Quem são as Alices
Eu costumo chamar de Alices todos aqueles que acreditam piamente no Comunismo/Socialismo, na economia completamente planificada, na igualdade absoluta de ganhos e comunhão das iniciativas, na bondade absoluta do homem, nata, que apenas é corrompida por sua educação, pelo meio onde vive.
Claro que Alice, aqui, é uma citação ao autor inglês Charles Lutwidge Dodgson, sob o pseudônimo muito mais famoso de Lewis Carroll, com seus mundos amalucados onde sua pequena heroina enfrenta uma série de dificuldades.
Alices acreditam que os homens podem ter todos suas diferenças solucionadas pelo simples diálogo, pelo debate calmo e tranquilo, e que, já que todos são como definem bons, chegar-se-á a um mundo harmonioso, em que todos tenham sua cota de trabalho, ganhos e vivam felizes, eternamente, sem nenhuma corrupção.
Alices acreditam também em curiosa falácia, de que onde existe riqueza, esta foi gerada pelo roubo das misérias de alguém, de que a concentração de riqueza, por si e simplesmente, nasceu do impor-se a pobreza a alguém, muito bem tratado pelo trecho de escritor Percival Puggina, que já critiquei pesadamente noutros pontos (Scientia est Potentia; Bóson de Higgs, Big Bang, Moral), mas aqui, acerta na mosca:
Refiro-me à ideia de que a economia funciona como um deserto, onde a areia muda de lugar conforme o vento, formando dunas e depressões, mas a quantidade de areia permanece imutável. Logo, se há acumulação é porque, em algum lugar, se formou uma depressão. É por causa desse raciocínio infantil que as esquerdas atribuem a pobreza à existência da riqueza.
Zero Hora, edição de 3 de janeiro de 2010. Na íntegra, disponível em: contextopolitico.blogspot.com.
Ultimamente, as agora definidas Alices, que tanto se dedicam a apresentar todas as mais brilhantes soluções para o mundo, normalmente sentadas em seus típicos bares bebendo as mais capitalistas cervejas, dedicaram-se à outra falácia, de que o Capitalismo implica necessariamente em destruição do meio ambiente, o que pretendo tratar noutra blogagem, mais adiante.
Alices também se dedicam a repetir o mesma enorme desfile de basófias de O Capital, de Marx, até com a exótica álgebra simplória e infantil em custos, que pretendo também tratar posteriormente.
Mas aqui, tratarei de apresentar um conjunto de “dilemas” que enfrentam as Alices, com versões minhas para demonstrações simples, na forma de fábulas, que mostram o absurdo que é Alices considerarem que suas soluções, repito, simplórias e infantis, possam trazer luz e paz ao mundo, e inclusive, gerar a riqueza que pretendem, harmoniosamente, dividir.
Antes, devemos citar que todas as tentativas, mesmo na maior escala e no mais amplo espaço de tempo, de economias minimamente planificadas resultaram em enormes fracassos, quando não, nas mais brutais ditaduras e oligarquias, quando não, mesmo dentro da miséria, nas mais absolutas e pontuais concentrações da riqueza gerada, como vastamente se evidenciou no século XX e ainda assistimos neste século, ainda que relegadas a pequenas áreas pitorescas que chamam a si mesmas de nações, embora se comportem como arcaicos feudos.
Dilema da motivação
Ou, porque, num mundo de Alices, estas podem não ver muita viabilidade em trabalharem a mais.
Num mundo de Alices, felizes com sua absoluta igualdade, digamos que surja a motivada Alice que pretenda ter o a mais, em dispor de qualquer coisa a mais que as Alices que a cercam.
Definindo, Alices, que são seres que necessitam de pouco, ficarão aqui limitadas a desejar apenas peixes e bananas, e poucas roupas “no corpo”, o mínimo dos mínimos, para viverem, pois afinal, quem é Alice tem de se contentar com o essencial. Portanto, a Alice motivada aqui apenas deseja, por exemplo, uma banana a mais após seu peixe, em cada refeição.
Notemos que as Alices tem de ser, por suas próprias definições de mundo, livres, e portanto podem, perfeitamente, desejar um incremento em sua sobremesa, embora enfrente a divisão certa de seus ganhos, com todas as demais Alices.
Pois esta Alice, que digamos produza qualquer coisa a mais, imediatamente, terá de dividir todos seus ganhos com as Alices que a cercam, enfrentará o dilema que tem de se motivar para dividir, e todo seu esforço, na coerência do ”mundo de Alices”, apenas gerará a fração que lhe cabe de seu acréscimo ao todo.
