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A superfície de areia
“Toda riqueza advém da exploração.”
Gemini da Google e Francisco Quiumento
Seguido se vê essa frase, ou suas variações, pichadas ou em textos por aí. Comumente expressando um resumo da ideia Marxista de que apenas o operariado, as massas trabalhadoras geram a riqueza, e essa riqueza, concentrada na mão de alguns - dois passos que já contém algumas falsas premissas - seja fruto da exploração do trabalho.
Essas afirmações já foram analisadas inúmeras vezes, e sempre são apresentados seus inúmeros erros e até claras mentiras, mas ainda que fossem sólidos alicerces de juízos para se construir raciocínios sobre o tema, ainda contém um erro básico.
Se é verdade que a riqueza tem de ser tirada de alguém para produzir a de outro, um raciocínio tão primário, tão infantil, como que a riqueza da sociedade fosse uma superfície de areia em uma caixa, em que para se ganhar certa altura num ponto tem-se de obrigatoriamente cavar um buraco, ou “para cada montinho, um buraco” - uma imagem simples para se mostrar o erro fundamental do “jogo de soma zero” aplicado aos fenômenos econômicos, a humanidade jamais poderia ter produzido um crescimento da riqueza possuída, e afirmações de que tal é fruto apenas do trabalho na geração de valor - o erro mais profundo entre todos - implicaria de que apenas mais força de trabalho produzindo geraria a riqueza ao longo de toda a história, e teríamos o delírio da fábula já clássica em Economia do canal cavado com colheres.
Aliás, exatamente um canal cavado com mais máquinas e menos trabalhadores é que propiciou o canal do Panamá, entre diversas outras obras, para gerar imensa riqueza, inclusive para os trabalhadores envolvidos, dado o que poderíamos chamar de “fluxo de produtividade pelo tempo”.
Mas sabemos, mais que tudo atualmente, que grande parte das ideias marxistas que permeiam o raciocinar (na verdade, construído sobre premissas falsas) da dita esquerda pelo mundo não passa de um credo econômico extremamente resistente, que pode não parecer à primeira vista, mas no seu campo pretendido como “científico” coisa alguma é além de algo similar ao “terraplanismo”, apenas não tão gritante como falso pois os fenômenos são mais intrincados e complexos que a forma da Terra.
Novas cotas de areia
Imaginemos a economia global como uma vasta caixa de areia. A visão de "soma zero" da riqueza nos faria acreditar que qualquer montanha de ouro que surge em um ponto dessa caixa inevitavelmente significa um buraco de igual profundidade em outro lugar. A riqueza seria finita e sua distribuição seria o único jogo em andamento.
No entanto, a inovação e a tecnologia atuam como verdadeiros alquimistas nessa caixa de areia. Elas não se limitam a mover os grãos existentes; em vez disso, elas têm a capacidade de criar novos grãos de areia do nada.
A Descoberta de Novos Recursos: Pense na exploração de novas fontes de energia, como a energia solar ou eólica. Antes de sua descoberta e da tecnologia para aproveitá-las, essas fontes eram, para fins econômicos, inexistentes. A inovação científica e tecnológica literalmente trouxe "nova areia" para a caixa, expandindo o conjunto de recursos disponíveis para a humanidade. Da mesma forma, a descoberta de novos materiais ou a identificação de novas aplicações para materiais já existentes (como o grafeno) adicionam novas possibilidades e, portanto, nova riqueza potencial.
O Desenvolvimento de Novas Tecnologias de Produção: Considere a evolução da agricultura. As técnicas rudimentares iniciais permitiam cultivar apenas uma quantidade limitada de alimentos em uma área restrita. Com o desenvolvimento de novas tecnologias de plantio, irrigação, fertilizantes e máquinas agrícolas, a mesma área de terra pode produzir uma quantidade de alimentos exponencialmente maior. Essa não é apenas uma redistribuição dos alimentos existentes; é a criação de uma abundância que antes não existia, adicionando "nova areia" à caixa da riqueza alimentar global. Na indústria, a automação e a robótica aumentam a produtividade de forma semelhante, permitindo a criação de mais bens com menos recursos e tempo.
A Criação de Novos Produtos e Serviços: A invenção da eletricidade transformou radicalmente a vida humana e gerou inúmeras indústrias e serviços que eram inimagináveis antes. A iluminação noturna, os eletrodomésticos, a indústria eletrônica – tudo isso representa "nova areia" na caixa da riqueza. Da mesma forma, a internet revolucionou a comunicação, o comércio, a educação e o entretenimento, criando um universo de novos produtos e serviços digitais que não apenas substituíram formas antigas, mas expandiram enormemente as possibilidades e o valor gerado. Pense nos aplicativos de transporte, nas plataformas de streaming, nas redes sociais – eles representam uma vasta quantidade de "nova areia" que não existia algumas décadas atrás.
