quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

A triste saúde

 


Seguidamente ouve-se discursos das maravilhas do sistema estatal de saúde brasileiro. Pode-se aceitar sua universalidade, aceitamos, mas deve-se discutir sua qualidade.

Dentro das discussões que envolvem qualidade, alega-se sempre falta de verbas, e nem precisamos discutir aqui seus custos, que poderiam adentrar questões desde cargos e salários, contratos prejudiciais e até simples desvios, estruturas de corrupção que são históricas, chegando a ganhar a alcunha em certos círculos de “máfia branca”.


Mas vamos aos números, por país, e apenas como curiosidade, acrescentaremos o gasto por parte do congresso brasileiro, como amostra de nossas típicas distorções nos custos da máquina governamental.[Nota]


Assim, perceberemos que os gastos da população com sua própria estrutura de saúde estão dentro da proporção (até em alguns casos acima) de alguns dos países mais ricos da Europa e o caso destacado dos EUA, porém, o problema não é dessa proporção, e simplesmente é um problema de nossa geração de riqueza por cabeça, extremamente baixa comparada a estes países, o que gera a possibilidade de uma analogia à pressão fiscal de Frank (Pressões econômicas - 1


Tomando dados pelo PIB, podemos fazer uma analogia:



País

Gasto anual

PIB per capita

Gasto/PIB per capita

Gasto sobre o PIB

Pressão (x 1 milhão)

Suíça

7732

86.601,56

8,93%

12%

1,39

Dinamarca

5568

60.908,84

9,14%

10%

1,64

Noruega

6647

67.294,48

9,88%

10%

1,49

Holanda (Países Baixos)

5765

52.304,06

11,02%

10%

1,91

Suécia

5782

51.925,71

11,14%

11%

2,12

Áustria

5851

48.105,36

12,16%

10%

2,08

Brasil

848

6.796,84

12,48%

10%

14,71

Alemanha

6646

45.723,64

14,54%

11%

2,41

EUA

11072

63543,58

17,42%

17%

2,68

Congresso brasileiro

23600






Formato planilha: Gastos com saúde por país 


https://docs.google.com/spreadsheets/d/1UJXLRuZtFj0GgHoMhlSM4Umtax-NO1Y3R-Kx7qt6UuE/edit#gid=0 



Observe-se a discrepância entre gastos proporcionais à renda e a analogia da pressão fiscal de Frank, o que mostra difícil sustentação de tais gastos de saúde pela população brasileira, dada sua geração de riqueza per capita.


Números da QR Capital, no Twitter, 08/04/2021, e “Gasto com saúde - Mundo”


https://www.indexmundi.com/map/?v=2225&l=pt 




Acréscimos


1


Os dados da OCDE que põem o Brasil entre últimos em ranking de gastos em saúde - Daniela Fernandes - BBC News Brasil - 7 novembro 2019


“O Brasil gastou com saúde no ano passado US$ 1.282 (cerca de R$ 5,2 mil) per capita, montante que reúne recursos públicos e privados. O valor em dólar é ajustado em função da paridade do poder de compra nos países. O valor coloca o Brasil em 37º lugar na lista da OCDE, que inclui 6 países além dos 38 membros da organização.


Nos Estados Unidos, o total de gastos com saúde por habitante ultrapassou US$ 10 mil no ano passado. É o maior montante entre os países analisados no "Panorama da Saúde" da OCDE e a maior parte desse valor se refere a despesas públicas.”


2


Quais são os países que mais gastam com saúde?


Nos países que mais gastam com saúde, as despesas gerais oscilam entre 19% e 11% do PIB. Já olhando para as despesas públicas, o peso destes gastos fica, na maioria, abaixo dos 10%.


Mariana Espírito Santo - 17 Agosto 2021 - https://eco.sapo.pt/2021/08/17/quais-sao-os-paises-que-mais-gastam-com-saude/ 




Desse artigo, observamos que Cuba, com PIB pc de 9099,67 em 2019 (dados Google), gastos de 11,19%, chega a uma analogia da pressão fiscal de Frank de 12,30 , um pouco menos grave que a brasileira.


3


Países estão gastando mais em saúde, mas pessoas ainda pagam muitos serviços com dinheiro do próprio bolso - 20 fev 2019 - https://www.paho.org/pt/noticias/20-2-2019-paises-estao-gastando-mais-em-saude-mas-pessoas-ainda-pagam-muitos-servicos-com 


“Os gastos com saúde estão crescendo mais rapidamente que o resto da economia global, representando 10% do produto interno bruto (PIB) mundial. Um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) revela uma rápida trajetória ascendente dos gastos com saúde em todo o mundo, o que é particularmente notável em países de baixa e média renda, onde eles crescem em média 6% ao ano – em comparação com 4% em países de alta renda.”



Nota


Do período da publicação do tt da QR Capital, um comentário:


"O Brasil é um país de escravos, uma colônia de Brasília. As vezes fico impressionado com a apatia da sociedade com isso." - @DavidPaulistano  


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