sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Desnudando Alices - 1


e, como bom capitalista, roubando suas melancias.
rachelcarrera.wordpress.com

Recentemente, fiz alguns comentários em vídeo no Youtube sobre, mais uma vez, um personagem com “argumentação” (note-se as aspas) mostrando o “fim do capitalismo”, algo que é mais ou menos um análogo na Geometria de demonstradores da tríplice partição do ângulo, ou da quadratura do círculo com régua e compasso.

A série de vídeos é a seguinte:

Por que é o FIM do Capitalismo? PARTE 1: https://www.youtube.com/watch?v=UQw_pt1fhLU

FIM DO CAPITALISMO? Parte 2 - https://www.youtube.com/watch?v=0hWxVhCZv5g

Por que é o FIM DO CAPITALISMO? Parte 3 - https://www.youtube.com/watch?v=w2WblVrShOw

Por que É O FIM DO CAPITALISMO? PARTE 4 - https://www.youtube.com/watch?v=eQRHDDMIwJw

Concentrei-me em comentários no vídeo (2), pelo seu tema sobre a clássica e errada equação L=m/C, onde ocorreu o “debate” (note-se novamente as aspas) e a argumentação “melancia”, que é a que quero tratar aqui.

* “Melancias” é o apelido jocoso daqueles que usam a questão ambiental como arma de luta ideológica contra o capitalismo, já que eles são verdes por fora, mas vermelhos por dentro. - O primeiro erro dos "melancias" - http://tomatadas.blogspot.com.br/2011/10/o-primeiro-erro-dos-melancias.html

Nos nossos arquivos [ O primeiro erro dos melancias ]

O “debate” enveredou por um número ”gracioso” de campos que merece tratamento, e como é nosso segredo, permitindo pelo confronto a captação de um bom número de pontos a tratar.
Uma observação: Marxistas e congêneres são os análogos para a Economia do que os criacionistas são para a Biologia, a Geologia, A Física Nuclear aplicada (datação geológica e paleontológica) a Astrofísica e a Cosmologia, e recentemente, percebe-se, para o “Ambientalismo” e seus campos de estudo.

O primeiro passo foi um post rápido, que adiante, desdobraremos nos diversos pontos tratados.
Francisco Quiumento (FQ):

Nossa, ainda esse tipo de argumento?

L=m/C ainda?[1]

Com todos os erros que a esparrela de Marx e outros tem?

Nem caiamos em questões basais como que o valor não é oriundo do trabalho*, nem mesmo com questões posteriores como o teorema de Okishio.[2]

* Leia-se: mais-valia é uma bobagem.

Evidentemente, a ideia "brilhante" dos bens eternos e indestrutíveis permanece, a genial percepção de uma depreciação nula.[3]

Infelizmente, a entropia pouco se lixa para esse delírio.[4]

Faltou, como sempre, o cair a ficha de que o lucro é um resíduo, e parece bem claro que expressa-se não em algo como capital, mas nos próprios bens e serviços que os "ricos" consomem.[5]

‘Etc e etc’, erro após erros, todos mais que velhos.

Por favor, mais leitura e menos berreiro.

Ou pode continuar com os devaneios, e esperando seus desejos de utopia providente até a morte.

Não vai ser o primeiro nem será o último iludido.

Só lamento.



Explicações

1

L=m/C

“Lucro é igual a mais-valia sobre capital.”
Baseado na equação simplória e errônea acima Marxistas e outros acreditam - e piamente - que o capitalismo chegará num momento de colapso ou inviabilidade, quando então, profecia das profecias - e uma argumentação negativa - de Marx, será substituído pelo comunismo ou coisa similar.

Tratei numa primeira vez o problema sob certos aspectos aqui:

Falácias de Alices (III) - L=m/C - A falácia de uma equação sem nexo


Nos últimos anos, percebi que mais aspectos podem ser tratados, que coloquem tal profecia - e essa equação - como uma clara bobagem, e não há outro termo.
Uma primeira argumentação simples é que C é acumulado, e ao que parece, por mais dourados que sejam os castelos onde morem os proprietários de bem de capital, mesmo esse sendo fixo em capacidade e escala, ainda sim o fluxo de lucro (mesmo dentro de uma dogmática marxista) pode se manter constante.

Um exemplo que me parece claro são o dos centenários produtores de essências perfumes ou vinhos, ou mais ainda, os produtores de azeite. Podemos afirmar - mesmo com o grave erro já apresentado pelas perdas e relacionadas falências, que sempre há uma geração de lucro nas operações, e esse se acumula em propriedades, expansões e sofisticação da produção, e pouco interessa se essa alíquota de valor que é o lucro continue sendo extraído no processo, mesmo, pasmemos da ingenuidade matemática dos marxistas, de explorados trabalhadores.