Por uma via mais matemática, num grupo de n Alices, a Alice motivada, e ambiciosa, apenas gererá para si o seu, sejamos cruéis, lucro, com o incremento de L/n. De seu esforço, o grupo inteiro receberá seus ganhos, em L*(n-1)/n no total e banais [L*(n-1)/n]/n por cabeça.
Digamos que a Alice motivada, mais motivada ainda, pretenda o L inicial, que agora chamamos de L1. Este L obtido, resultante, poderá ser chamado L2. Assim, a Alice motivada terá de produzir um L igual a L2=n*L1 para que resulte de saldo em suas mãos L1, nada mais simples.
Por outro lado, adiantemos, as Alices não motivadas, que podem ser todas as Alices que imediatamente cercam a Alice motivada, não necessitarão fazer esforço extra algum para ter seus ganhos, o que consideremos, desde já, injusto, mas aqui, esconde-se outro dilema, que logo apresentaremos.
Logo, como parece-me simples perceber, a situação mais cômoda, e natural, para todas as Alices*, seja esperar que todas as Alices, simultanamente, motivem-se o mínimo, para que todas, sem exceção, tenham o mínimo ganho com exatamente o direto e proporcional esforço.
*Menos a pobre Alice mais animada, que ficará frustrada de não poder ter ganhos proporcionais a seu trabalho extra, e infelizmente, proporcional apenas a um trabalho médio.
Logo, mais uma vez, o mundo de Alices só pode pensar em rumo aos ganhos com o esforço distribuído, harmônico, de todas as Alices, equilibrada e igualmente motivadas, pois sabemos que Alices acreditam piamente que o ser humano seja intrinsecamente bom, e não podem, para o sacrifício de uma única Alice em cada amostra que tomemos, pensar em progredir pelo esforço individual.
Mas claro que no meio disto encontra-se um problema...
Dilema da desmotivação
Ou, porque, num mundo de Alices, estas podem ver mais viabilidade em trabalharem a menos.
Claro que uma Alice que faça menos, que seja desmotivada, ou simplesmente, como naturalmente ocorrente no humano, incapaz fisicamente ou ainda, a contra-gosto das Alices, vagabunda, preguiçosa ou até desonesta, é coberta em seus ganhos pelo esforço alheio, global.
Sua inatividade, deixemos apenas nisto, é coberta, mitigada, numa taxa de, digamos, déficit de produção, D, pelo esforço harmonioso de todas as demais Alices, em D/(n-1), e inclusive, pelo L de uma incauta e inocente Alice motivada.
Logo, cada Alice que não produza, conduz as demais, para todas terem os mesmos mínimos ganhos, a produzirem de maneira melhor, mais rápido, mais eficientemente, com mais qualidade, para que compensem a Alice improdutiva. Nada mais simples, novamente.
Claro que uma Alice improdutiva, ao ser observada pelas suas Alices próximas, gerará a mentalidade em outra Alice que também pode ter suas atividades diminuídas pela diluição de seus déficits entre todas as demais, e logo, teremos mais e mais Alices produzindo menos. Até, porque, simplesmente, qualquer Alice próxima considerará a situação injusta.
Como se dizia na Alemanha Oriental: "Nós fingimos que trabalhamos e eles fingem que nos pagam."
Assim, num mundo de Alices, é impossível pois inviável a motivação, exatamente porque é condutor o pensar de Alices sobre o mundo à desmotivação, ou, como vimos anteriormente, à uma motivação que não seja recompensada justamente.
Mas claro que este meu humilde e simplista raciocínio é uma enorme falácia, pois sabemos que todos os seres humanos são bons, justos, igualitários e vêem, permanentemente, sempre o bem de todos, igualmente, isentos de cobiça, avareza, preguiça, etc, não é mesmo?
Acredito que já respondi a isto aqui: Pitacos III, tratando de segurança pública.
Aqui, a questão toda remete a Adam Smith e os fundamentos da Economia. Os seres humanos não tornam-se cervejeiros e padeiros para beneficiar seus clientes, e sim, para buscar seus próprios benefícios. Não exercem suas atividades com busca de maestria, qualidade, para o bem de quem servem, e sim, em busca de maximizar seus próprios ganhos. Logo, podemos dizer que todos visam seus maiores lucros por seus próprios interesses, e primariamente, jamais pelo conjunto da sociedade.
