mundo, teve crescimento de 14 % no período de dezembro de 2009 a setembro de 2010. Como sempre atormento meus amigos: pouco interessa para os estadunidenses se compram containers e mais containers de camisetas, tênis, sapatos, cuecas, etc. Basta venderem um jato 737, e a balança se equilibra. Basta colocarem capital na China, em empresas que vão vender as mesmas cuecas para, entre muitos, o Brasil. O mesmo se diga da Alemanha e suas máquinas de furar túneis. Até porque, triste sina, não haverá administrador que faça um operário americano colar sapatos o dia inteiro, nem uma alemã sentar em frente a uma máquina de costura.

Este é o dilema de páises pobres quando se desindustrializam: não possui escape direto para suas massas de operários. Os ricos, na verdade, solucionam um problema que já possuem.

O Brasil já é o país com maior superávit para os EUA, com a Europa a situação é similar, e o superavit histórico que apresentava desde 1999, zerou-se.

Lembrando discursos passados, o momento agora é lamentarmos, então, pedirmos liberdades em nosso comércio com os EUA (e Europa, óbvio), pois ao que parece, quem está ganhando com isso são eles.

Mas a armadilha também é tributária, e lembra a questão interna que já apresentei sobre a cristalização de nossos preços de combustíveis (ver O ônus da concentração tributária sobre o petróleo). Apenas a arrecadação com a importação de automóveis já subiu 190% nos dez primeiros meses do ano, logo, a queda da arrecadação da indústria naciuonal correspondente (e inúmeras outras) já reflete a desindustrialização.


4)

Verificando certas questões sobre o colapso do Banco Panamericano, primeiramente, o claro e indiscutível, é que aplicou-se um dos mais baratos truques de capitalização que existem, que é o inchaço de ativos, até pela sua manutenção como ainda existentes mesmo após uma venda, e tem-se de destacar, de seu valor obtido ter virado fumaça no caixa.

Sim, pois se vendi uma carteira de 1 bilhão, por exemplo, é de parecer óbvio que estou com 1 bilhão em caixa, ou partida dobrada similar.

Mas claro que não trata-se disto. Por exemplo trivial e "doméstico", vendi um apartamento, "cobri meus buracos", e vou ao banco com aquele bem ainda em minhas posses, e entro com um pedido de empréstimo com "a miragem de lastro".

Truque velho, fácil de se pegar.

Mas tenho suspeitas que pode haver bancos médios com outro tipo de truque mais elaborado.

Pego 1 milhão, coloco numa carteira com juros a serem lançados sobre as faturas de cartões que a farão chegar rapidamente a 2 milhões (para nosso juros que na Itália seriam automaticamente considerados agiotagem, nada mais banal de ser obtido).

Claro que contabilmente, esta carteira representa como ativos mais próximos da realidade, por meio de um coretor de digamos 60%, um valor de 1,2 milhões recuperáveis. Mas berro ao mundo que vale 2 milhões, lindos e floridos, plenamente recuperáveis, e insisto que se consegui dobrar tal valor, com capitalização de digamos mais uns 2 milhões, "obviamente", 4 obterei. E de 4 chegaremos ao 8, e do 8, 16...

O ganho está que se tomo 1 milhão, e enterro 900 mil numa carteira colapsante, reservo limpíssimos e divertidos 100 mil.

Nada mais que um sofisticado e bem maquilado esquema Carlo Ponzi (na Wiki en). Como todo golpe, estoura.

Sinto um cheiro de “carteiras problemáticas”. Mas pode ser apenas excessiva cautela.

Deixo aqui bem claro que apenas tenho temor de tal coisa, e alguns sinais podem mostrar que algo do tipo há na praça, e trato a coisa como boato, mas sabemos que certos dias chegam...

Mas o que não é boato, e tenderá ao caminho de sempre - em que certo dia chega... , é que o crescimento da máquina pública já aponta para mais 1300 cargos comissionados.



5)

Eu sinceramente, espero que seja uma mentira, pois verei-me obrigado a escrever enorme artigo sobre "custos acessórios que aceleram a marcha para a inoperacionalidade", mais tecnicamente, ou, no popular: "quando se está no aperto, não cava-se mais buracos!":



A História está repleta de déspotas irresponsáveis, até loucos, de insanas despesas. Castelo de Neuschwanstein, um dos diversas delírios de Ludwig II, da Bavária.