Em essência, a inovação e a tecnologia rompem com a limitação de um estoque fixo de riqueza. Elas expandem as fronteiras do possível, descobrem o que era antes desconhecido e criam valor onde antes não havia. Em vez de um jogo de soma zero onde o ganho de um é a perda de outro, a inovação e a tecnologia transformam a economia em um sistema dinâmico e expansivo, onde a "caixa de areia" da riqueza cresce continuamente, beneficiando potencialmente a todos.
O erro de limitar quem cava a areia
“Novas pás, novas mãos para as pás, novas máquinas para menos mãos”
A analogia da superfície de areia e do "para cada montinho, um buraco" frequentemente subjaz a visões que limitam a capacidade de geração de riqueza, focando excessivamente na redistribuição de um bolo supostamente fixo. Essa perspectiva, muitas vezes implícita em críticas à acumulação de capital, negligencia o papel fundamental de quem "cava" essa areia – ou seja, quem contribui para a produção e o aumento da riqueza – e, crucialmente, como essa areia é cavada e modelada.
A evolução dos meios de produção ilustra bem esse ponto: novas pás, novas mãos para as pás, novas máquinas para menos mãos. Inicialmente, a capacidade de "cavar a areia" (produzir) era limitada pela força física e pela quantidade de trabalhadores (as "mãos para as pás"). Melhorias incrementais nas ferramentas manuais ("novas pás") aumentaram ligeiramente a produtividade individual. A especialização do trabalho e a organização de mais trabalhadores ("novas mãos para as pás") permitiram um aumento mais significativo na escala da produção.
No entanto, o verdadeiro salto na capacidade de "cavar e modelar a areia" veio com a introdução do capital e da tecnologia ("novas máquinas para menos mãos"). Uma única escavadeira (representando o investimento em capital e tecnologia) pode mover uma quantidade de "areia" (produzir bens e serviços) que exigiria um exército de trabalhadores com pás. Essa automação não necessariamente elimina a necessidade de "mãos" por completo, mas altera a natureza do trabalho, exigindo habilidades mais especializadas na operação, manutenção e desenvolvimento dessas máquinas.
A analogia das Ferramentas e Eficiência como "Modelagem da Areia" se torna ainda mais relevante aqui. As diferentes tecnologias e métodos de produção são como ferramentas cada vez mais sofisticadas que permitem transformar a "areia" bruta em estruturas de valor muito maior. Uma simples pá pode mover areia, mas uma impressora 3D pode usar matérias-primas para criar produtos complexos e personalizados. Um tear manual produz tecido, mas uma linha de produção automatizada fabrica peças de automóveis com precisão e em larga escala.
Limitar ou desincentivar "quem cava a areia" – seja através de políticas que penalizam a inovação, o investimento em capital ou a busca por eficiência – é um erro fundamental. É como tentar manter a quantidade de areia na caixa constante, ignorando o potencial de ferramentas mais poderosas e de novas formas de trabalho para multiplicar essa areia e transformá-la em algo de muito maior valor. Ao focar apenas na distribuição da "areia" existente, negligencia-se o motor que impulsiona o aumento da riqueza para todos: a capacidade de cavar e modelar essa areia de maneiras cada vez mais eficientes e inovadoras.
Nessa seção desse ensaio buscamos mostrar e reforçar que a discussão sobre a riqueza não deve se limitar a quem a possui no momento, ou quem opera seus fatores, mas sim em como criar mais riqueza e como as diferentes formas de "cavar e modelar a areia" (trabalho, capital, tecnologia, inovação) contribuem para esse processo. Ignorar ou restringir qualquer um desses elementos é limitar o potencial de crescimento e prosperidade para a sociedade como um todo.
Façamos uma observação: A tecnologia e a inovação atuam sobre o capital, que é muito mais que uma quantidade de moeda ou qualquer expressão dessa como contabilidade, mas expresso desde uma pá até a maior usina de energia, qualquer fator que no fundo não seja, por exclusão, o ente que é a ação humana no trabalho ou a natureza, o substrato econômico absoluto. Até o inovador ‘know how’ do trabalhador, assim como a mais complexa aplicação de informática , a mais revolucionária tecnologia, a mais recente inovação, é a evolução buscando a eficiência e a produtividade desse capital e da ação humana que é o trabalho.
O novo que acelera o mais novo
Se a inovação e a tecnologia injetam "novas cotas de areia" em nossa caixa econômica e ferramentas eficientes nos permitem "modelar" essa areia de maneiras mais produtivas, existem outros catalisadores que aceleram ainda mais esse processo de criação de riqueza. Estes fatores não operam isoladamente, mas interagem sinergicamente com a produtividade e a tecnologia, impulsionando um ciclo virtuoso de crescimento.
