quinta-feira, 1 de março de 2012

Inevitabilidade e Inexorabilidade dos Custos

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Os custos que ocorrem probabilisticamente no tempo e os custos que ocorrem invariavelmente num período.

A carga que garantirá o seu faturamento não poderia estar nele? - tribunadomaranhao.com.br


Há custos que são probabilísticos no tempo, ocorrem aleatoriamente, como por exemplo, e a frase se tornou um bordão deste que vos escreve, "lâmpadas queimam". Podem não ocorrer jamais com determinada cadência no tempo, como por exemplo, uma vez ao ano ou ao mês, mas invariavelmente, ocorrem numa média de vezes, ao longo da existência de um empreendimento, e sua distribuição neste tempo pode ser completamente aleatória. Como exemplo, uma companhia aérea pode passar anos sem ter um único acidente aéreo, e perder dois aviões com todos seus passageiros no mesmo ano.

Sempre ocorre o incidente, sempre ocorre o acidente, sempre ocorre o sinistro, sempre existe aquilo que não foi previsto.

Os funcionários mais nevrálgicos por um acaso são todos eternos e imortais, imunes à toda doença e eventos que os impossibilitem do trabalho?

Foi feita provisão para tal? Reservou-se no tempo um capital buscável na forma de "seguro"?

Foi considerando um desvio do lucro primariamente apontado para formação de tal reserva para "imprevistos e outros", com certa liquidez, e tal será agilizável em tempo hábil?

Pois as probabilidades jogam a favor da ocorrência, e a não previdência corre permanentemente a favor do abalo do caixa.

Esta data nunca chegará?

Mas podemos deter o tempo?

O custo que ocorre pelas probabilidades, como por exemplo o caminhão tombado e sua carga acima, por acaso deterá a prestação de equipamento que vencerá? Por acaso não "morderá" o capital reservado, sob estreitas margens, para o pagamento de um aluguel de prédio, fundamental para a operação da empresa?

Os salários poderão ser atrasados sem danos graves, sob n aspectos?

Por acaso o fluxo de caixa é "esticável" no tempo, indefinidamente?

Pode-se operar em pagamentos com D+1 (dia de vencimento com um dia de atraso), depois D+2, até um valor de dias insuportável a ser acrescentado ao dia do vencimento?

Por acaso, um aluguel ou prestação atrasado de 30 dias, não será somado com outro vincendo, em poucas horas?

Voltando a imagem do caminhão tombado acima, ainda que exista pleno seguro para a carga perdida, poderá se repor o atraso na produção?

Ainda que o seguro cubra "lucros cessantes", que incluam o atraso na produção, conseguirá simplesmente valor cobrir o prejuízo de imagem, ainda que inocente, junto aos revendedores e clientes?

Reservas é a única resposta após todos os "nãos" respondidos nas perguntas acima. Ação é o que as geram. Previsão é o que nos prepara para tal. Precaução não é o sempre evitar, mas o estar preparado para o que possa ocorrer, mesmo para as mais imprevisíveis variedades de imprevistos. O que interessa nesta precaução, é o valor da precaução como reserva, e o problema que poderá solucionar.

E tal provisão só nasce da contensão dos desejos de consumo e da permanente vigilância dos desperdícios, na redução de custos, que são o mais direto dos geradores de lucro, enfrentando a competição do mercado.

O lucro, assim, numa primeira visão, é uma meta, mas no tempo, mais e mais mostra-se como o "resíduo" de David Ricardo.

Como sempre repetimos: caixa é fato, lucro é teoria.

Recomendo também a leitura de:

Extras

I

A bolha que julgo que virá a estourar...

Recomendo: Bolhas no horizonte

Quanto mais leio sobre imóveis, e comento sobre tal em meus "papos de cafezinho", mas vejo que nos aproximamos de um "plop!".




  • O buraco da Gafisa - A construtora vale menos e deve mais do que os concorrentes. E também não evitou que os problemas da Tenda arranhassem sua imagem
  • A tenda dos horrores da Gafisa - Demissões, falta de pagamento, uma aquisição desastrada: por que a Gafisa se tornou a empresa mais problemática entre as grandes do setor

Blog que passou a ser de minha seguida leitura:  http://www.bolhaimobiliaria.com/

Na sua página no Facebook, coloquei o seguinte comentário, aqui levemente corrigido e modificado:

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Excelente seu blog. Não sei como passou a existir uma opinião quase epidêmica entre grande número de economistas que não temos um problema, quando em SP, por exemplo, após meses, diversos 'stands' de vendas ainda estão ali, anunciando "80 a 90% de vendidos", e nem sequer uma fundação foi iniciada.