Agora tratemos de outro dilema, com termos e situações não muito agradáveis, que espero, não venham a ferir olhos mais puritanos, mas os fatos do mundo real são perceptíveis na esquina mais próxima, ou mesmo, dentro das mais finas casas noturnas, ou ainda, em algum refeitório de alguma faculdade de sua cidade...
O "dilema das duas putas"
Duas meninas, num mundo de justas e igualitárias Alices, desejam comer, novamente, ao invés de uma banana por dia, duas.
Como seu sistema "igualitário" lhes limita as bananas, caem na prostituição.
(Tanto faz, aqui, colocar-se duas meninas pobres de país capitalista rasgado, pois o argumento, por fim, chegará ao mesmo resultado.)
Só, que infelizmente, uma é linda, e a outra, um bagulhão horrendo.
Claro que num mundo de utópicas Alices, todas serão igualmente estéticas e desejadas, o que sabemos, aqui, é uma desonestidade intelectual de minha parte.
Em poucas semanas, a bonita, descobre que está sofrendo duas coisas ao mesmo tempo, e "vamos no popular e até no populacho": dando demais, pois conseguir bananas para pagar seu programinha é fácil, e perdendo a oportunidade de, cobrando mais caro, ganhar mais bananas.
A mucréia descobre outros problemas: está dando muito de vez em quando, e reclamam que cobra uma banana, e até querem, por dois programas, pagarem uma banana.
A bonitinha, imediatamente, sobe o preço de seus serviços, e tem ganhos com isso imediatos, e percebe que, linda como é, pode ainda cobrar mais caro.
A feinha, imediatamente, passa a cobrar meia banana, e consegue fazer mais programas por dia, conseguindo exatamente a quantidade de bananas que deseja.
Conclusão: o custo de serviços e mercadorias possui subjetividades, e não é diretamente relacionado com o trabalho dispendido, nem mesmo quando envolve o próprio corpo do trabalhador.
Logo, Marx e todos os custificadores dos bens e serviços por proporcionalidades sobre o trabalho, única e exclusivamente, estão errados.
Até subjetividades do mercado, além da procura (oferta e demanda) por determinado bem, influem nos seus custos, e logo, valoração.
Lembrando o comediante Bill Maher, a bela garotinha norteamericana não se prostitui porque seu trabalho no Kentucky Fried Chicken é horrível, e sim, porque 'fazer um programa' (Bill Maher usa termos um tanto mais pesados) com o Colonel Harland Sanders é mais rentável.
Mas claro que neste dilema fui desonesto intelectualmente, pois como vimos sempre quando economias planificadas foram implantadas, a prostituição desaparece por completo, e a sociedade se toma de uma moralidade que envergonharia a Londres de Carroll. Mas se houve e há prostituição em qualquer nação sob uma economia pretensamente planificada, algumas Alices mais voluntariosas em sua argumentação berrarão que jamais o Comunismo foi realmente implantado, e nestas nações apenas houve a exótica coisa que chamam de "capitalismo de estado" - mais uma falácia a ser tratada.
Como dizem meus amigos mais antigos, quase todos adolescentes no início dos anos 70 e 80, e com um conjunto de gírias típicas: Ah...Tá!
Carroll e a verdadeira Alice, quando o autor parece explorar, como amplamente mostrou em sua vida, outros dilemas das pobres famílias vitorianas. |
O "dilema da fábrica de agulhas"
Alices, num harmonioso mundo de Alices, custificado pelo seu trabalho, em região desgraçadamente ruim para a produção agrícola e diversos outras atividades, descobrem que em seu território possuem ferro de excelente qualidade, de origem meteorítica e um ótimo basalto abrasivo.
Como mesmo no mundo de Alices, perfeito e lindinho, equilibrado e bem nutrido, Alices passam frio, tem de usar roupas no frio, apesar de sua, como sabemos, perfeita moralidade e despreocupação com o nu, pois Alices são seres, além de naturistas, isentos de desejos carnais descontrolados, e muito respeitosas.
Então, as Alices de tal terreno desafortunado, começam a produzir agulhas excelentes, pois Alices, como vimos, tem de costurar suas parcas roupas, que por sinal, não são eternamente duráveis (guardemos bem este ponto).
Em troca de suas agulhas, as Alices, isoladas em seu meio hostil, mas magníficas mestres na produção de agulhas, recebem bananas e alguns peixes, pois Alices vivem com pouco, e se contentam com quase nada, recordemos.