Uma observação: Comparar um valor acumulado com um de fluxo ou taxa é afirmar algo tão absurdo como dizer que uma torneira gotejando sofre influência do volume acumulado em uma caixa d’água que por esse gotejar está sendo abastecido. A caixa poderá já ter 100, 200 ou mil litros, e ainda sim, cairão, por exemplo, 10 gotas por minuto (o “lucro sendo roubado no temo”), e é evidente, embora inútil que cada gota (aproximadamente 1/20 de mL) a cada acúmulo será proporcionalmente menor que o acumulado.

Mas é claro que aqui, “Alices”, desonestas intelectuais como são, afirmarão que quando o volume acumulado chegar a determinado nível, atingirá o gotejamento. Óbvio que farão isso, pois não só entendem analogias físicas como também não entendem que analogias são sempre limitadas.

Mas há uma argumentação mais simples, muito mais óbvia, elementar. Imaginemos a senhora dona de uma pensão, seja de que tamanho for. Ela tem a cobrança de seus baixos aluguéis, e “explora” aqueles que necessitam e seu espaço, seu imóvel que é colocado nessa atividade. Parece-me que é óbvio que seu desejo é que receba esses aluguéis pela eternidade - uma impossibilidade biológica, segundo consta - pouco interessando que em função dele, já mora há anos numa mansão, pela acumulação de valor expresso nessa aquisição para seu conforto e até seus luxos. Pouco interessa que o valor total dos aluguéis decaia em relação ao valor da mansão adquirida, seus vasos e tapetes (que por sinal, não expressam capital “per se”, e sim, representam que ele foi transferido inclusive a quem os vendeu e produziu, para alegria talvez de outros trabalhadores explorados, que sem tal exploração, renda alguma parece-me que teriam.

Mas retornemos á finita no tempo senhora, como todos somos. Claro que os herdeiros desejam continuar esse processo “ou não” (pois marxistas - “Alices” - tem uma certa dificuldade em entender mudanças de ramo, e tendem, como bem aponta Popper, a tratar classe como uma casta, quando não, acrescento, uma espécie, como se ascender economicamente numa sociedade fosse algo tão impossível como um golfinho planar no ar e coletar néctar de flores.

Claro que em ambos os casos claros acima, existe a degradação, a depreciação dos bens, e a necessidade de sua renovação, como é banal de perceber-se também que embora mansões possam durar séculos, não de pode abordar da mesma maneira uma banana, ou um pedaço de carne.

Adiante trataremos com muito mais detalhes o quanto pesa a degradação e a depreciação nos diversos produtos, bens e até serviços.


Nos nossos arquivos:


Teorema de Okishio - 3 - Introdução de progresso técnico - http://liberalismuseconomicus.blogspot.com.br/2015/09/teorema-de-okishio-3.html


Teorema de Okishio - 5 - O modelo em termos físicos - http://liberalismuseconomicus.blogspot.com.br/2015/09/teorema-de-okishio-5.html

Teorema de Okishio - 6 - David Laibman e teorema de Okishio - http://liberalismuseconomicus.blogspot.com.br/2015/09/teorema-de-okishio-5_29.html


3

“[...] a ideia "brilhante" dos bens eternos e indestrutíveis permanece, a genial percepção de uma depreciação nula [...]”

É comum em “Alices”, e tal é bem perceptível, a premissa de que tenha (seja imprescindível) de existir uma permanente depreciação forçada dos bens.

Concentremo-nos nos bens, pois em serviços, a coisa é simplesmente dispensável de ser tratada, ou alguém acha que por exemplo, cabelos crescem e tem de ser cortados, até por estrutura estatal, como num certo momento da história de Cuba, por pressões de capitalistas malévolos?

Uma maçã não dura para sempre, mesmo na forma de ”maçã seca”, os ratos e insetos, e até fungos precipitando-se do ar o mostram. Evidentemente, madura e não processada para se conservar, menos ainda dura, e melhor ainda - maldito desperdício - que seja comida.

Assim, a produção, distribuição e consumo de maçãs tem de se manter cíclica, e pode-se interpretar, triste paradoxo para marxistas, a manutenção de quem a produz, distribui e até recolhe seus dejetos (importante fator) como uma renda contínua no tempo, fixa, um “rédito”, termo que em certas discussões seguidamente percebo esquecido.

http://old.knoow.net/cienceconempr/contabilidade/redito.htm

Assim, esse ganho pode ser estável no tempo, leia-se não necessariamente crescente, e necessário de ser pago, pela própria banal existência de quem consome maçãs. Estes, envolvidos com maçãs. pegam parte desse rédito e o usam, digamos, até por ironia, no consumo constante de pêssegos.