Números interessantes

  • O socorro à Irlanda é de 90 bilhões de euros. A exigência de cortes nos gastos será de 10% do PIB (15 bilhões de euros). Para salvar bancos a Irlanda usou 30% de seu PIB nos últimos 2 anos. Imaginemos o que será necessário tanto de valores quanto de sacrifícios em cortes nos gastos dos governos se vierem, como está sendo previsto, Portugal, Espanha, Itália e até mesmo a França pela frente. Como disse um conhecido, em papo informal, "o welfare state está falido".
  • Guido Mantega e a necessidade de R$ 60 bilhões para o BNDES: se tem de capitalizar-se, porque emprestou, e se emprestou, como vai ser capitalizado por meio de um estado que só pode produzir dívidas a um valor de juros maior que para o valor que pretende emprestar? Um típico cado de "Dilema de Tostines".
Tostines é mais vendido porque é fresquinho, ou é mais fresquinho porque é o mais vendido?
  • Meta de juros reais de 2% em substituição aos 5,5% atuais só será possível com o estado fazendo sua parte no controle da inflação, reduzindo seus gastos.
  • Nos EUA, o setor industrial já representa 17% do PIB e o de serviços 80%, por conta de uma política das grandes corporações de "exportar" o trabalho fabril e concentrar o controle e a pesquisa e desenvolvimento. Com este processo, beneficiam-se Honduras, Guatemala, Turquia, Tailândia, China, Indonésia, Polônia, Hungria, Vietnã, Índia, Brasil, etc.
  • O Brasil nos últimos 4 anos, importou US$ 124 bilhões em bens de capital, mas concentrado apenas em determinados setores, como cimento e celulose e derivados, Este valor é o dobro dos US$ 57 bilhões do período entre 2003 e 2006. A índústria de máquinas e equipamentos já reclama. Máquinas chinesas partiram de 2,1% do total para 12,3%,  com custo de 10 a 15% do valor brasileiro. Já há 44% de importados neste setor.
  • Mas já os exportadores internacionais de máquinas e equipamentos reclamam pois o Brasil mais e mais importa produtos acabados.
  • Estima-se que o país desperdiçou entre janeiro de 2004 e agosto de 2010 aproximadamente 15 bilhões de metros cúbicos de gás, equivalentes a R$ 7,4 bilhões, 11% do gás natural produzido. Como digo, sou um homem de números simples, e este desperdício já implica na base num custo adicional de pelos menos 12%.
  •  A China apresenta capacidade de produzir até 30 mil MWatts de energia solar até 2020.
  • Metas de inflação e de juros são incompatíveis em mercado já prevendo subida para 12% (já a 12,25%) no final de 2011 dos 10,75% de juros atuais.
  • Neste panorama, inflação ficaria em 5,17% em 2010 e 6,85% em 2011.
  • Celso Amorim afirma que os US$ 600 bilhões injetados pelos EUA vão contra os próprios EUA terem com o Brasil seu maior superávit. Isto pouco interessam pois os EUA não pautam sua economia pelas relações com o Brasil (que em termos mundiais não é nem 2% do comércio) e sim com o mundo todo, além do pequeno detalhe (percebam a ironia) de não se poder impedir os EUA de emitir sua moeda de forma alguma.
  • Portugal possui desemprego record de 10,8%
  • Já apresentamos déficit de balança comercial de US$ 663 milhões com compras de combustíveis e lubrificantes, equipam,entos mecânicos  e veículos.
  • Carne e cana-de-açúcar sobem, respectivamente, 13,7% e 1,65% pela demanda, Para o primeiro, inflação de demanda. Renda mais alta sempre implica em pratos melhores e mais cheios. Do o segundo, pressão no setor de combustíveis e em toda a cadeia do açúcar.
  • O TAV chegou a apresentar consórcio com 20 empresas, sendo 10 brasileiras e 10 estrangeiras.
  • Governo Lula não alcanço participação pretendida na indústria no PIB de 21%, chegando somente a 19%. As micro e pequenas caíram de participação nas exportações em 4% em 2009.
  • A elevação do gasto privado com pesquisa e desenvolvimento era de 0,65% e ficou em 0,5% do PIB.
  • As exportações brasileiras chegaram a 1,35%, acima dos 1,25% do comércio mundial, mas em produtos primários, como a soja e o minério de ferro. Já há notícias de o Japão está comprando minério de ferro brasileiro, pelo baixo custo e previsão de preços futuros, e o armazenando no mar.
  • Os investimentos em Pesquisa & Desenvolvimento de vários países:


Pode-se observar que os EUA ainda lideram com larga margem o volume de investimentos em P&D, e a China ainda encontra-se atrás do Japão.
  • A balança de pagamentos em outubro mostrou superávit de US$ 8,8 bilhões, contra 11,6 bilhões de setembro, com -20,2% na conta financeira. Ou seja, estamos comprando mais e tendo o volume de investimentos estrangeiros reduzido.
  • O Brasil gastou em 2010 US$ 160,1 bilhões em importações até a 3a semana de novembro, 43,9% mais do que no mesmo período de 2009. O valor exportado, US$ 175,4 bilhões, foi 30,8% maior uqe no mesmo período de 2009.
  • Mais de metade de nossas indústrias (55%) já importa; 34% entre as grandes companhias já importa máquinas e equipamentos; 66% das companhias importa matérias-primas; 23% já importa produtos acabados; 20% máquinas e equipamentos.
  • A importação de máquinas e equipamentos já se perturba com a situação do câmbio, pois a importação já responde por 65% do consumo brasileiro, se somado as máquinas e insumos.
  • Crédito já assinalou aumento de 20,3% nos 12 meses anteriores a novembro de 2010, já alcançlando 47,2% do PIB e deve terminar o ano a 50%.
  • O endividamento do brasileiro já é de 23,8%, maior que os 17% dos estadunidenses. O problema é ainda maior quando se observa a enorme diferença entre nossas rendas (US$ 47,7 mil contra 10,5 mil).
  • As famílias brasileiras pagaram juros de 40,4% ao anos, com prazos médios de 538 dias.
  • Mesmo com a proporção de pobres e extremamente pobres caindo de 54% para 33% e de 28% para 14, ainda 75% da população do Norte e Nordeste vive na pobreza e 50% da população rural ainda se define em situação de insegurança alimentar. (Estudos dos autores Antônio Márcio Buainain, Cláudio Dedecca, Alexandre Gori, Steven Helfand).
  • Estima-se que propriedades menores que 10 hectares tem valor de R$ 35 mil, com rendimento de R$ 108 por mês, e em Alagoas, R$ 15 e 7,5 mil, com rendimentos de R$ 16, e R$ 10, respectivamente. Ateñção, escrevemos dezesseis reais e dez reais, realmente.
  • O IGPM acumula em 10,56% ao ano. O IPCA é previsto em 5,8%.
  • A meta de 3,3% do superavit converge para 3,1%. Sem o caixa da Petrobrás, na sua capitalização, o superávit do governo foi de apenas R$ 7,71 bilhões em outubro de 2010, 31% abaixo de outubro de 2009. Mesmo com manobras como excluir a Eletrobrás, o governo não alcança sua meta de superávit, de 3,1% do PIB, alcançando 2,85%. Tal expansão dos gastos levará, inexoravelmente, a juros mais altos.Bancos já operam com análises próprias deste valor.
  • A previdência registrou saldo negativo de R$ 117,3 milhões.
  • Governo pretende reduzir para 40% a relação da dívida mobiliária federal e o PIB, que em outubro era de 44,6% num momento que reconhece que as taxas de juros estão aumentando.
  • O resultado primário do governo caiu de R$ 26 bilhões em setembro para R$ 7,7 bilhões em outubro.
  • O ganho líquido de R$ 31,9 bilhões em setembro foi proporcionado pela capitalização da Petrobrás que permitiu converter um déficit de R$ 5,9 bilhões em superávit de R$ 26 bilhões.
  • Em 2010 a folha de funcionários do governo federal subiu até outubro 9,4% amis que um ano antes.
  • De janeiro a outubro de 2009 o gasto com pessoal foi 18,4% maior que o igual período de 2008.
  • Embora a venda de carros já atinja 320 mil unidade mensais, a participação dos importados já chega a 20% deste valor.
O maior ladrão que este mundo jamais produziu é a procrastinação, e ainda vencendo com folga.
Henry Wheeler Shaw


