quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Notas Maquiavélicas - 1


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Recente discurso de nossa presidente é um exemplo magnífico de wishful thinking.

'Nós vamos superar esse momento de dificuldade', diz Dilma - g1.globo.com





Quais os motivos que o sucesso (no caso, deixemos por uma mínima recuperação) seja certo?

Dizer que o povo brasileiro vai conseguir isso ou aquilo é o mesmo que eu dizer que um certo número de operários erguerá um prédio.

Com qual projeto? Com quais estratégias? Com qual conjunto de táticas?

E o cenário que o próprio governo impõe?

Sob que carga tributária?

Com quais garantias de mínima estabilidade, por exemplo, jurídica, dos contratos que são assinados?
Com qual estabilidade inclusive de moeda?

Não é o próprio estado que com seu endividamento lança cargas de juros que competem com a própria produção?

Voltando aos trabalhadores, potencialidade não é sua coordenação, não implica na própria coordenação estar entre as qualidades do que tenha o potencial.

Como certa vez colocou-me um amigo engenheiro civil e a imagem é perfeita para a situação, “qualquer idiota faz o que um engenheiro (civil) faz, a diferença é fazer a um custo baixo”, claro, que aqui entra um certo exagero, mas que para o caso de nosso governo, mesmo esse exagero vale como alerta.

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No mesmo discurso, é simplesmente irritante o confundir-se quem grita “fogo!” para que alguém se salve de um incêndio com quem seja algo como um incendiário.

Estou me referindo ao dizer-se que “tem gente torcendo contra!” ou bobagem com nuances de “metáfora futebolística” similar.

Está “torcendo” quem aponta que o governo propulsionou uma bolha imobiliária ou pressão de crédito insustentável há anos, e agoira, berra que isso continua tentando ser fomentado?

Quem aponta que nossa política de câmbio nos levou á industrialização?

Quem mostra que claramente colocamo-nos numa situação poderosa de concentração de exportações em commodities?

Embora considere que seguidamente, essa irritante repetição de uma tolice faça parte de um jogo político que sinceramente, não mais resolve coisa alguma, nem sequer obter vantagem sobre algum “concorrente”.

O derrotado é exatamente o governo que aí já está, e independe de quem com ele - no futuro apenas - concorra eleitoralmente.

Os números daquela coisa que é alertada aos estúpidos no jogo político - lembremo-nos da frase já clássica - são claros, cristalinos, gritantes e mostram-se asfixiantes da vida diária da população.

É uma coisa lamentável que se veja mais e mais pessoas quando se aponta a desgraça, especialmente as pessoas mais importantes do comando da nação, ficarem reclamando da rispidez de seu gesto, do seu dedo, por este estar em riste.

Mais e mais admiro a frase, derivada de Aristóteles: “Prefiro chorar entre sábios que rir entre tolos.”

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Fui só eu que vi a frase mais que “ato falho” de levy sobre a alteração do Pis/Cofins?

Ele fala que “não vai alterar a arrecadação do governo”?

Ora, claro que vai! Tanto que vai alterar a carga tributária!

Mas digamos que tenha sido uma falha por simples stress, cansaço, esgotamento, não corrigida.

Digamos que seja “não vai alterar os preços” (ou ideia similar).

Ora, novamente, claro que vai!

Tanto que vai alterar, banalidade matemática aplicada, um índice que controi sobre os custos aquilo que seja preço, e como bem aprendi em Contabilidade de Custos, sendo preço aquilo com o que vai se enfrentar o mercado, talvez implicar em menos vendas de produtos e serviços, e daí, implacáveis curvas de Laffer e outras questões, como detalhe sempre esquecido da renda e da “pressão fiscal” que nossa população sofre, menos arrecadação e não mais, exatamente porque tributos são um preço que o governo coloca à população.

Notícia relacionada:

Possível alteração no Pis/Cofins preocupa os empresários - g1.globo.com

Subtítulo:

“Governo diz que medida simplifica os cálculos e reduz a burocracia.
instituto fala que mudança aumentaria arrecadação do governo em R$ 50 bi.”

Entendamos que o “aumentaria arrecadação” pode, pelo mostrado acima, apresentar-se como apenas uma hipótese.

