sexta-feira, 6 de junho de 2025

Carga tributária e possíveis colapsos econômicos - 3

 A Hiperinflação como Falsa Solução e Marcha para a Insustentabilidade


Gemini da Google e Francisco Quiumento


Como apontamos, a inflação, especialmente em sua forma mais aguda (hiperinflação), não é uma solução, mas sim um sintoma grave de desequilíbrio econômico e uma marcha igualmente inexorável para a insustentabilidade por diversos motivos:

  • Destruição do Poder de Compra: A emissão descontrolada de moeda leva a uma rápida e acentuada perda do valor da moeda nacional. Isso erode o poder de compra da população, especialmente daqueles com renda fixa ou poupanças, gerando pobreza e desigualdade.

  • Desorganização da Economia: A imprevisibilidade dos preços dificulta o planejamento de longo prazo para empresas e indivíduos. Investimentos são paralisados, a produção é afetada e as relações comerciais se tornam caóticas.

  • Fuga de Capitais e Dolarização: A desconfiança na moeda nacional se intensifica, levando à fuga de capitais para moedas mais estáveis (dolarização da economia). Isso enfraquece ainda mais a moeda local e limita a capacidade do estado de conduzir políticas econômicas eficazes.

  • Injustiça Social: A hiperinflação penaliza desproporcionalmente os mais vulneráveis, que não têm mecanismos de proteção contra a perda do valor da moeda. A distribuição de renda se torna ainda mais desigual.

  • Colapso do Sistema Financeiro: A instabilidade monetária pode levar ao colapso do sistema bancário e financeiro, dificultando ainda mais as transações e o crédito na economia.

  • Instabilidade Política e Social: A deterioração das condições econômicas causada pela hiperinflação frequentemente leva a protestos sociais, instabilidade política e até mesmo convulsões sociais.

A Conexão entre Carga Tributária Excessiva e Hiperinflação:

É importante notar que a persistência em uma carga tributária excessiva e a subsequente dificuldade do estado em financiar seus gastos podem, em última instância, levar à tentação da emissão descontrolada de moeda. Se a economia está paralisada pela alta tributação e a arrecadação não é suficiente, o estado desesperado pode recorrer à "solução" da impressora de dinheiro, desencadeando o ciclo vicioso da hiperinflação.

Conclusão Reforçada:

Seja através da asfixia da atividade econômica pela carga tributária excessiva e má gestão, seja pela ilusória "solução" da emissão descontrolada de moeda, um estado que não administra suas finanças de forma racional e ignora os sinais de alerta está, de fato, trilhando uma marcha perigosa e com alta probabilidade de culminar em insustentabilidade econômica e, potencialmente, no colapso. A história econômica oferece inúmeros exemplos que corroboram essa análise.

A “dolarização”, será que é solução?

Talvez influenciada por essa cultura histórica do "século dos EUA" e pela frequência com que o dólar é o destino preferencial em crises, pode-se simplificar um fenômeno que é, de fato, uma busca por estabilidade cambial, e não necessariamente uma "dolarização" plena no sentido estrito da adoção formal do dólar como moeda oficial.

Essa observação é fundamental porque:

  • A busca é por estabilidade, não necessariamente pelo dólar: Em diferentes contextos históricos e geográficos, a moeda de refúgio pode variar. Em algumas situações, pode ser o euro, o franco suíço, ou até mesmo commodities como o ouro. O dólar é frequentemente o escolhido pela sua liquidez, aceitação global e histórico de relativa estabilidade (embora não imune a crises).

  • "Segurança que jamais plenamente existe": Essa é uma verdade fundamental nos mercados financeiros. Nenhuma moeda é absolutamente segura e livre de riscos. A fuga para uma moeda considerada mais estável é sempre uma aposta, baseada em expectativas e percepções de menor volatilidade e maior solidez institucional no emissor.

  • Agravamento macroeconômico interno: Mesmo que a fuga para uma moeda mais estável ofereça uma sensação de segurança individual ou para empresas com exposição internacional, ela invariavelmente agrava a situação macroeconômica interna. A saída de capitais enfraquece a moeda local, dificulta o financiamento interno, pode pressionar a inflação (via câmbio) e reduzir a capacidade do país de se recuperar da crise.

