sexta-feira, 29 de julho de 2016

Lei de Campbell



“Para garantir uma seleção justa você todos recebem o mesmo teste.
Vocês devem escalar aquela árvore.” - stjohns.digication.com


A lei de Campbell é uma máxima desenvolvida por Donald T. Campbell,[1] um exemplo do efeito cobra:

"Quanto mais qualquer indicador social quantitativo é utilizado para a tomada de decisão social, mais sujeito será a pressões de corrupção e mais apto será para distorcer e corromper os processos sociais que se pretende monitorar.”

A lei de Campbell foi publicada em 1976 por Donald T. Campbell, um psicólogo social, um pesquisador experimental de ciências sociais e autor de muitas obras sobre metodologia de pesquisa. Uma formulação popular é: "Quando uma medida torna-se uma meta, ela deixa de ser uma boa medida." - o que é também chamado lei de Goodhart.

O princípio de ciência social da lei de Campbell às vezes é usado para apontar as consequências negativas de testes de alto risco nas salas de aula dos EUA.[2] Isto pode assumir a forma de ensinar para o teste ou levar ao engano total.[3] Um exemplo é The High-Stakes Education Rule (A Norma de Educação de Alto-Risco) como descrita no Learning-Disadvantage Gap (Intervalo de Desvantagem na Educação).[4]


Regras similares

Ideias intimamente relacionadas são conhecidos sob nomes diferentes, e.g. a lei de Goodhart, e a crítica de Lucas. Outro conceito relacionado à lei de Campbell emergiu em 2006 quando os pesquisadores do Reino Unido Rebecca Boden e Debbie Epstein publicaram uma análise de ‘política baseada em evidências’, uma prática defendida pelo Primeiro Ministro Tony Blair. No artigo, Boden e Epstein descrevem como um governo que tenta basear a sua política em evidências pode realmente acabar por produzir dados corrompidos por causa deles, "pretende capturar e controlar o conhecimento produzindo processos até ao ponto em que este tipo de ‘pesquisa’ pode melhor ser descrito como ‘política baseada em evidências’."[5] (Boden and Epstein 2006: 226)

O que Campbell também afirma neste princípio é que "testes de desempenho podem muito bem ser valiosos indicadores de desempenho escolar geral em condições normais de ensino destinadas à competência geral. Mas quando os resultados dos testes se tornam o objetivo do processo de ensino, ambos perdem o seu valor como indicadores de status educacional e distorcem o processo educacional de maneiras indesejáveis. (Tendências similares, é claro, cercam a utilização de exames objetivos em cursos ou como exames de admissão.)"[1]   


Notas

1.Campbell, Donald T. "Assessing the impact of planned social change". Evaluation and Program Planning 2 (1): 67–90.doi:10.1016/0149-7189(79)90048-X


3.Aviv, Rachel (21 July 2014). "Wrong Answer". The New Yorker.

4.The Learning-Disadvantage Gap of Socio-Academic Discrimination - www.allartsallkids.org



Referências
  • Rothstein, Jesse (University of California - Berkeley) "Review of Learning About Teaching" National Education Policy Center, 1/13/11. nepc.colorado.edu
  • "Learning About Teaching" Bill & Melinda Gates Foundation, 12/10/10. www.gatesfoundation.org
  • Berliner, David C. & Nichols, Sharon L. "High-Stakes Testing Is Putting the Nation At Risk" Education Week, 3/12/07.www.edweek.org
  • Nichols, Sharon L. & Berliner, David C. "The Inevitable Corruption of Indicators and Educators Through High-Stakes Testing" The Great Lakes Center for Education Research & Practice, East Lansing, MI, March 2005.epsl.asu.edu
  • Nichols, S. L., & Berlner, D. C. (2007). Collateral Damage: How high-stakes testing corrupts America's schoolsCambridge, MA: Harvard Education Press
  • Phelps, R. P. (2013, April 15). "Campbell's Law is Like Campbell's Soup: Ubiquitous and Innocuous" Education News. www.educationnews.org



Nesse blog:




Extras


“Estatística é uma boa ferramenta, usada amplamente, mas lembrem-se que Estatística é como um biquini, o que revela pode ser bastante divertido. Mas, o que ele esconde é mais vital.”
* Com as devidas desculpas às senhoras. Por favor, levar no sentido mais leve.



"Qualquer que seja o indicador social mais quantitativo utilizado para a tomada de decisão social, mais sujeito está à pressões de corrupção e mais apto será em distorcer e corromper  processos sociais que pretendia monitorar."


O Efeito Rato

Uma variação bem evidenciada do efeito cobra.