Notas

[NOTA 1] Aqui, caímos no conceito de custos acidentais, que incluem os imprevistos mas com os quais tem de se contar até pela ironia da Lei de Murphy:

Se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará.

Assim como no tempo, pela também ironia da Lei de Hofstadter:

É sempre necessário mais tempo que o previsto, mesmo quando se leva em conta a lei de Hofstadter.

Exemplificando com caso de engenharia, e pelo qual estão passando os suiços, ao cavar-se um túnel por sólido granito, pode-se encontrar uma imprevista região de fratura, ou formação de rocha mais frágil, ou infiltração de água, que eleva o custo daquele trecho de túnel em alguns bilhões, ou mesmo, o atraso puro e simples da obra, e como tempo sempre é dinheiro - logo custos...

Retornando a estas irônicas leis, pode se acrescentar a extensão da Lei de Murphy

Se uma série de acontecimentos corre mal, fá-lo-á na pior sequência possível.

Especialidades como a Lei de Johnson

Quando um aparelho mecânico falha, falha no momento mais inconveniente possível. 

Ou a lei da Gravidade Selectiva

Um objecto cairá sempre de forma a provocar o maior dano possível.

Ou ainda o muito mais complexo princípio Estendido de Epstein-Heisenberg

1.Se se sabe qual é a tarefa e se há um limite de tempo permitido para a completar, então não há maneira de saber quanto custará.

Finalizando, a mais típica na voz de nossos politicos:

A lei de Weiler

Nada é impossível para o homem que não tem de ser ele próprio a fazer as coisas.

Para ler uma coletânea destas ironias perversas:

As leis de Murphy

[NOTA 2]

Explico com um exemplo "micro": se tenho uma empresa - comercial, para simplificar a questão - que está tendo prejuízo, digamos de 10 mil reais por mês, em 100 mil reais de faturamento, pouco interessa se aumento meu volume de vendas em 30%, ou por valor, para 130 mil reais. Se tiver um aumento de despesas, ou mais especificamente, de compras com menor margem, poderei inclusive elevar meus prejuízos para 12 mil reais por mês.

Para a coisa clara, e em frios números, demonstro, e note-se que nem necessitei variar significativamente os custos fixos - e portanto não prejudicar a "mais-valia", nem o "pão de cada Alice falaciosa". Basta o clássico e imprudente "rasgar preço":

Q.E.D.


Como Alices confundem termos e conceitos, misturam variáveis por sua pregação, dou-me ao luxo de fazer o mesmo:

rockrigoli.blogspot.com

A situação se corrompe quando se corrompem os termos. - Karl Marx

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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Falácias de Alices (II)

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Quanto vale a "mais-valia"


Sinceramente, não vejo a mínima necessidade de analisar profundamente o erro, o conjunto de premissas falsas que é a "mais-valia" dos marxistas com a profundidade (até porque nem seria apto a tal) que já fizeram economistas, desde Boehm-Bawerk , passando por tantos outros, sem falar do enorme estrago que fizeram na pregação (pois apenas isto é) por uma economia planificada por parte de  Ludwig von Mises e Friedrich von Hayek.

Parafraseando Marx, tudo que os marxistas dogmatizaram como sólido já se desmanchou no ar há décadas. O que restou, além da pregação e do wishful thinking, pode ser chamado por mim com um neologismo: falíceas, falácias de Alices, que normalmente, levam à falência nações inteiras.

Prefiro concentrar-me em determinados pontos, e com argumentos simples, muito mais focados em simples custos e no nosso trivial dia-a-dia, de atividades econômicas que se manifestam no nosso corriqueiro viver. Com isto, mostrar o quanto é mentira afirmar-se que "lucro seja roubo" ou, e pior, "o lucro advém da exploração que é a mais-valia", que o lucro só advenha do exatamente não-pago ao trabalhador, em relação ao valor unicamente definido pelo trabalho exercido sobre um bem.


A pirâmide do sistema capitalista, uma das muitas imagens da pregação marxista.

O cuidadoso plantador de tomates


Imaginemos um solitário plantador de tomates, em meio mesmo a um "mundo de Alices", de igualitária distribuição de terra entre os indivíduos. [Nota 1] Tendo sua terra de área igual a de qualquer outro, não poderia ser taxado de ter vantagens, inclusive, pois sabemos, e a própria história da agricultura e como sempre ela se distribuiu pelo mundo ensinou isto de maneira maravilhosa: a área, em si, não implica no sucesso ou no fracasso, nem mesmo na eficiência da produtividade agrícola. Noutros termos, pode-se ter uma área minúscula, e mesmo assim, produzir com excelência.

Como não tem empregados, trabalhadores agrícolas, não pode, pela definição marxista, explorar o trabalho de qualquer indivíduo, a não ser o seu próprio. Digamos que tenha, também, vizinhos, que igualmente, tomates plantem. Só que os seus são mais vermelhos, mais bem cuidados, com menos machucados, resultado de plantas com menos pragas, pois ele trabalha, nem necessita ser mais, mas melhor que seus vizinhos.