O governo, “per se”, não “aumenta a arrecadação”. Quem aumenta o que é arrecadado, por fim, é a sociedade. O governo coloca números. Se colocar números resolvesse alguma coisa no país, sua inigualável carga tributária “nominal”, na forma do que está na lei, resolveria qualquer problema, mas por fim, desde a simples informalidade até o claro crime, a sociedade a conduz exatamente ao valor que pode ser arrecadado.

Não há lei entre os homens, estabelecido por aquilo que eles vulgarmente chamam de “lei”, que se imponha sobre as Leis Econômicas, muito mais próximas de processos físicos e biológicos do que valores morais, costumes ou insignificantes frente ao todo e à verdadeira história decisões ditas “políticas”.

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O HOAX do dinheiro fictício.

Ao longo desses anos, especialmente desde a ascensão das “redes sociais”, tenho assistido a toda espécie de tolice sobre o que seja “moeda”, com destaque para o “não vale coisa alguma” ou “seu valor é totalmente fictício”, ou ainda, no mesmo lamentável ponto “não tem lastro”, ou o campo relacionado “bancos criam dinheiro do nada” e um decorrente “daí cobram juros sobre isso”.


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Tenho seguidamente de controlar o riso para me concentrar em outro tema depois, ou ainda, o próprio, mesmo com uma já calejada prática em responder rapidamente esse tipo de tolice, para ao menos tentar responder ao “debatedor” principal, normalmente um estulto um tanto mais qualificado, mas ainda sim de hábito só um estulto, típico defensor de ideias ditas “de esquerda”.

Obs.: Muitas vezes o “tentar responder” torna-se um rápido: “”Alice”, abre um raio livro e pára de escrever (ou dizer) bobagem!” ou coisa parecida.
Mas nos tratemos do “problema”.

Não é que bancos possam “criar dinheiro do nada”. Você, qualquer um pode criar dinheiro do nada. É exatamente o que se faz quando se toma crédito.

Alguns, aqui, já entendem a ideia. Outros, entendo, não.

Quando tomamos crédito, obviamente o fazemos pois não temos o capital necessário, ou dispô-lo seja no que for não é viável (grandes empresas seguidamente caem nessa situação, uma questão de alocação de capital, mas pulemos esse ponto).

Tratemos outra hora da banalidade que é entender, aqui, o motivo de surgir a necessidade (e obrigação) de existirem juros, que no momento, é apenas um custo a ser acrescentado, o que torna a tomada de crédito imediatamente uma operação não tão lucrativa - a priori - que operar com capital próprio.

O “dinheiro” que fizemos surgir manifesta-se na forma de um “contrato” (note-se as aspas, pois o conceito é bem amplo, e vale até para o que seja um popular “fio de bigode”), e como necessita-se que alguém receba o valor correspondente (o motivo da tomada de crédito) tem de surgir alguém que apresente em algum momento um contrato mais universalmente confiável, no caso, o dinheiro “propriamente dito”.

Assim, exemplifiquemos com simples consumo, e não investimento, um carro que financiamos será pago ao fabricante ou revendedor por alguém que cedeu o crédito, ou ainda, num serviço, como uma cirurgia plástica, o corpo médico e a internação, etc.

Mas digamos que o banco, como proferida a barbaridade pelas “Alices”, não disponha de “todo o dinheiro” que corresponde ao crédito cedido.

Eis a “mágica” que eles alegam, mal se dando conta que na própria definição do que seja o banco, está o seu erro.

Digamos que o banco comece a liberar uma massa imensa de crédito, ao ponto de pelo sempre volume existente de saques que existem, e as próprias obrigações do banco como estrutura que inexoravelmente possui custos, não consiga cobrí-las.

Esqueçamos aqui o “pequeno detalhe” da inadimplência, e note-se a ironia.

Nesse exato momento, ele deixará de honrar seus compromissos, o que representa o seu crédito junto aos depositantes, e por fim, falirá.

Claro que prudentemente, ele controla o volume de crédito que libera, e limita a sua (a massa de ávidos por tomar crédito) emissão de “dinheiro”.

Também claro que cobra não só juros como taxas de serviços, e com isso, mantém o seu fluxo que ao final tem de se manter positivo (afinal de contas - ironia - é uma banco, e como tal, visa o nosso nefasto lucro).

Agora, quem tomou o crédito o fez “por força”?