O termo “efeito rato” é um elemento cultural surgido a partir do momento em que os franceses haviam colonizado parte da então Indochina. Como parte de uma estratégia para livrar uma determinada área de Hanói dos ratos, o governo instituiu uma política em que os cidadãos seriam pagos para matar os ratos. A fim de ser pago pela morte do rato, só necessitava apresentar a cauda do animal para se qualificar para o pagamento.

O que acabou acontecendo foi que as pessoas que deveriam fazer a matança dos ratos apenas cortavam as caudas dos ratos, e libertavam-nos de volta aos esgotos procriando mais ratos. Com a procriação de mais ratos, os assassinos de ratos tiveram mais oportunidade de lucro.

Safety, Campbell’s Law, & The Rat Effect - www.safetyproresources.com

O conceito é alterado, de modo cômico, no filme Operação Canadá (Canadian Bacon, 1995 - www.imdb.com ; en.wikipedia.org ), onde após o colapso econômico de uma cidade envolvida com a produção de mísseis, com o final da Guerra Fria, devido ao desemprego, muitas pessoas suicidam-se nas Cataratas do Niágara, levando o governo a pagar um certa quantia em dólares por quem impeça suicidas, mas pagando mais por corpos recolhidos, e em consequência disso um casal incentiva aos gritos, num barco, que desesperados pulem.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Lei de Goodhart - 2


All metrics of scientific evaluation are bound to be abused. Goodhart’s law (named after the British economist who may have been the first to announce it) states that when a feature of the economy is picked as an indicator of the economy, then it inexorably ceases to function as that indicator because people start to game it.

Mario Biagioli; Watch out for cheats in citation game; Nature; volume 535, page 201, 14 July 2016 - doi:10.1038/535201a


noahpinionblog.blogspot.com

Tradução:

“Todas as métricas de avaliação científica são obrigadas a serem abusadas.[Nota] A lei de Goodhart (em homenagem ao economista britânico que pode ter sido o primeiro a anunciá-lo) afirma que, quando uma característica da economia é escolhida como um indicador da economia, então ela inexoravelmente deixa de funcionar a partir desse indicador porque as pessoas começam a jogar.[Nota]

Nota: O termo “abusadas” no sentido de serem burladas, como, por exemplo, a previsão de que o câmbio se alterá em tanto e com essa afirmação, o mercado e até o estado (banco central, normalmente) reaja, respectivamente para especular e o segundo, em tentativas de impedir a especulação, normalmente gerando ainda mais especulação, como nas típicas operações de câmbio, seja de compra ou venda, nas quais os especuladores esperam a ação do estado para lucrar com as diferenças produzidas.

Da mesma maneira que “todo sistema sobre o qual não se produza ação tende ao caos”, máxima de Administração e Engenharia, “todo o sistema (econômico-financeiro) sobre o qual aplique-se previsão implica em reação que vise o ganho”.

Consequentemente, o termo “jogar” no sentido de especular - típico do mundo das finanças - ou produzir “manobras”, como certas falácias, como se vê, por exemplo, no campo das mudanças climáticas, muito mais científico que econômico. Para explicar a imensa diferença entre a visão “verde” de mundo e a econômica, basta-nos exemplificar que o aquecimento global propiciaria imensa área agriculturável no hemisfério norte, em especial, Rússia e Canadá, e sensível redução dos gastos com calefação.

No mundo da publicação científica, o foco de Biagioli nesse texto é o “impacto” de uma publicação.

Destacamos:

The community must realize that, unlike previous fraudsters, from the unknown hoaxer who planted a mixture of bones in a British gravel pit at Piltdown to that of Paul Kammerer, who is blamed for linking features onto the feet of midwife toads to support Lamarckianism evolution, academic misconduct is no longer just about seeking attention. Many academic fraudsters aren’t aiming for a string of high-profile publications. That’s too risky. They want to produce — by plagiarism and rigging the peer-review system — publications that are near invisible, but can give them the kind of curriculum vitae that matches the performance metrics used by their academic institutions. They aim high, but not too high.

Nossa tradução:

“A comunidade deve perceber que, ao contrário de fraudadores anteriores, desde o fraudador desconhecido* que plantou uma mistura de ossos em um poço de cascalho britânico em Piltdown ao de Paul Kammerer, que é acusado de ligar características aos pés de sapos-parteiros para apoiar a evolução Lamarckiana, má conduta acadêmica já não é apenas sobre a busca de atenção. Muitos fraudadores acadêmicos não estão apontando para uma série de publicações de alto perfil. Isso é muito arriscado. Eles querem produzir - por plágio e remanejar o sistema “revisão por pares” - publicações que estão próximas do invisível, mas pode dar-lhes o tipo de currículo que coincide com as métricas de desempenho utilizados pelas suas instituições acadêmicas. Eles sonham alto, mas não muito alto.”