Mas para serem abastecidas, as Alices agulheiras tem de produzir as agulhas que o mercado de Alices, perdão, as necessidades de Alices exigem. Como toda Alice é paga pelo seu trabalho, direta e proporcionalmente, as Alices agulheiras trabalham pouco, pois sabemos que o mundo das Alices em pouco tempo, se entupiu de agulhas, e elas tem pouca procura.
Como o mundo das Alice sé equilibrado e bem distribuido proporcionalmente, sempre alfinetemos, as Alices agulheiras não podem sair de sua região desgraçada, e tem de continuar produzindo agulhas, logo, para lá ficarem e não perturbarem com migrações o mundo das Alices, tem elas de serem subsidiadas pelas demais Alices, e receber uma certa disproporcionalidade entre o trabalhado e as agulhas produzidas, logo, seu trabalho, a agulha, passa a ter um valor maior, proporcionalmente ao trabalhado, que, por exemplo, das Alices fabricantes de enxadas, que por sinal, nisto nem são tão boas assim.
Logo, o valor de uma mercadoria é determinado não pelo trabalho exercido, mas até pelas necessidades de quem tem maestria no produto que faz, e por imposição da própria demanda do mercado, e por estabelecimento de cobertura de custos no tempo, independente do que se produz, pois quem vive come, e se come, gasta...
O custo das mercadorias colocado ao mundo não depende só do trabalho exercido, e pode ser determinado pelas necessidades e desejos de quem o produz.
O paradoxo das "Alices sem estado"
Eis que o mundo tornou-se perfeito, lindinho e cor de rosa, com chuva de mel e nuvens de algodão doce. Pois as Alices implantaram seu lindo sistema e o mundo ficou feliz e colorido, com sorrisos resplandecentes em todos os rostos.
E todas as Alices dividiam seu quinhão, e comungavam da mesma mesa, e nada se disputava.
Não necessitavam as Alices de quem as protegessem, pois Alices são perfeitamente morais e justas. Logo, as Alices não precisavam de estado, nem de sua polícia, nem de sua ordem, nem de seus exércitos, nem de quem os mantivesse treinando e alimentados!
Mas como as Alices são humanas, não tardou para surgir, no meio das Alices, Franciscos e Giovanis (buscando personagens de debate onde apontou-se este dilema), e estes começaram a roubar, pois não se contentavam com o quinhão trivial de Alice, e cobiçavam mais!
E as Alices correram em desespero, e reuniram-se, e encontraram suas Alices mais aptas e fortes, e foram em busca de Franciscos e Giovanis.
Mas os Franciscos e Giovanis se reproduziam, pois é da natureza do homem ser, numa taxa bem razoável, mau e ambicioso, e as Alices tiveram que manter sua força de Alices protetoras e vigilantes, permanentemente em serviço, e tal força cresceu, e mantinha protegendo as Alices dos Franciscos e Giovanis que já formavam nações independentes, e buscavam pela força, ampliar seu espaço de Franciscos e Giovanis, ambiciosos e cheios de cobiça.
E eis que as Alices, tinham de se manter com uma força vigilante, e uma força treinada, armada e preparada, e esta tinha de ser alimentada, e Alices fortes e valentes comem muitas bananas e peixes (pois somente isto basta às Alices), e logo, as Alices tinham de se organizar para produzir o que sustentasse e mantivesse em tão brava tarefa as bravas e corajosas Alices, e chamaram a isso, “estado Alice”, e este, mantinha a liberdade das Alices terem seu permanente quinhão dividido, e manterem a coleta da chuva de mel e seu céu limpo, com nuvens de algodão doce.
Moral: Para manter até a liberdade de se pretender não se ter estrutura organizacional como o estado, paradoxalmente, necessita-se de estado, pois é da natureza do homem ter de ser vigiado e contingenciado no mal, pois o mito do homem ser bom, só existe na cabeça dos ingênuos.
Logo, como sabiamente disse Esopo: Os maus só se detém pela força.
E como força, em última instância, só se exerce pela violência, esta deve ser do domínio de todos os cidadãos, sob a forma daquele que detém o monopólio da violência sob leis, que é o que chamamos de estado.
Por fim, torna-se óbvio que o humano não pode viver sem a coletividade organizada e mantenedora das leis que é o estado.
Para entender de onde brotam estas ideias que chamo de “brilhantes” sobre a anulação do estado e a ‘perfeita coordenação entre os homens’, recomendo:
Ana Selva Castelo Branco Albinati; J. Chasin: a ontonegatividade da politicidade em Marx
Com boa literatura a ser também consultada.