Percebamos que mesmo com poupança, no seu sentido mais profundo, que podem os relacionados ao que seja o processo de oferta de maçãs acumularem bens (o C acumulado de Marx) independente do L (seu lucro, na verdade, resíduo de poupança) sem que jamais seja alterado o fluxo que advém daqueles que as demandam. E tal pode ser feito sem sequer aproximar-se de relação com aumento ou diminuição

E as relações não inúmeras, muito além da demanda e oferta de duas simples flutas, não só perecíveis de algum modo como necessariamente consumíveis e como tal, ao final, necessária e obviamente ‘deletáveis’ do mercado como “mercadorias unitárias”.

Noutras palavras, novamente, L=m/C é um erro completo.

4

“[...] a entropia pouco se lixa para esse delírio [...]”

Não só maçãs e pêssegos obviamente decaem em quantidade sem reposição no mercado. Qualquer máquina o faz, qualquer prédio, mesmo o mais próximo do que sejam sólidas, digamos como destacado exemplo,  pirâmides.

As coisas degradam, e não adiantam só serviços para sua manutenção, ou mesmo substituição completa, pois o que foi um egípcio antigo Cairo tem monumentos posteriores de um período árabe, e assim, sucessivamente.

A manutenção depende de peças de reposição, insumos para as atividades de manutenção, diversas e crescentes até em sofisticação mercadorias, como atuais revestimentos poliméricos que doam resistência à sempre permanentes intempéries.

A própria geologia implica em degradação definitiva de longo prazo, cite-se os palácios de Veneza e seu enfrentar de marés e modificação até das placas continentais.

Logo, podemos dizer, com apoio ao final na profunda Física, que todo bem tem duração limitada no tempo, de onde o C, de Marx, não se “acumula”, mas flutua e até decai, aliás o que já podia ser explicado com um simples incêndio de uma Londres vitoriana.

Nais uma vez, L=m/C mostra-se um erro completo, pois é um modelo irreal e incompleto, simplório para dizer o mínimo.

5

“[...] lucro é um resíduo, e parece bem claro que expressa-se não em algo como capital, mas nos próprios bens e serviços que os "ricos" consomem [...]”

Não foi o mármore dos palácios de Veneza pago a um produtor de mármore?

Como pode-se afirmar que ali tudo era monopolizado por poucas famílias, e mesmo se poucas, ainda não concorrentes?

Claro que essas famílias tinham trabalhadores, e esses teriam de ser, pela obtusa lógica marxista “explorados”. Mas não é a degradação do mármore inexorável, como vimos nas notas anteriores?

Então não é essa degradação o consumo do capital acumulável e até acumulado do capitalista a fonte de renda do mais explorado dos trabalhadores?

E não foram trabalhadores esses que passaram a ser, mais adiante em descendência, por sua vez “capitalistas” de outras indústrias, inclusive aquelas que agora abastecem com reposição e manutenção os palácios em degradação de famílias há muito até extintas?

Aqui percebe-se o outro erro de L=m/C:

Esse modelo simplório considera que o capital C possa se manter na mão de certos elementos e suas, digamos, estáticas em número famílias, e não redistribuído, perdido, queimado (o nosso simples incêndio vitoriano e suas decorrentes falências e coloquemos até ao final - do capitalista - suicídio).

A relação não é um fluxo linear no tempo, é matricial, “fractal”, multi-relacional, mais que intrincada, flutuante em microfluxos no tempo (os trabalhadores que absorvem uma empresa falida e tornam-se novos “exploradores”, a empresa obsoleta - pois ao que parece, um dia sai de moda construir-se pirâmides, e mesmo, menos dramático, dirigíveis de transporte de passageiros.

Resta-nos, parece, o que seja o decaimento dos preços, dos custos e ao que parece, uma visão cristalizada (e portanto obtusa) de como sejam as coisas consumidas e desejadas.

Desejo, essa coisa que muitas vezes não é para o homem imensamente rico um palácio, mas uma cabana em uma propriedade sem significância onde ele vá pescar ou caminhar com seu cão sem pedigree algum.

Adiante, tratemos mais espasmos de mais um típico “iluminado” por forças talvez sobrenaturais que acha virou profeta sobre equações simplórias, conceitos obscuros, premissas falsas e como de costume, raciocínios errôneos.

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