Logo, seus tomates podem ser apresentados ao mundo e atrairem mais compradores, e se desejar, exatamente pela sua sempre limitada produção, os apresentar como sendo mais caros que os de seus concorrentes. [Nota 2]

Logo, além de uma remuneração pelo trabalho igual a de seus vizinhos - pois lembremos que estamos num "mundo de Alices" e o 'preço-do-trabalho-com-tomates' é igual para todos - pode acrescentar um valor, pois os tomates, como claramente aqui vemos, não são de igual valoração.

Este adicional de valor recebido, será oferecido, e inclusive, disputar-se-ão os tomates, e aqui nasce a "mágica" da liberdade da atribuição dos valores por quem compra, pois é um ato de vontade próprio e intransferível, e mesmo no além das objetividades, nas completas subjetividades (qual o valor do tomate se mais vermelho apenas?), definido pela vontade e pelo desejo.

Então, ele, produz, pelo menos primariamente, veremos adiante, lucro, e ao que parece, não explorou ninguém.

Poderíamos acrescentar mais "entrelinhas", e tratar mais pontos neste exemplo, mas apresentemos outros exemplos, com algumas pequenas variações.

A propaganda, quando se presta a determinadas ideologias, nada mais quer ouvir de resposta que um estúpido eco.


O criativo pipoqueiro


Novamente, peguemos um isolado trabalhador, que produz pipocas estouradas, e as vende em sacos. [Nota 3] Ele não necessita plantar as pipocas, pois as pode comprar. A estes grãos, necessariamente, acrescenta óleo, sal, gás, etc. Notemos que nada difere de qualquer pipoqueiro. Mas por um lampejo de criatividade, decide subdividir seu "carrinho" em compartimentos estanques, além do clássico "salgada e doce", e acrescentar pimenta, ervas finas, páprica, "vinagre" (lembrando exótico gosto de minha ex-esposa), alho, etc.

Este adicional, que em custos mesmo da "exploração de outros trabalhadores", dando alguma linha para enforcar os marxistas, pode representar uns 5% no custo final do saquinho. Notemos, que finalmente, alguém elevou as vendas dos "pobres produtores até do mundo de Alices", de pimenta, ervas finas e outros condimentos, que até então estavam, parcialmente pelo menos, às moscas.[Nota 4]

Neste momento, encerra-se a "exploração", e novamente, inicia o "poder cobrar mais", e tal não necessita ser ligado, mais uma vez, vide similaridade com exemplo anterior, da exploração de qualquer trabalhador. Mas se tal diferencial de valor não for efetuado, e tem de o ser, pois até organizar as "malditas pipocas temperadas" (marxistas odeiam exotismos atrativos em produtos, vide as desgraças de seus produtos industriais, historicamente sem o mínimo atrativo), os mesmos trabalhadores que de maneira justa recebem pelos seus condimentos não o receberão.

Logo, aqui, podemos extrair uma máxima simples: o exotismo e até o luxo de produtos atrativos faz circular e gera riqueza. E como corolário, a simples produção de bens pela sua necessidade estrita conduz à estagnação econômica. Em caso de dúvidas, vide a França, com seus supérfluos perfumes e moda, cristais e objetos de decoração, nadando em miséria, e a opulenta e plena de fartura Cuba.


A demonização do "capitalista".


As idosas mas caprichosas vendedoras de flores



Existe produto mais inútil? Certamente poucos. Mas pergunte a uma mulher se não as deseja.


Toda área de bares, pelo Brasil a fora e até pelo mundo, tem aquelas simpáticas e as vezes até inconvenientes idosas, digamos no popular - velhinhas, vendedoras de flores, de mesa em mesa tentando socar suas rosas entre casais de namorados, quando não atrapalham um papo "em off" de colegas de trabalho de sexos opostos (ainda, que cá entre nós, não há oposição alguma aqui, mesmo neste caso, há concordância!) tratando do "pepino" que tem de ser resolvido, normalmente, até de uma Alice improdutiva que está "jogando bolas nas costas" no seu trabalho.

Independente desta senhora ter sua família que plante rosas, compre rosas, ou seja lá que forma for, disponha de rosas para comercializar - os casos anteriores já liquidam a questão de origem primária ou secundária - ela oferece o menos necessário dos produtos, que é simplesmente, uma simbolização de afeto, um "meme" de algo que representa, digamos, romance ou ternura. Inútil, sem serventia a não ser em exotíssimas e pouco nutritivas saladas. Uma flor que inclusive tem a planta espinhenta.

Pois bem. Definido que rosa é quase um lixo, perguntaria quem de vocês não pagaria até uns absurdos cem reais, sendo solteiro ou adúltero, não sejamos hipócritas, caso estivesse sentado conversando com a mais bela atriz de cinema ou televisão, modelo famosa, ou belíssima atriz de teatro do antigo bloco soviético? (Um exemplo para agradar alguma Alice que diga que só citei exemplos capitalistas, ligados ao consumo decadente da cultura ocidental.)

Claro que sim! E o equivalente em aceitar a capitalista rosa, mesmo da mais heterossexual e de típico comportamento feminino Alice do sexo dito frágil, pois é da natureza humana.

O mágico que ocorre aqui, é que por este ato inútil, fútil, romântico, piegas, até ridículo, é que a sua renda foi dividida com a velhinha, circulou. E esta senhora pode ser muito caprichosa em seus pequenos arranjos, e realmente embalar atrativas flores, dentro do universo de qualidade do inútil produto que estamos tratando, e merecer isto.

Assim, de uma inutilidade, no mais baixo patamar do que podemos definir como algo que seja necessário, pode nascer uma distribuição/circulação de renda, e a satisfação de todos os envolvidos (inclusive de você com sua companhia, seja dando a flor, seja a recebendo).