E agora, minha versão de um clássico sobre o tema, e que muito tirou o sono até de Lenin.
V. I. Lenine; O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo
Algumas das únicas formas e modos de estado que existem no pensar das Alices. |
O dilema da "empresa de uma libra"
Alices igualitárias, reunidas para a produção de digamos, martelos, trabalham e produzem, comungando de sua maravilhosa e equilibrada relação cooperada.
Pelos seus belos e excelentes martelos, as Alices marteleiras ganham suas bananas e seus peixes, estáveis e proporcionais aos martelos produzidos, tão necessários ao mundo das Alices.
Eis que vizinha à fábrica de martelos, existe uma fabrica de botas, tão necessárias às Alices, que são trabalhadoras e muito caminham, e necesitam proteger seus frágeis pezinhos.
Mas as Alices boteiras nunca conseguem dispor do couro, dos cadarços, da borracha que necessitam para produzir botas a valor em peixes e bananas o suficiente. Sempre há um déficit na produção, uma incompatibilidade de escala com sua necessidade mínima de peixes e bananas, por mais que as Alices boteiras sejam laborosas e eficientes.
Eis qua as Alices marteleiras, reunem-se e sabendo de sua capacidade, passam a produzir ainda mais martelos, e dispondo de um excedente de peixes e bananas, começam a integrar-se na produção de botas, até porque as Alices boteiras necessitam de seus pequenos martelos de sapateiro.
Obs.: Claro, que aqui, as Alices burlarão a injustiça de seus sistemas, mostrados nos dilemas da motivação e desmotivação.
Assim, as Alices marteleiras obtém uma participação na indústria de botas, e dispõe de botas para seu pesado trabalho de metalurgia, e consolidadas com as Alices boteiras, todas tem mais ganhos em peixes e bananas.
Assim, unidas e mais poderosas, com controle da produção de ambas nas mãos das sempre mais rentosas em bananas e peixes Alices marteleiras, partem, para pelo mesmo processo de participação, iniciando com um mínimo excedente em bananas e peixes, obter controle, participação e melhorias, além de obviamente ganhos, em mais empresas de Alices, que por mais igualitáras que pensem ser, descobrem que por simples liberdade, por um excedente disponível de seus peixes e bananas, podem, até para o bem de outras Alices, com seus mínimos ganhos diferenciais, melhorar a vida de todas as Alices em conjunto.
Todo o trabalhador, com o excedente que seja de "uma libra" de seus ganhos, ao participar do mercado de empresas de capital aberto, pode obter a posição, já pela sua união, de ser o controlador dos meios de produção, deixando de ser o simples trabalhador, e passando a ser, como todos no sistema, o destinatário final dos lucros.
Logo, num sistema de empresas de capital aberto, fiscalizado rigidamente pelo estado, o sistema de participações em capital permite que o trabalhador seja a origem e o destino final de toda a geração de riqueza.
Aqui, é interessante lembrar onde o Equilíbrio de John Forbes Nash vem encontrar e enfrentar Adam Smith, e seus ambiciosos cervejeiros e padeiros, que realizam bem seus ofícios, e percebemos que os maiores ganhos para todos advém de cada um buscar o melhor para si E para todos, e portanto, tem de colaborar para a sociedade inteira se desejarem ter continuados seus ganhos.
E nesta ação, no controle destes impulsos e sua harmonização na sociedade, na geração de justiça, mais uma vez, necessita-se do estado, como vimos acima.
O mundo de Oliver Twist, de Charles Dickens, que parece ter se ficado como a única relação existente entre capital e trabalho, na cabeça de toda Alice. |
Terminando, por hora, da obra de Lenin citada acima, destaco:
Este negociante tem uma concepção consideravelmente mais profunda, mais "marxista", do que é o imperialismo do que certo escritor indecoroso que se considera fundador do marxismo russo e supõe que o imperialismo é um defeito próprio de um povo determinado ...
O "império de bases" que é a maior economia do planeta, que são os EUA, que funciona em forte associação com diversas nações, que mesmo com a fragmentação relativa que hoje o mundo apresenta, posterior à biporalização da Guerra Fria, exatamente nasce dos interesses do homem comum, do cervejeiro e padeiro da esquina, na coordenação de seu poderoso estado, em busca de mais riquezas, com suas “libras” economizadas e reinvestidas.
Mas a questão de porque considero que esta marcha não terá fim, ainda exige de mim muitos consertos num esboço, e deixarei para adiante, voltando, agora, a me concentrar em diversas Alices e seus dilemas.
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