Onde em 6 meses, apartamentos de 49 metros quadrados passaram de 390 para 430 mil reais, em bairro bastante problemático. Onde este extremo valor é apenas sustentado pela "estrutura de lazer que o prédio oferece" (como coisa se no futuro quem o tenha comprou não tenha este custo como sua despesa, correntemente).

Onde investe-se pagando juros altos e tem-se de esticar o recebimento ao mais baixo juro por longuíssimos períodos (um spread invertido que leva ao endividamento inexorável de empresas que operem com capital tomado que não pode levar em conta tal custo).Nota

Pior ainda: onde afirmam que nosso crédito imobiliário é pequeno em relação ao PIB, o que não interessa, pois crédito cedido não é medido na sua recuperação por esta proporção, e sim pela sua qualidade (os N C's de quem trata do assunto).

Parabéns, e continuem profetas do óbvio, como Cassandras a alertar para o eminente desastre. Certamente, salvarão do prejuízo muitos.

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Nota

Acrescento:

1) Construtoras pequenas, como por exemplo, uma que esteja operando em três prédios, tem apenas estes três prédios (uma obviedade) para alavancar um quarto que entre em construção. Uma maior tem, obviamente, mais "graus de liberdade". Noutras palavras, a primeira construtora tem a possibilidade de tomar as entradas (receitas) de um apartamento ou mais da obra 1, e colocar tal capital na execução da obra 2, da obra 1 e da obra 2 direcionar para a obra 3 e das três reunidas mobilizar-se para uma quarta.

Mas mais que este jogo de transferência de recursos, não pode fazer.

Podemos dizer que sua capacidade de captação sobre o próprio estoque (seu realizável) se esgota neste pequeno estoque, a "carga" que pode descarregar sobre cada um de seus produtos é alta, ou possui uma alta densidade de exigências. Já uma empresa com muito mais obras, pode ter, se com 100 unidades em execução, pra uma nova, apenas uma exigência de aproximados 1% sobre seus produtos pra a execução de uma nova obra. Mas percebamos que pouco interesa o tamanho da construtora. Ainda que seja enorme, se sua realização não suprir as demandas que está colocando no jogo, não tardará a se imobilizar, a minha "inoperacionalidade", já em marcha.

O velho "despir um santo para vestir outro", que num momento, com mais santos a vestir, deixa mais de um nu, inexoravelmente.

2) Uma construtora com centenas de imóveis a venda, pode ter uma "venda miraculosa", de um ganhador de grande prêmio de loteria, político corrupto que acabou de ganhar uma enorme propina, bicheiro, traficante boliviano (apelamos, claro, mas o argumento se mantém assim mesmo), até mesmo um honesto ex-proprietário de terras que resolveu mudar de investimentos, que lhe dê um fôlego instantâneo de caixa, comprando a caríssima cobertura, meia dúzia de apartamentos à vista por direto depósito bancário, líquido e imediatamente utilizável no jogo um tanto perigoso que mostramos acima.

Banalmente se entende isso pensando-se em uma lancheria de esquina e uma loja de grande rede de fast food. A pequena e isolada loja jamais terá o empresário que entrará e encomendará uma relativamente cara festa para seu filho, ou o filho de uma estimado empregado. Algo tão fácil de entender quanto, voltando a citar loterias, o senhor aposentado que joga um cartão por semana tem muito menos chances de ganhar um prêmio que o apostador semanal de 200 cartões. Tão simples quanto isso.

Em suma, a velha teoria do golpe um golpe sempre colapsa quando o número de "clientes" tem de ser proibitivamente maior, quando o capital tem de ser proibitivamente maior ou os tempos das operações tem de ser proibitivamente menores (velocidade insustentável). 

Os negócios excelentes são "golpes equilibrados", sempre em fluxo sustentável pelo mercado.

II

Recomendo: Mailson Ferreira Da Nóbrega; As empresas pagam tributos? - www.imil.org.br

mises.org.br


Tema que já tratei, indiretamente, aqui: Falácias de Alices (VI) - Um retorno ao tema do assistencialismo.

De onde agora repito:

Todos querem viver às custas do Estado, mas esquecem que o Estado vive às custas de todos. - Frédéric Bastiat 


E disto tiro: O estado pretende viver à custa de poucos, mal percebendo que destes, não conseguirá mais que pouca coisa, pois repassarão seus fardos aos muitos, que são sempre quem sustentam o estado.

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