Mas notemos, que neste processo todo, a velhinha não foi explorada, pela similaridade com os exemplos anteriores, ninguém explorou, e mais que tudo, gerou lucro, pois numa determinada cadeia, que é a de produção de flores, que ainda acho que murcham e perecem, um novo ciclo de produzir flores tem de iniciar, e mais uma vez, mesmo pela absurda argumentação da mais-valia marxista, pela exploração do trabalho, alguém terá inclusive o que comer (incluindo, óbvio, a simpática, mesmo que seguidamente inconveniente, velhinha).


Mais algumas observações


Se a história pode ensinar-nos algo, é que a propriedade privada é ligada inextricavelmente com civilização.
Ludwig von Mises
1)

Encerrado estes simples exemplos, claro que aqui as Alices berrarão que nem todos podem ser pipoqueiros, plantadores de tomates e vendedores de flores, e tem de haver quem trabalhe em fábricas, imensas produções rurais, minas, escritórios, etc, para cruéis e desumanos patrões (Alices são melodramáticas, lembremo-nos).

Nada mais simples: trabalhe com a excelência do plantador de tomate acima, com a criatividade do pipoqueiro, ou com o carinho da vendedora de flores, e assim, cobre por isso, elevando seu lucro, pois obviamente, isso também causa o lucro de seu cruel patrão.

E quando este tão mau senhor lhe negar o justo, saia de suas oficinas, abandone seu capacete, largue sua picareta e rume para a dele concorrência, onde outro cruel senhor, que certamente quer que o seu patrão anterior vá à ruína ou vire seu trabalhador, e venda toda sua excelência, toda a sua criatividade, todo o seu carinho com seu trabalho, para ele, agora a preço justo, e com mais lucros para ambos.

Em suma, busque, mesmo dentro do que seja a absurda "mais-valia" dos marxistas, que a "mais-valia" que lhe roubam seja maior, mas em um "valor trabalho", igualmente maior, e com isso, mesmo em meio ao errôneo raciocínio marxista, lucre mais. Nada mais capitalista que isso, mesmo em meio ao mais pretendente à uma economia planificada dos mundos.

Infelizmente, lamento, num "mundo de Alices", isto não pode ser feito, pois o patrão é um só, e sempre será cruel igualitariamente, e certamente, o pouco lucro que for produzido, será exatamente do suor das Alices, e invariavelmente, concentrado num mesmo grupo (aquele mesmo que iniciou a dita "revolução"), que não disputa com ninguém coisa alguma, e só se locupleta da aparentemente imutável situação (até, claro, como dizem meus amigos "manos", "a casa cair" , como sempre).


2)

O grande David Ricardo trata o lucro como um resíduo, aquilo que sobra depois de todas as atividades. A meu ver o tempo tem mostrado que ele estava parcialmente certo, dependendo dos momentos e situações, especialmente a situação para a qual dizemos "tal mercado". Nos setores fortemente competitivos, "commoditizados" como digo em neologismo, nas pesadas logísticas, o lucro se estabelece como uma teoria, quase uma esperança bem planejada, e o caixa, como frio fato, e salvando-se todos os dedos após as perdas dos anéis, o resíduo é realmente considerável como lucro, pelo menos, por algum tempo...

Mas ninguém é maluco de afirmar que as fortunas de bilhões de inúmeros empresários do segmento de informática não foi uma determinada imposição sobre o feliz mercado se modernizando e ganhando eficiência, ou até jogando lúdicos jogos por puro lazer, ou mesmo trocando terabytes de informações como aqui fazemos, ou ainda sobre o infeliz mercado, o conduzindo a uma "angústia do não ter" por obsolescência programada, no limiar do crime, mesmo quando disfarçada de "modernização", "mudança de arquitetura", etc.

Aqui, von Mises demonstra claramente que no capitalismo ganha dinheiro quem consegue atingir a demanda das massas, até com computadores antes julgados inúteis ou impossíveis de serem operados pelo "homem comum", até com pouco sérios nomes de frutas.

Logo, embora continue defendendo que o lucro é teoria, caixa é fato, com todos os meus traiçoeiros dentes, também digo que lucro pode ser quando, no tapa, pegamos a fatia maior da pizza que é o mercado.



Notas

[Nota 1]: o "mundo de Alices é um conceito que desenvolvi para apresentar como premissa um mundo onde a riqueza já seja plena e harmoniosamente distribuída. Noutras palavras, é um mundo utópico onde tudo o produzido gera um valor tal que é imediatamente dividido entre todos os habitantes. O uso desta utopia, seguidamente, serve de base para mostrar porque em pouco tempo este status "desanda".

[Nota 2]: o pagamento não precisa ser em "dinheiro", como pensou brilhantemente Fidel ao julgar que nem dinheiro Cuba necessitaria, pois sua revoluçao seria perfeita*, e sim, como ironizo, com bananas e peixes, pois como mostrei anteriormente, Alices não necessitam em seu mundo utópico mais que isso.

* Por isso mesmo, deve ter colocado o gênio das finanças Che Guevara como presidente de seu banco central.

[Nota 3]: o exemplo de pipocas é mais que ilustrador pois poucos alimentos são mais inúteis que a pipoca, ou relacionados mais ao lazer. Você pode viver perfeitamente anos (até a vida inteira) sem comer pipoca. Mas porém, poucos hoje vão ao cinema ou assistem seus programas ou esportes sem a consumirem ao menos uma vez ao ano (e estou aqui "atirando por baixo"). As redes de salas de cinema hoje tem boa parte de seus lucros baseados na venda de pipoca. Mais uma prova que muito do que faz girar o mundo econômico não se dá pelo necessário, mas pelo desejado.

[Nota 4]: espanta-me que realmente Alices não entendam que exatamente o crescer de desejos atendidos pelas massa é que realmente acrescente riqueza, a geração de valor no linguajar de algumas autoridades de Economia.