O Espírito Empreendedor: A Faísca da Criação: O empreendedorismo é a força motriz que identifica oportunidades, assume riscos e mobiliza recursos para transformar ideias em realidade. Empreendedores criam novos negócios, desenvolvem novos produtos e serviços, e encontram novas maneiras de atender às necessidades dos consumidores. Eles são os arquitetos que projetam novas estruturas a partir da "areia" disponível, muitas vezes combinando tecnologias existentes de maneiras inovadoras ou identificando nichos de mercado inexplorados. Sem o ímpeto empreendedor, muitas inovações tecnológicas permaneceriam apenas no papel, sem se materializarem em valor econômico.
A Inovação de Processos: Otimizando o Fluxo da Areia: A inovação não se limita apenas a novos produtos ou tecnologias radicais. A inovação de processos envolve encontrar maneiras mais eficientes, rápidas e econômicas de produzir bens e serviços existentes. Isso pode incluir a implementação de novas técnicas de gestão, a otimização de cadeias de suprimentos, a adoção de metodologias de produção mais enxutas ou a aplicação de tecnologias digitais para automatizar tarefas. A inovação de processos permite que a "areia" seja movida e modelada com menos desperdício e maior agilidade, aumentando a produtividade geral da economia.
A Especialização do Trabalho: A Divisão Inteligente da Areia: Como já mencionado na seção anterior, a especialização do trabalho permite que indivíduos foquem em tarefas específicas onde possuem maior habilidade e conhecimento. Essa divisão inteligente do "cavar e modelar a areia" leva a um aumento significativo da eficiência e da qualidade da produção. Um sistema econômico com alta especialização consegue produzir uma variedade maior de bens e serviços com um menor custo de oportunidade, gerando mais riqueza para a sociedade como um todo.
O Comércio: Expandindo os Horizontes da Areia: O comércio, tanto a nível local quanto internacional, permite que bens e serviços sejam distribuídos para aqueles que mais os valorizam. Ao facilitar as trocas, o comércio cria novos mercados e expande o alcance da produção. Um mercado maior incentiva a especialização, a inovação e a produção em larga escala, levando a uma maior geração de riqueza. A abertura de novas rotas comerciais ou a criação de plataformas de comércio eletrônico são exemplos de como o comércio expande os horizontes da "areia" econômica.
A Criação de Novos Mercados: Desvendando Novos Depósitos de Areia: A própria criação de novos mercados, muitas vezes impulsionada pela inovação e pelo empreendedorismo, representa uma forma fundamental de geração de riqueza. A introdução de um produto ou serviço totalmente novo pode criar uma demanda que antes não existia, abrindo um novo "depósito de areia" a ser explorado. Pense na criação do mercado de smartphones ou de serviços de streaming – eles não apenas substituíram parcialmente mercados existentes, mas criaram um valor econômico substancialmente novo.
Esses fatores, trabalhando em conjunto com a produtividade impulsionada pela tecnologia, criam um efeito de "o novo que acelera o mais novo". O empreendedorismo adota as novas tecnologias e cria novos negócios. A inovação de processos otimiza a produção desses novos bens e serviços. A especialização do trabalho aumenta a eficiência. O comércio distribui essa riqueza para um público mais amplo, e a criação de novos mercados abre avenidas para ainda mais inovação e empreendedorismo.
Desenvolvamos mais as vantagens do comércio entre as nações, ou mesmo estruturas administrativas internas às nações.
O Comércio Internacional: Ampliando a Caixa de Areia Global
Assim como o comércio interno permite que diferentes regiões e indivíduos se especializem em "cavar" e "modelar" a "areia" de maneiras distintas e troquem seus excedentes, o comércio internacional expande essa dinâmica para além das fronteiras nacionais. Imagine que cada nação possui uma porção da nossa vasta caixa de areia global, com diferentes características e abundâncias de recursos.
As bases das vantagens do comércio entre nações repousam em alguns princípios fundamentais:
Especialização e Vantagem Comparativa: A Teoria das Vantagens Comparativas, proposta por David Ricardo, argumenta que mesmo que um país seja mais eficiente na produção de todos os bens do que outro (vantagem absoluta), ambos podem se beneficiar do comércio se cada um se especializar na produção dos bens em que possui uma vantagem comparativa, ou seja, onde tem um menor custo de oportunidade em relação à produção de outros bens. Isso leva a uma alocação mais eficiente dos recursos globais e a uma maior produção total de "areia" (bens e serviços).
Acesso a Recursos e Bens Não Disponíveis Internamente: O comércio internacional permite que os países acessem recursos naturais, matérias-primas, tecnologias ou bens de consumo que não estão disponíveis em seu território ou cuja produção interna seria muito custosa ou ineficiente. Isso é como conectar diferentes "depósitos de areia" com características únicas, enriquecendo o conjunto de recursos disponíveis para todos.