Noutras palavras: busca-se com isso o relativo destaque, não “a glória eterna”.
* Nem tanto, na verdade...

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Pregações, Piketty e piquetes - 1


Pérolas de Renato Janine Ribeiro



Leio textos desse senhor na revista "Filosofia - Ciência e Vida".

Lá já tenho de aturar um permanente “melancia”, que inclusive abre texto com “dinheiro não é nada”. Tem-se de ter paciência com “filósofos” nacionais.
Mas sejamos diretos:

-Por favor meu senhor, cale-se!

O país já tem "keynesianos de quermesse" (by Alexandre Schwartsman) demais, e exatamente pelo que os austríacos já há muito alertaram, acabou no que acabou, embora ainda tenha-se muito poço para descer e “alçapões para abrir”, questão só de mais tempo.

Tempo, aquela coisa que sempre vem, inexoravelmente e em fluxo constante, e que cobra dos que ainda estão vivos, produzindo no meio do caminho mais e mais mortos.

Como bem lembrado por um conhecido no Facebook, quando da divulgação do espasmo de boas intenções - e péssimos métodos - do acima, quando assumiu o Ministério da Educação, teve a magnífica oportunidade de fazer muito, e tendo tido uma presença tão efêmera, em pouco resultou.

Não cito o nome do conhecido pois o chamou de “idiota útil”, o que não julgo adequado. Digo que é mais um “iludido servil”, ainda que bem formado, pavimentando a estrada para o inferno do atraso sustentável a estrada que já trilhamos com as pedras de lixo douradas das boas intenções dos “ditos de esquerda”.

E no meio do pequeno berreiro de travestida bondade, tem o raciocínio nas entrelinhas de Thomas Piketty e outros. Adiante, em anexo, os “pequenos problemas”.

Outro frequentador dos comentários alertou, assim como também alerto, que ele não sabe o que é liberalismo ou está querendo converter liberais em socialistas.
Outro frequentador ainda colocou que não é* contra políticas publicas de combate à pobreza, e seria contra a forma com que elas vem sendo feitas**.

*E nenhum liberal na verdade seria propriamente, vide bolsas nas mais capitalistas das universidades, programas de feiras de ciências e olimpíadas de praticamente qualquer área do conhecimento humano

**Somo: sem os resultados pretendidos e colapsando, tal como previsto e natural.

O colapso natural se e deve ao que denominei “pseudo-keynesianismo”: a oferta desde vagas em qualquer coisa até o incentivo direto por capital (triste ironia) sem a contrapartida exigida do trabalho, da produtividade, do retorno de qualquer tipo, inclusive para a sua perpetuação. “Bolsas miséria” são o aspecto no fundo mais perverso de todo o sistema, pois, ao final, geram preços locais que concentram ainda mais a riqueza, pois esta não é acumulação, e sim, fluxo. Reter o fluxo é o que é confundido com a acumulação, e acelerá-lo no que seja sua saída, os gastos, é o que produz a ‘miserabilização’ (e para desespero de quem confunde classe com algo como “casta”, o que produz a falência, mesmo dos mais ricos).

Nessas bolsas e incentivos, volto a tratar do que o final veio a ser tornar “baratear a cultura de ricos”, que é um exótico e incoerente mecenato ao invertido. O alguém acha que o habitante da comunidade, ainda que o ingresso tenha caído pela metade, um terço ou que seja o décimo, quer assistir Pavarotti (como foi o caso), ou mesmo, sob certa análise de conteúdo, o “teatro de comunidade”, e nisso, passamos pela peça da consagrada - e muito bem paga até por empresas de capitalistas produtos de consumo - estrela de novela e cinema.

Não há almoço grátis, assim como também não há, por exemplo, peça de teatro, mesmo na mais descoberta praça.


Anexos

Os erros de Piketty

Recomendamos:
Chris Giles; Piketty findings undercut by errors; May 23, 2014 - www.ft.com

Nesses pontos já se vê o permanente erro dos ditos de esquerda, desde os tempos de Marx, da equação L=m/C, ainda que levemente modificado, que o lucro decai pois a mais-valia (seja em que nova roupagem) dividido pelo capital acumulado que sempre cresce, resulta numa curva decrescente.

Tratei disso longamente aqui:

Chutando “Alices”, o retorno - 1 - Liberalismus

Falácias de Alices (III) - L=m/C - A falácia de uma equação sem nexo - Liberalismus

E na série:

Teorema de Okishio - Liberalismus

Teorema de Okishio - 2 - Liberalismus

Teorema de Okishio - 3 - Liberalismus

Teorema de Okishio - 4 - Liberalismus

Teorema de Okishio - 5 - Liberalismus

Teorema de Okishio - 6 - Liberalismus

Nota mental: Transferir estes textos para a Wikipédia, que é a quem pertencem.