Exatamente mais detalhes, maior diversificação, é que faz surgir, como aqui mostramos, o exemplo dos agricultures de especiarias, que num quilo de algum produto obtem muitas vezes o que seja apenas obtível com sacas e sacas de outros produtos. Aí já estaria uma solução para as pequenas propriedades, pois vemos que nos produtos mais extensivos, a História tem mostrado que as produções de pequenas propriedades tem se tornado crescentemente inviáveis.

Existirem carros como os Bugattis e os Zondas na casa dos 7 e 10 milhões de reais é um absurdo marxistoide tão grande quando a obviedade que exatamente este valor será o que parcialmente será pago ao trabalhador que o usina, solda, monta, pinta e regula. Logo, repitimos, o bem de luxo retira o capital de um porco capitalista e o distribui ao pobre proletariado. Esta questão fundamental tratarei pesadamente noutra blogagem

O desejo oculto de toda Alice.


Extras e Anexos

O monstro que está prestes a bater em nossa porta


Como Alices adoram trocar números, e de preferência, ainda fazendo com eles contas erradas, vamos tratar de algo atual, monstruoso, quase batendo à nossa porta, e que nos ameaça.

Quando LULA assumiu o Brasil, em 2002, devíamos (em reais): 

  • Dívida externa: 212 Bilhões
  • Dívida interna: 640 Bilhões 
  • Total de dívidas: 851 Bilhões
Em 2007 Lula veio a público afirmar que teríamos pago a dívida externa. O que é a priori verdade, só que ele não explicou que, para pagar a externa, ele aumentou a interna:

Em 2007 no governo Lula:
  • Dívida Externa = 0
  • Dívida Interna = 1.400 Trilhão 
  • Total de dívidas = 1.400 Trilhão

Ou seja, a dívida externa foi paga, mas a dívida interna quase dobrou.

Em 2010, percebemos que não se vê alardeia mais na mídia qualquer coisa a afirmada quitação sobre a Dívida Externa. O motivo é mais que simples. Temos, novamente, uma dívida externa.


Em 2010:
  • Dívida Externa= 240 Bilhões 
  • Dívida Interna =1.650 Trilhão 
  • Total de dívidas: 1.890 Trilhão, ou seja, a dívida do Brasil aumentou em 1 trilhão no governo Lula.

Deste endividamento que tem "surgido miraculosamente" o dinheiro que o Lula esteve gastando no PAC, Bolsa Família, bolsas para a educação em seus diversos níveis, verbas para a cultura, auxílio-reclusão a famílias de presos, etc.

Este volume de recursos não tem nascido de disponibilidades, do enriquecimento do estado, que propicia reservas que podem ser investidas.

É com dinheiro fruto de endividamento.

Durante o governo Lula foram pagos R$ 857 Bilhões a título de juros da Dívida Pública, ou seja, seis bilhões de reais a mais do total das dívidas externa e interna de 2002. Fonte: site Contas Abertas

Elaborado a partir do divertidíssimo blog Mujahdin Cucaracha, em linguagem clara e simples, mostrando a nua e crua verdade.

Para ler extenso material sobre isso, recomendo o árduo trabalho:

Amilton Aquino; Lula e a Dívida Pública

http://visaopanoramica.wordpress.com/2009/08/29/lula-e-a-divida-publica-parte-1/

http://visaopanoramica.wordpress.com/2009/09/05/lula-e-a-divida-publica-parte-2/

http://visaopanoramica.wordpress.com/2009/09/12/lula-e-a-divida-publica-parte-3/

http://visaopanoramica.wordpress.com/2009/09/19/lula-e-a-divida-publica-parte-4/

http://visaopanoramica.wordpress.com/2009/09/26/lula-e-a-divida-publica-parte-5/

http://visaopanoramica.wordpress.com/2009/10/03/lula-e-a-divida-publica-parte-6/

http://visaopanoramica.wordpress.com/2009/10/10/lula-e-a-divida-publica-parte-7/

http://visaopanoramica.wordpress.com/2009/10/17/lula-e-a-divida-publica-parte-8/

http://visaopanoramica.wordpress.com/2009/10/24/lula-e-a-divida-publica-parte-9/

http://visaopanoramica.wordpress.com/2009/10/31/lula-e-a-divida-publica-final/

E "direto na fonte":

Gráfico 4 - Evolução do Estoque da DPFe x Reservas Internacionais

http://www.stn.fazenda.gov.br/hp/downloads/Informes_da_Divida/Informe_DPFe.pdf

Tabela 'Evolução dos Principais Indicadores da Dívida Pública Federal'

Estoque da DPF em mercado (R$ bi): 1.600 (em 2009)

http://www.stn.fazenda.gov.br/divida_publica/downloads/Apresentacao_Relatorio_Divida_2010.pdf


Uma atualização

Políbio Braga On Line

Dívida pública federal aumenta 1,15% e chega a R$ 1,6 tri

A dívida pública federal (DPF) aumentou R$ 18,76 bilhões de setembro para outubro, passando de R$ 1,626 trilhão para R$ 1,644 trilhão, devido à emissão de títulos públicos e a apropriação de juros. Em termos percentuais, a alta foi de 1,15%.

A dívida pública mobiliária (em títulos) federal interna subiu 1,19%, passando de R$ 1,534 trilhão para R$ 1,552 trilhão. A dívida pública federal externa também subiu, encerrando outubro em R$ 92,21 bilhões, contra R$ 91,76 bilhões em setembro.