Evidente que não, pois ainda que possa se discutir algo como “agiotagem”, que relaciona- inicialmente por taxas e modos de cobrança, parece-me que ninguém foi levado à força a tomar o crédito, e pelo que também parece-me claro, e mais que necessário, percebeu as claras taxas que seriam cobradas.

Aqui já se encerra a refutação ao berreiro das “Alices” de que alguém contraiu dívida porque o banco é um “ente do mal”. Não, personagens risíveis! A dívida foi contraída porque alguém a aceitou! E mesmo se ela se conduz para algo irresolvível para o devedor, o problema também é do credor!

Lembrando a mais que clássica:

“Se você deve cem dólares ao banco, o problema é seu. Mas se você deve um milhão de dólares ao banco, o problema é dele.”

Então, parece-me bastante óbvio que per se, os bancos não podem “emitir dinheiro” como ferramenta de produzirem lucro, e se o produzem, é com custos e riscos inerentes ao “emitido”, e se tal não tivesse situações de equilíbrio típicas, o deveriam fazer, obviedade de então, numa escala maximizada ao extremo, o que por si já é um absurdo.

Resumindo: a capacidade de um banco colocar crédito na praça é exatamente relacionada com a capacidade da massa de tomadores cobrir os custos e o “preço” do volume de crédito colocado.

Então, não é um pecado “econômico” um banco digitar na sua conta um determinado volume de dinheiro, mas pode ser um pecado financeiro mortal se ele o fizer, exatamente porque pode ter sido um correspondente pecado financeiro mortal você ter aceitado que ele o faça.

Um ponto que deve-se tratar, é que apesar de certas limitações no que chamaria de uma “doutrina quantitivista” do meio circulante e a inflação, mesmo que acima de determinadas pressões (ou volumes) a emissão de moeda obviamente produz inflação, se os bancos pudessem “produzir dinheiro” realmente, eles próprios produziriam inflação que pulverizaria seus recolhimentos do mesmo capital mais juros, e crescentemente, e conduziriam, por sutis a princípio (digamos mais e mais, “leves atrasos isentos de mora”, como digo, e estratégicos “pagamentos em cartório”) e adiante incontroláveis mecanismos de reação do mercado, seu próprios ganhos.

Por esses o diversos motivos que inflação é um processo essencialmente macroeconômico, como qualquer livro introdutório de Economia apresenta, e não algo que possa ser conduzido por escala “micro” (no sentido econômico), que inclui mesmo o maior dos bancos.

Lembrando que “Alices” tem um problema sério de entender o que seja realmente dinheiro, o que segidamente nos leva a mostrar-lhes (seguidamente malhando o ferro frio de seus dogmas tolos e muitas vezes, completamente delirantes e estúpidos) a equivalência com o pitoresco uso de cigarros no meio prisional - um clássico exemplo da mercadoria de troca mais aceita - aliás, observe-se, algo não só educativo como útil, pois onde seguidamente alguns de nossos locais maiores exemplares de “Alices” tem parado.


Recomendo:

António Gaito; A confusão entre Dívida e criação de Moeda - quartarepublica.wordpress.com

Nos nossos arquivos: [ Antonio Gaito - A confusao entre divida e criacao de moeda ]

Em caos de renitência ou certas dificuldades naturais, a trivial Wikipédia:

Criação monetária pelo Sistema de Reserva Fracionada



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Tenho sido pelos crescentes fatos cada vez mais convencido de que a China montou muito de seu afirmado crescimento pela alavancagem do PIB por meio de contratos em bancos contra construção civil, e não propriamente por fábricas de quinquilharias até veículos (um nobre exemplo de produto, claro), incluindo estradas e pontes quando bem analisadas inúteis (ou no mínimo pela escala inviáveis) e mais recentemente, somo que acredito que até as taxas anunciadas de crescimento eram irreais, em clara maquilagem.


Não, Shangai não é Los Angeles nem Dubai. Imagem de “Poverty & Shanghai city.” 



Continuo com meu palpite de que na realidade, a economia chinesa deve ter um tamanho real de dois terços a três quartos da economia japonesa. Baseio-me nesse palpite na produção de bens de maior qualidade e valor, como os próprios carros, sem falar na gritante diferença de renda e suas variáveis associadas, como o aspecto das periferias das grandes cidades, pois os centros comerciais e empresariais, caem no quesito “alavancagem do imobiliário” acima.

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