O fenômeno que descrevemos como "dolarização" é, de forma mais precisa, uma fuga para uma moeda de refúgio percebida como mais estável, impulsionada pela busca por segurança em um ambiente de incerteza e desconfiança na moeda local e na gestão econômica do país. Essa fuga, embora compreensível no nível micro, exacerba os problemas macroeconômicos internos, tornando a situação ainda mais delicada.

Essa observação enriquece a discussão e nos lembra da importância de analisar os fenômenos econômicos com uma perspectiva mais ampla e sensível aos diferentes contextos históricos e geopolíticos. A "hegemonia" do dólar nas últimas décadas moldou nosso vocabulário, mas a essência do movimento é a busca por estabilidade em meio à turbulência.

Nos cenários micro e macro

Notemos que a "dolarização" de custos e preços, embora utilíssima para a administração num ambiente altamente inflacionário, amortiza perdas, uma tábua de salvação para a microgestão em um ambiente de inflação galopante, mas no contexto macro, mesmo se disseminada pelo mercado, oferece um alívio ilusório, pouco contribui para evitar um colapso macroeconômico.

Vamos detalhar por que essa "dolarização" micro é uma faca de dois gumes no contexto macro:

Vantagens Micro (Alívio Tático):

  • Estabilidade de Referência: Ao referenciar preços e custos em uma moeda mais estável como o dólar, as empresas conseguem ter uma base de cálculo mais previsível, evitando a erosão constante do valor causada pela inflação local.

  • Proteção de Margens: Em setores com insumos ou concorrência internacional, a dolarização de preços ajuda a preservar as margens de lucro, que seriam rapidamente corroídas pela desvalorização da moeda local.

  • Facilidade em Transações Internacionais: Para empresas que importam ou exportam, a dolarização de preços e contratos simplifica as negociações e reduz os riscos cambiais.

  • Preservação de Valor de Ativos: Em alguns casos, ativos podem ser precificados ou denominados em dólar como forma de preservar seu valor em um ambiente inflacionário.

Limitações e Riscos Macro (Armadilha Estratégica):

  • Não Ataca a Causa da Inflação: A dolarização de preços é apenas uma adaptação aos sintomas da inflação, não uma solução para suas causas subjacentes (emissão excessiva de moeda, desequilíbrios fiscais, choques de oferta, etc.).

  • Pode Exacerbar a Inflação Local: Se muitos preços e salários forem indexados ao dólar, qualquer desvalorização da moeda local (que pode ocorrer como consequência da própria inflação ou de outros fatores) se traduzirá automaticamente em aumentos de preços internos, alimentando ainda mais o ciclo inflacionário.

  • Dificulta a Política Monetária: Uma economia amplamente dolarizada em seus preços e custos torna a política monetária do banco central menos eficaz. As ferramentas tradicionais, como a taxa de juros, têm um impacto menor sobre a inflação e a atividade econômica.

  • Aprofunda a Dependência Externa: A crescente referência ao dólar reforça a dependência da economia local em relação à moeda e à política econômica dos Estados Unidos, limitando a autonomia do país.

  • Não Resolve a Escassez de Moeda Estrangeira: Se a dolarização de preços não for acompanhada por um aumento na entrada de dólares (via exportações, investimentos), a demanda por dólar aumenta, pressionando a taxa de câmbio e podendo gerar instabilidade.

  • Pode Levar a uma "Ilha de Estabilidade" em um Mar de Caos: Setores ou empresas dolarizadas podem se sentir relativamente protegidos, mas a economia como um todo continua vulnerável aos choques inflacionários e à instabilidade macroeconômica. Essa "ilha" não está imune aos efeitos do colapso geral.

Conclusão:

A dolarização de custos e preços, embora ofereça um paliativo útil no nível micro para a administração em um ambiente inflacionário, é uma estratégia de adaptação, não de solução. No macro, se disseminada sem atacar as raízes da inflação e sem uma política econômica consistente, ela pode até mesmo agravar a situação, dificultando a estabilização da economia e pouco contribuindo para evitar um cenário de colapso. É como tentar conter um incêndio com baldes d'água enquanto o vento continua a espalhar as chamas.

A verdadeira solução reside em políticas macroeconômicas sólidas que combatam a inflação de forma estrutural e promovam a estabilidade da moeda local, restaurando a confiança e permitindo um planejamento econômico de longo prazo em moeda nacional. A dolarização de preços, em um cenário de crise persistente, é mais um sintoma da doença do que um remédio eficaz.


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