Os hálitos do grande monstro que já dão seus ares
no Palácio do Planalto



Juros reais de pouco acima de 5% ao ano, frente a juros internacionais de 0 a 1%. Impostos na casa de 35 a 36% do PIB, frente a 22% dos demais países emergentes, dívida pública bruta de 60% do PIB crescente frente a 40%  dos demais emergentes. (Carlos Alberto Sardenberg; Não é a Moeda; Estadão 08/11/2010)

Neste campo, nestes problemas, não adianta espernear contra os EUA e sua emissão de moeda. Repitamos: sua, pois em termos de dólares estadunidenses, dizem por aí que os EUA são absolutamente soberanos.[Nota 5] Como bem disse Mário Henrique Simonsen, inflação aleija, mas câmbio mata, e o governo não pode fazer coisa alguma frente a um mercado que só em termos de EUA é da ordem de dezena de vezes nossa capacidade econômica total, e em termos de emissão de moeda, teoricamente ilimitada. Na verdade, não podemos nem com a capacidade da China de comprar títulos da dívida estadunidense, e ao que parece, antes de nos preocuparmos com este câncer, nem mesmo estamos conseguindo frear a gripe intensa que é a questão de nossas importações desta mesma China, devastando nossas indústrias já a 20% de nossos bens de consumo.

Nossas pesadas importações tem detido aumentos de preços, que mais cedo ou mais tarde conduzem à inflação, pela apresentação de preços competitivos a nossos preços internos, mas os déficits fiscais tem levado à uma inflação propriamente dita por outras vias.

Os EUA, caracteristicamente prudentes, junto com todo o "mundo anglo-saxão" (com a exceção temporária da Austrália, mas já de volta aos eixos), junto com o "grupo germânico-nórdico", em questões de emissão de moeda, não sofre com inflações por "estúpida emissão", mas sofre com inflações de demanda, direi corajosamente, "pura". Para estes, abrir as portas às importações é solução. Nós sofremos nas duas pontas. Temos inflação a ser controlada por juros extorsivos, e mesmo com nossos valores, não o conseguimos a pleno por nosso estado deficitário e irresponsável - vide dívida interna, e ainda estamos a aleijar-nos, a asfixiar-nos, pela importação. Estamos entre a cruz e a espada, simplesmente isso.

[Nota 5]: Espernear com os EUA em termos econômicos tem a mesma validade de tentar bater com uma rosa num touro, ou imagem ridícula semelhante. Os EUA não se caracterizam por negociar. Sempre, impuseram suas vontades, muitas vezes, travestidas cinicamente de "acordos". E escrevam: a China, aprendeu muito com eles, e nitidamente, supera o mestre, especialmente em perversidade, pois nem mesmo se interessa em exportar apenas os negócios, exportando junto, até a massa de trabalhadores. Já quando importa os negócios, importa apenas sua "casca" tecnológica, organização e métodos e obviamente, capital, pois "nunca coisa alguma é o suficiente"*. O trabalho, é destinado à sua massa de "explorados" (não resisto a uma ironia plo marxismo). Adaptando livremente um estadunidense comentando o que seja a China: Se vocês acham os EUA ruins, aguardem pela China!

*Como bem me disse um professor do 'básico do básico' de Economia, anos atrás: pobre coitada da alma que se contenta com o que tem.


O pequeno monstro que já baterá à porta de Dilma



Já abordei que existem os custos tem uma característica de inexorabilidade. Desenvolvamos mais estes pontos, antes de delinear o pequeno monstro, na verdade, brotação do maior.

Como existe a ocorrência dos custos no tempo, especialmente se fixos, correntemente, no tempo, seja por reservas, seja por geração, será necessário honrá-los. Repitamos: os custos fixos são inexoráveis no tempo, e qualquer custo distribuído no tempo, em parcelas, amortizado, torna-se igualmente, ainda que temporariamente, um custo "tratável como fixo", e tem de ser coberto pela geração de caixa, e igualmente, nas vincendas, inexorável.

Em exemplos simples: todo mês existe um aluguel ou parcela de financiamento ou despesa de utilidade como água e energia a se pagar.

Mas existem custos que são acidentais, e as probabilidades, especialmente no atuarial, no relacionado com o modelável pela distribuição de Weibull, aleatória pois acidentalmente (sejamo até redundantes), será necessária sua correspondente provisão em caixa (reservas) ou seguro, pois inevitavelmente e inexoravelmente de maneira crescente no tempo, o custo em questão ocorrerá e será necessário cobrí-lo e consequentemente, haverá o débito do caixa. E aqui o lucro, que se fez aparentemente certo, torna-se novamente a esperançosa teoria. Repitamos: os custos acidentais são inevitáveis no mais longo do tempo, ou, noutras palavras, com exemplos simples, da menor para a maior escala, com o mais que trivial e diário, lâmpadas queimam, torneiras desgastam-se, um incêndio ou acidente acontece, enchentes ocorrem e seu empreendimento será alagado, ou seu frete de matéria prima ou de entrega será atrasado, e destes, sua geração de caixa será abalada.

Respirando e citando os investidores no arriscado mercado de ações: lucro bom é o que está no bolso.

Da mesma maneira, governos são obrigados inexoravelmente, no tempo, a repor as perdas salariais por inflação, que na verdade, nem será perda para o governo, que arrecada corrigido permanentemente em seus impostos pelos inflacionários preços.

Mas ainda dentro disso, tem os governos de lidar com os desejos, a ganâncias dos grupos, do corporativismo, e destes, a irreponsabilidade fiscal. Ao fazer iso, poderá somar além do inflacionário, que relaciona-se ironicamente com a marxista "luta de classes", e aqui serei até cruel, tem de cuidar para não somar mais custos inexoráveis ao seu já pesado fardo.

Sobre isto, rezar (pois não há outra coisa a fazer) para que não ocorram tragédias - custos acidentais, que não seja pego de calças (ou saias) curtas, sem reservas e sem mecanismos de securitização, pois em última instância, causará ou rombo no caixa ou processo inflacionário, o que sinceramente, no tempo, dará no mesmo.

Assim, cuidado, "Nossa Nova Guia", pois o governo Lula lhe deixa 52 bilhões de reais em contas a pagar, 29,5 bilhões em investimentos comprometidos apenas até outubro e 6 bilhões com a proposta de reajuste do Poder Judiciário e Ministério Público da União com "riscos" de aprovação, levando-a talvez até a ter de "suspender empenhos", que é uma expressão mais elegante para "calote". (Marta Salomon; Governo Lula deixa conta para Dilma; Estadão, 02 de novembro de 2010).