Economias de Escala: A abertura ao mercado internacional permite que as empresas alcancem maiores volumes de produção, aproveitando as economias de escala. Produzir em maior quantidade geralmente reduz o custo unitário de cada bem, tornando-os mais acessíveis e aumentando a "quantidade de valor" que pode ser extraída da mesma quantidade de "areia".
Maior Variedade e Escolha para os Consumidores: O comércio internacional oferece aos consumidores acesso a uma gama muito maior de produtos e serviços do que estaria disponível em uma economia fechada. Isso aumenta o bem-estar e a qualidade de vida, como se a "areia" pudesse ser modelada em uma variedade muito maior de formas para atender a diferentes necessidades e desejos.
Inovação e Difusão de Conhecimento: A interação econômica entre nações facilita a troca de ideias, tecnologias e melhores práticas. A competição internacional também incentiva as empresas a inovar e a buscar constantemente novas maneiras de "cavar" e "modelar" a "areia" de forma mais eficiente.
Ao remover barreiras ao comércio e facilitar o fluxo de bens, serviços, capital e conhecimento entre as nações, a "caixa de areia" global se expande e a humanidade como um todo se beneficia de uma maior riqueza e de mais oportunidades de desenvolvimento. O comércio internacional não é um jogo de soma zero, mas sim um motor que pode gerar benefícios mútuos para todos os participantes, permitindo que cada um se especialize em suas fortalezas e acesse o que outros produzem de melhor.
O tesouro que cresce em múltiplas faces
As Múltiplas Formas que Expressam a Riqueza e sua Dinâmica e Interação
A riqueza de uma sociedade não se limita a uma única forma homogênea; ela se manifesta de maneiras diversas, cada uma com suas próprias características e mecanismos de crescimento:
Riqueza Financeira: O Fluxo da Areia: A riqueza financeira engloba ativos como dinheiro, ações, títulos, e outros instrumentos monetários. Sua dinâmica principal reside na sua capacidade de circular, ser investida e gerar mais riqueza financeira através de juros, dividendos, valorização de ativos e outras formas de retorno financeiro. Ela atua como um lubrificante da economia, facilitando trocas e financiando outras formas de riqueza. Podemos pensar no sistema financeiro como os canais e as bombas que movem a "areia" pela caixa, permitindo que ela se acumule em diferentes pontos e impulsione novas atividades.
Riqueza Imobiliária: A Areia Fundacional: A riqueza imobiliária compreende terrenos, edifícios e infraestruturas. Sua dinâmica envolve a valorização ao longo do tempo, a geração de renda através de aluguéis e seu papel como base física para a produção e o consumo. A construção de novas propriedades adiciona "nova areia" física à caixa, enquanto a valorização reflete a crescente demanda e a utilidade dessa "areia" fundacional.
Riqueza Intelectual: A Receita da Areia: A riqueza intelectual abrange conhecimento, patentes, marcas, direitos autorais e capital humano (habilidades e educação). Sua dinâmica é exponencial: o conhecimento pode ser compartilhado e replicado infinitamente, gerando novas ideias e inovações que, por sua vez, criam novas formas de riqueza. O investimento em educação e pesquisa é como refinar a "areia" bruta em "receitas" valiosas que podem ser usadas para criar inúmeros produtos e serviços. Uma nova patente, por exemplo, é uma "nova receita" que pode gerar uma vasta quantidade de "areia" econômica.
Riqueza Natural: A Areia Primária: A riqueza natural consiste em recursos como petróleo, minerais, florestas e água. Sua dinâmica envolve a descoberta, a extração e a transformação desses recursos em outras formas de riqueza. A gestão sustentável da riqueza natural é crucial para garantir que a "areia primária" continue disponível para as futuras gerações. A inovação tecnológica também pode desempenhar um papel na descoberta de novas formas de utilizar a "areia natural" de maneira mais eficiente ou na criação de substitutos.
Riqueza Social e Cultural: A Liga da Areia: Embora menos tangível, a riqueza social (confiança, redes de relacionamento, instituições) e cultural (valores, tradições, criatividade) desempenham um papel fundamental na forma como as outras formas de riqueza são criadas e distribuídas. Uma sociedade com forte capital social e cultural tende a ser mais inovadora, colaborativa e resiliente economicamente. Essa "liga" invisível facilita a movimentação e a "modelagem" da "areia", permitindo que ela se combine de maneiras mais produtivas.
Ao reconhecermos essa diversidade de formas de riqueza e suas interações dinâmicas, percebemos que a economia é um sistema muito mais complexo do que uma simples caixa de "areia" homogênea. O crescimento da riqueza não se limita à acumulação de um único tipo de ativo, mas sim à criação, transformação e circulação dessas diversas formas, impulsionadas pela inovação, pelo conhecimento e pelas interações sociais.
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