quarta-feira, 7 de julho de 2010

Esquerdadas I


Uma interessante pregação dos esquerdistas é que regimes comunistas fazem bem aos países onde foram implantados (ou impostos). E aqui definamos esquerdistas não como aqueles que propõe uma melhor divisão da riqueza, mas aqueles que proponham uma estatização completa dos bens de capital, uma política de partido único - como se tal fosse 'política' - em outras palavras, cada uma das linhas da cartilha comunista de moldes Leninistas (outras cartilhas mudam no político, mas pouquíssimo no econômico e convergem para o desastre de sempre, e quando não, para tropeços e uma aterrissagem até suave numa volta aos "padeiros de Adam Smith").


Devemos deixar bem claro que regimes que "puxam à esquerda", como muitos dos governos europeus e até mesmo, sob determinados aspectos, o brasileiro, em nada guardam no profundo com o que seja realmente um 'governo de esquerda' propriamente dito.

Hoje, um governo de esquerda propriamente dito é o governo cubano, que já começa, na própria liberalização de barbeiros e cabelereiros (quase gargalho ao usar este exemplo) a convergir para uma liberalização de seu patológico estatismo, por simples inoperacionalidade. Já o Vietnã é uma miniatura da China, com suas fábricas de tênis que são exportados inclusive para nosso Brasil, em larga escala. A Coréia do Norte, anacronicamente, é um sistema feudal travestido de um regime comunista, e tornou-se, ironicamente, uma exótica "monarquia stalinista".

É curioso que alguns defensores do, sejamos diretos, comunismo, pregam que a história mostra que a implantação de sistemas comunistas, inclusive pulando o detalhe da implantação de regimes totalitários, tragam o bem comum.

Faria uma analogia com o uso de esteróides anabolizantes. É óbvio que num primeiro momento, os ganhos de força/volume muscular/velocidade são "benéficos". O problema é o 'pós'.

Como os, como chamo, "esquerdinhas" adoram dizer, vamos aos fatos:

A Rússia era uma monarquia feudal, agrícola e atrasada ao ponto de possuir até exóticas escravidões "brancas" antes da revolução de 1917. Com 50 anos de comunismo, com até brutais políticas de mecanização do campo e 'eletrificação' da produção, os soviéticos mantiveram durante um bom tempo a vanguarda em diversos campos tecnológicos, como na corrida espacial* (e ainda mantém o antigo bloco, como, por exemplo, na fabricação dos maiores aviões de carga do mundo). Até feitos sem grande utilidade prática, como a construção da maior bomba nuclear de todos os tempos, de 57 megatons - que ironicamente, deixou meses os soviéticos sem nylon para qualquer fim em função da confecção de seus paraquedas.

*O próprio programa espacial soviético não foi focado jamais na geração de riqueza, temos de definir, consequente, como nas comunicações, e prestou-se apenas para um paralelo do programa militar e propaganda.

Mas o 'pós' este surto de produção e riqueza, que se deve até a imposição dos programas, métodos e objetivos do estado, mostrou claramente suas consequências e o quanto escondia.

Caminho completamente diverso trilhou a China, que passou de colônia inglesa (entre outras nações europeias), a estado paupérrimo enfrentando os japoneses - num perídodo no qual contou mais uma vez com sua já longeva boa relação com os EUA, do qual já dispunha quando era divivida em sem número de colônias e presenças exploratórias das nações européias, a um estado falido e anômalo, que a conduziu, exatamente pelos mesmos motivos russos, à revolução. O diverso se dá quando, mais uma vez com boas relações com os EUA, e a meu ver o maior de todos os méritos de Nixon, conduziu-se para deixar o caminho já não producente do comunismo, passando a ser um estado capitalista por excelência (lógica e somente, no econômico), com fortíssima presença e atuação do estado na economia, mas com abertura total às economias do mundo (ainda que sob, repito, rígida atuação, participação e controle do estado) e tornando-se, sob toda a análise, o parque industrial do primeiro mundo.**

** Do qual só não se torna quando economias menos prudentes tentam ir na contra-mão, tentando enfrentar sua capacidade inigualável de produzir bens de consumo.

No meio deste processo, a China também construiu bombas atômicas, satélites e adiante, já sobre o que chamo de "um novo mandarinato usando a cor vermelha e não a amarela", perpetuou, com continuidade, e agora propulsionada pelo capital, tecnologia e intercâmbio de informações com os países ricos, tais programas. Mas onde antes produzia para seus cidadãos apenas feios trajes padronizados azuis acinzentados, permite que tenham a liberdade tanto de produzir quanto de usar ternos das grifes ocidentais. Onde antes não permitia mais que bicicletas aos seus "camaradas", agora tem problemas com suas ruas engarrafadas de carros esportivos europeus, para os mais abastados, e modelos populares, e tanto carros para os "capitalistas" quanto os trabalhadores, geram riqueza para todos na teia de circulação de riqueza.
 

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