Com esta marcha, e seus também inexoráveis efeitos cascata, para escrever outra até bem revisada blogagem, só necessitarei preencher algumas lacunas, e reeditar a profecia que sempre represento com a frase "quando certo dia chegar...", relacionada sempre com a "marcha para a inoperacionalidade", que mesmo nos governos, mesmo na maior escala possível, ocorre, e seguindo a irônica lei de Murphy: Se algo pode dar errado, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo a causar o maior estrago possível.

Contar aqui com riquezas ocultas, como o Pré-Sal, com a sua imediata geração, é para mim pensamento mágico e desprezar o poder previsório da Lei de Hofstadter:

É sempre necessário mais tempo que o previsto, mesmo quando se leva em conta a lei de Hofstadter.


Lítio da Bolívia e certas lembranças



Assisti chocado à imensa estupidez da Bolívia mostrada em 24/10 no Fantástico, que tenta desenvolver sozinha, a passos de tartaruga e escala de mussaranho a produção de lítio, hoje mais que procurado para baterias, e crescentemente, dado só por argumento principal os veículos elétricos.

Tudo em nome de um "nacionalismo". Triste sina, demorarão, como todo mau administrador, a descobrir que a menos flexível das variáveis é o tempo, e nele, todos os fatos econômico ocorrem, e a inexorabilidade dos custos, o implacável ponto de equilíbrio necessário em todas as atividades se manifestará. Sendo mais simplista, sempre o tempo passa, e quanto mais se demora a ter as receitas, mais se sofrerá com as despesas.

Tão simples é a situação da Bolívia (e outros) como o proprietário de determinado serviço, que necessitando de 200 clientes para se equilibrar, ao ter 190, acha que seu problema está solucionado, e ao ainda não ter 240, por exemplo, acha que exatamente por fatores aleatórios e caóticos, a distribuição caótica no tempo das procuras, não perderá 40 clientes e voltará a andar perigosamente sobre a navalha*. Os mesmos velhos problemas de "marginalidades", de ter reservas tanto de valor quanto de tempo, e como mostrou Alec MacKenzie, a finalidade de toda atividade econômica é por fim a geração de tempo. Mesmo na escala de estados. Mais uma vez, com acréscimo: lucro bom é o que está no bolso.

*Daí a linda imagem entre os profissionais de finanças do "equilibrista", símbolo de sua atividade.

Deste mesmo estado, a Bolívia, sofremos o duro golpe de nossas atividades sobre gás natural, até pela ingenuidade de acharmos que teríamo uma relação madura e confiável (e aqui, uma oculta redundância) como a que tem EUA e Canadá. A Bolívia não é  talvez por muito tempo não seja o (nem o de hoje) Canadá. E o Brasil não é o que seja os EUA, com sua enorme capacidade de pressão, sua multiplicidade de fontes e como lá em cima coloquei, sua quase ilimitada capacidade de colocar, mesmo com mínimos problemas internos, "fichas na mesa".

O tempo se encarregará de castigar a Bolívia com seu lítio "auto-suficiente", e mesmo, com seu gás, e quem pagará a conta disso, por fim, será seu povo. Que nos sirva de exemplo, antes de começarmos a negar a presença de extratores de riquezas, que poderiam imediatamente se posicionar em grande escala, e com a também imediata presença controladora de nosso estado, simultaneamente gerar riquezas, pelo simples pagar de tributos.


Elevação de custos não é inflação...
...pelo menos, no início



Complementando uma questão anterior, colocarei que mesmo para um produto de tão vasta influência como o petróleo, e até podemos ampliar para o conceito de energia, o aumento de um ítem e mesmo toda sua cadeia não implica em inflação "propriamente dita". A elevação do preço dos combustíveis pode levar as passagens de ônibus em até 30%, mas não implicará isso nos fretes por caminhão elevarem-se em mais de 25%, ou o transporte por trens em mais de 10%, ou o naval em mais de 5%. Mesmo em produtos onde o petróleo seja um custo ligado apenas aos fretes, pode não representar mais sua majoração que a majoração deste mesmo frete.

A influência deste encarecimento se dá apenas nas planilhas específicas, nas linhas  colunas específicas, nas células específicas, numa linguagem de planilhas de custos.

Quando a questão é propriamente inflacionária, todos, repitamos, todos os provedores de bens e serviços não é que modifiquem seus custos em si, mas querem que seus produtos e serviços sejam remunerados por mais moeda, excetuando-se, claro, os temerários, os ignorantes e os irresponsáveis (os quais, em termos de resultados financeiros, são praticamente idênticos).

O problema não está em quanto dinheiro está saindo do caixa para bancar a futura geração, mas o quanto realmente é a futura geração para posteriormente buscar cobrir aqueles custos 'em novo ciclo', e como sempre, manter aquele roubo, na mente das Alices, que é o lucro. Quem está em queda é o valor da moeda, e não em subida de um 'valor universalizado' está este ou aquele ítem.

Claro, evidente, que as situações deste tipo possuem graduações e interfaces, campos difusos onde a classificação é impossível, e como já tratei em ciência, podemos estar aqui tratando de "aristotelismos classificatórios", e concordo, por isso mesmo, que uma situação, quando bem definida, pode se transformar na outra, gradual e até em mutação, fazendo outra analogia com o científico. Por isso mesmo, quando o petróleo sobe, ou quando o câmbio sofre impactos de majoração e estamos em forte importação, como agora, tais fenômenos podem, realmente, virar o que podemos chamar de inflação, naquilo que os muito mais aptos que eu economistas chamam de inflação de custos.

Se esta inflação de custos for somada a uma inflação por demanda, e para manter a "felicidade causada pela demanda" o governo sofrer a tentação de começar a "pintar", ou ainda pior, "digitar dinheiro", a amorosa criatura da gravura acima (à direita) mostrará sua real natureza.

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