Mas abordaria a questão de uma maneira muito mais simples.

Digamos que numa sociedade “modelar”, tenhamos uma população de 100 indivíduos que tenha uma proporção de 1 para 100 entre a “fortuna” do único mais rico para os demais (99) pobres. Diferença óbvia de 99 “unidades de medição de riqueza” (umr).

Essa população então tem um total de riqueza de (1*100)+(99*1)=199 de nossas “umr”. Logo, média de 1,99 umr.

Após determinado tempo, como percebe-se mesmo no mais miserável país da África, Ásia ou América latina, pois ditos esquerdistas sempre insistem que só certos centros geram riqueza distribuída (mesmo contrariando o próprio Piketty, que agora tanto citam), a razão entre ricos e pobre nessa sociedade modelar continue 1 para 100, mas agora em “fortunas“ três vezes maiores (pouco mais de 100 anos de crescimento a 1% ao ano) e resulte em novas riquezas de 3 contra 300, diferença de 297 umr

Temos, portanto, agora (1*300)+(99*3)=597, média de 5,97.

Melhores ganhos para todos, apenas com alguém acumulando (retendo fluxo!) muito maior. Pobres com 3 vezes mais, talvez invejando alguém bem mais apto a reter mais, inclusive, propiciando que seu palácio no meio de nosso modelo pague mais e melhor que o cuida.

Mas não satisfeito com a diferença ser maior, mas desejando uma maior concentração?

Sem problemas!

Aumentemos a proporção, fazendo 1 de nossos seres modelares com ganhos agora de 2 (pior que a situação anterior) e o capitalista afortunado com 600 umr (o dobro!).

Novamente, banalmente, (1*600)+(99*2)=798, média de 7,98, diferença de 598, proporção de 300 vezes.

Sim, temos aumentou no que seja a desigualdade, pela diferença, ou “distância”, como preferirem, mas ainda sim, média e mesmo a base dos mais pobres melhorou!

Bastaria qualquer diferencial na base dos mais pobres para haver uma melhora para estes.

Podemos dizer que uma preocupação com esta “distância” tem motor numa “inveja”, não propriamente no que seja a preocupação com as condições gerais.

Poderia colocar aqui um Q.E.D., mas nem se precisa, pois a insustentabilidade do que seja uma “desgraça” para Piketty e outros é o “motor” da questão.

Um motivo para que a média necessariamente aumente é  geração global de riqueza arrastada pelos mais ricos, “empurrada” e “a reboque”. É por isso que o Brasil era mais rico que os EUA num determinado momento, ao tempo de Mauá e dos diversos “barões ladrões”, os magnatas da industrialização diria brutal estadunidense***, e mesmo com as mais diversas falências (redistribuição, esquerdopata apedeuta!), ainda sim vemos a brutal diferença de escala e per capita entre nós, hoje.

***Uma turminha barulhenta que produzia riqueza de maneira inigualável, mas ia da pior ética na concorrência ao resolver greves na bala.

Com um conjunto de exemplos marcantes, a queda da rainha dos ares, a PANAM, é que propiciou a redistribuição do mercado de companhias aéreas estadunidenses, na mesma maneira, em contrapartida, que a empresa tratada como um estatal corporativista que foi a VARIG gerou seus pensionistas abandonados.

Poucas coisas são mais divertidas que socializar o capital poupado dos outros para “capitalistamente”, investir sabe-se lá em que fornalha de se torrar dinheiro irresponsavelmente (mas, claro, com algo como uma comissão que seja bem protegida).

Só lamento, tristes fatos.

Guarda conflito, mesmo com o criticismo que se faz, com as críticas feitas a Piketty e outros, e merece tradução:


Iniciemos:

“Em economia, uma curva de Kuznets representa graficamente a hipótese de que na medida que uma economia se desenvolve, as forças do mercado, primeiro, aumentam e depois diminuem a desigualdade econômica. A hipótese foi avançada pela primeira vez pelo economista Simon Kuznets na década de 1950 e 60.

Uma explicação de tal progressão sugere que no início de oportunidades de investimento de desenvolvimento para aqueles que têm dinheiro se multiplicam, enquanto um fluxo de trabalho rural barato para as cidades mantém os salários baixos. Considerando que, em economias maduras, o acúmulo de capital humano (uma estimativa de custo que foram incorridas, mas ainda não pagos) toma o lugar de acumulação de capital físico como a principal fonte de crescimento; e a desigualdade retarda o crescimento, diminuindo os níveis de educação, porque mais pobres, as pessoas desfavorecidas não têm financiamento para sua educação nos mercados de crédito imperfeitos.”