Stephen Kanitz em um artigo propõe um novo mandamento: "Jamais comprarás a prazo".
Eu jamais faria afirmação tão "seca". Inclusive, primeiro ponderaria, como agora está sendo feito, de determinadas compras parceladas em relação a determinados investimentos, para verificar se em cada caso realmente vale a pena a compra à vista (exatamente pois o desconto oferecido, num preço limite apresentado, não vale a pena frente a desmobilização de um capital de um determinado investimento).
Porém, sempre defenderia que uma compra a prazo só tem nexo, "banalmente", para bens com alguma capacidade de retorno, com meu sempre preferido exemplo de uma máquina de costura comparada com uma televisão de mesmo valor. Uma máquina de costura é um bem de capital para uma senhora costureira, uma televisão, apenas um bem de consumo, para qualquer um, excetuando-se os raros casos de ser colocada num bar, por exemplo, para atrair clientes. Mas acredito que os simplíssimos exemplos foram aqui bem entendidos.
Alguns argumentam que o endividar-se produz motivação para o trabalho, visando cobrir o débito (ou "lenga" parecida). Eu perguntaria por qual motivo eu teria de trabalhar a mais devido a ter de aceitar pagar juros adicionais ao preço à vista?
Como Stephen Kanitz bem alerta, o consumo deve ser a recompensa pelo trabalho, não sua motivação. Aqui, longas leituras dos fragmentos que nos sobraram dos filósofos cínicos (como Diógenes) deveriam ser obrigatórias em nossas escolas. O TER nunca pode ser satisfeito, apenas o SER. E o SER independe do que podemos chamar, pelos parâmetros atuais, de um termo um tanto corrompido, o "consumo".
Mas tem,os sido compelidos à trocar o tempo de continuarmos sem uma televisão (ou com um de 29 polegadas de "tubo", ainda perfeita em seu funcionamento), por uma de 40 polegadas de LCD, AGORA.
Claro que este tempo custa dinheiro, e exatamente pelo que o mercado quer cobrar do dinheiro que tomamos por este tempo.
Vejamos uma compra dita "muito bem feita" de uma televisão de 900 reais em 12 prestações, com juros "módicos" de 1,9% ao mês:
Deixei até um "saldinho de troco" para o cliente.
Comparemos com uma capitalização em uma muito mal remunerada poupança de 0,5% de rendimento ao mês.
Percebe-se que sobrou até para comprar um DVD player de alguma qualidade.
Observe-se também que já ao 11° mês, tem-se o capital com folga para comprar a televisão.
Sem falar que restaram ainda uma diferença de uns 28 reais em relação de "conta corrente" e outra.
Precisa se explicar alguma coisa além de que paciência é só o que necessita-se?
Na próxima blogagem, continuo este tema, em outros detalhes.
Sugestão de leitura
Stephen Kanitz; Compre sempre à vista ; Artigo Publicado na Revista Veja, edição 1742, ano 35, nº 10, 13 de março de 2002, página 20.
Extras
Não poderia dar noutra coisa, considerando-se, em delírio, que (1) o mercado sempre estará em expansão, que (2) as pessoas continuarão refratárias a achar que ao comprar um bem de depreciação de 20% ao ano, não terão após um ano que desembolsar estes mesmos 20% para repô-lo, que (3) as pessoas continuarão fugindo da realidade em que gastar 2 horas no trânsito custa o mesmo que gastariam se fossem em ideais 20 minutos para seu trabalho apenas considerando-se a distância e a velocidade, que (4) uns 9 reais por dia, uns 270 por mês, por exemplo, serão convertidos em algo minimamente parecido com "economia" quando passassem a ir em seu carro próprio, etc.
Não necessito lembrar que estas diminuições de produção/venda acarretarão demissões, reduções de jornadas (a começar, mesmo sem as demissões, pelas diminuições das horas extras, aquelas que foram acrescidas até para pagar compras feitas a prazo) e todo um "efeito dominó" na economia.
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Alguns argumentam que o endividar-se produz motivação para o trabalho, visando cobrir o débito (ou "lenga" parecida). Eu perguntaria por qual motivo eu teria de trabalhar a mais devido a ter de aceitar pagar juros adicionais ao preço à vista?
aldoadv.wordpress.com
Como Stephen Kanitz bem alerta, o consumo deve ser a recompensa pelo trabalho, não sua motivação. Aqui, longas leituras dos fragmentos que nos sobraram dos filósofos cínicos (como Diógenes) deveriam ser obrigatórias em nossas escolas. O TER nunca pode ser satisfeito, apenas o SER. E o SER independe do que podemos chamar, pelos parâmetros atuais, de um termo um tanto corrompido, o "consumo".
Mas tem,os sido compelidos à trocar o tempo de continuarmos sem uma televisão (ou com um de 29 polegadas de "tubo", ainda perfeita em seu funcionamento), por uma de 40 polegadas de LCD, AGORA.
Claro que este tempo custa dinheiro, e exatamente pelo que o mercado quer cobrar do dinheiro que tomamos por este tempo.
Vejamos uma compra dita "muito bem feita" de uma televisão de 900 reais em 12 prestações, com juros "módicos" de 1,9% ao mês:
Deixei até um "saldinho de troco" para o cliente.
Comparemos com uma capitalização em uma muito mal remunerada poupança de 0,5% de rendimento ao mês.
Percebe-se que sobrou até para comprar um DVD player de alguma qualidade.
Observe-se também que já ao 11° mês, tem-se o capital com folga para comprar a televisão.
Sem falar que restaram ainda uma diferença de uns 28 reais em relação de "conta corrente" e outra.
Precisa se explicar alguma coisa além de que paciência é só o que necessita-se?
Na próxima blogagem, continuo este tema, em outros detalhes.
Sugestão de leitura
Stephen Kanitz; Compre sempre à vista ; Artigo Publicado na Revista Veja, edição 1742, ano 35, nº 10, 13 de março de 2002, página 20.
Extras
jornalpp.com.br
Não poderia dar noutra coisa, considerando-se, em delírio, que (1) o mercado sempre estará em expansão, que (2) as pessoas continuarão refratárias a achar que ao comprar um bem de depreciação de 20% ao ano, não terão após um ano que desembolsar estes mesmos 20% para repô-lo, que (3) as pessoas continuarão fugindo da realidade em que gastar 2 horas no trânsito custa o mesmo que gastariam se fossem em ideais 20 minutos para seu trabalho apenas considerando-se a distância e a velocidade, que (4) uns 9 reais por dia, uns 270 por mês, por exemplo, serão convertidos em algo minimamente parecido com "economia" quando passassem a ir em seu carro próprio, etc.
Não necessito lembrar que estas diminuições de produção/venda acarretarão demissões, reduções de jornadas (a começar, mesmo sem as demissões, pelas diminuições das horas extras, aquelas que foram acrescidas até para pagar compras feitas a prazo) e todo um "efeito dominó" na economia.
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