sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

No futuro está (mais) a riqueza


Algumas observações e anotações a partir de diálogos sobre “destruição criativa”, ou melhor, “substituição destrutiva”.

“Destruição Criativa é uma teoria desenvolvida pelo economista austríaco Joseph Schumpeter para explicar as transformações que ocorrem no Capitalismo, que segundo ele jamais seria estático e está em constante evolução.” - www.infoescola.com - Nos nossos arquivos: Evellyn Caroline Santos Lima - Destruição criativa


1

Os países desenvolvidos, destacadamente os EUA, tem volume crescente de empresas dedicando-se à exploração espacial e serviços relacionados ao uso do espaço, como por exemplo, em comunicações.

Destaca-se a SpaceX, empresa coligada à revolucionária Tesla.

2


Surge sempre o raciocínio de alguns de que o dinheiro gasto em algo tenha o mesmo

destino, por exemplo, de uma mala de dinheiro a ser queimada na calçada.

Dinheiro circula, e agora, o "problema" de destinação passa à mão dos fornecedores e prestadores de serviço do projeto.

Mas este é um problema um tanto mais profundo do que seja economia.

Sociedades ricas podem se dar ao luxo de se preocuparem praticamente apenas com investimentos, pois seus problemas mais básicos, como moléstias e saneamento urbano, por exemplo, já foram há muito solucionados ou são forte e constantemente remediados.

3

Nos países menos desenvolvidos, como comentado por um amigo, quase não existe emprego de novas tecnologias para a execução de tarefas, e o que geralmente ocorre é algum infeliz tentando fazer uma atividade mais rapidamente que outro em troca de um diferencial de ganhos.

Existe inclusive a ironia: “Silver tape e uma marreta… Se precisa que se mova e não se move: Marreta! Se está se movendo e não deveria: Silver tape!

Nos anos 1980, um amigo, ex-mergulhador que prestou serviço para a Petrobras, afirmava em tom de forte crítica que três coisas eram permanentemente vistas nas plataformas da empresa: Silver tape, epóxi e arame.

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South Korean research centre seeks place at the top

Institute for Basic Science aims to turn country from a follower to a global leader.

http://www.nature.com/news/south-korean-research-centre-seeks-place-at-the-top-1.10667 

(Centro de pesquisa sul-coreano busca lugar no topo - O Instituto de Ciências Básicas tem como objetivo transformar o país de seguidor em líder global.)

A Coreia do Sul já atingia em 2018 um PIB per capita de US$ 31.362 , quase 80% do PIB per capita do Japão, de US$ 39.289, saindo da miséria no pós-2a Guerra Mundial, passando pela catástrofe da Guerra da Coreia e tendo como chave o ensino.

O ensino / educação (há necessidade seguido de se fazer definições e diferenciação dos termos) leva ao desenvolvimento industrial, inclusive nas atividades extrativistas e agrárias, e depois á tecnologia, ainda que inicialmente por importação de capacidades, mas amparado então por massa de trabalhadores qualificados e técnicos dos mais variados tipos, e posteriormente, quase de maneira inexorável, ao desenvolvimento de tecnologia nacional, e essa, com o tempo, necessita da pesquisa básica.

Assim, não existe nação que ao enriquecer, não se volte também para a pesquisa básica, pois sabe que no longo prazo esta gerará riqueza.

5

Nasa lançará primeira sonda que atravessará atmosfera do Sol

A Solar Probe Plus voará diretamente para a coroa solar e tem por objetivo recolher dados de estudo sobre as características físicas da atmosfera da estrela

https://exame.com/ciencia/nasa-lancara-primeira-sonda-que-atravessara-atmosfera-do-sol/ 

O custo desta sonda é da escala de US$ 1,2 a 1,4 bilhões.

As NASA Eyes Common Upper Stage, Solar Probe Mission Building Its Own

https://spacenews.com/38159as-nasa-eyes-common-upper-stage-solar-probe-mission-building-its-own/

Tenho uma amiga economista que nas nossas conversas me mostra com caneta e guardanapo que estes gastos são hoje necessários às economias desenvolvidas.

Não é só porque eles já superaram os gastos triviais, como saúde, educação e segurança, mas exatamente para fazer a riqueza continuar circulando, e o efeito dominó do desenvolvimento científico e tecnológico. Simplesmente, elas não podem mais parar de gastar nisso.

6

Mesmo saltos tecnológicos correlatos com grandes deslocamentos de recursos econômicos, como a ocupação de Marte, projeto extremo para o momento da conquista espacial, tem suas características de uma necessidade das sociedades rica, e tem, no fundo, um misto de necessidade de sobrevivência da espécie humana, sua sustentabilidade e novos passos da escala econômica.

7

Até o mundo lúdico dos videogames – que já movimenta mais dinheiro que o cinema dos EUA – investe em ciência e tecnologia mais que a soma de todas as nações da América do Sul somadas.

Apenas a divisão de Física do MIT, tem orçamento maior que todas as universidades federais brasileiras somadas ao final dos anos 1980.

A Merck, a 3M e a DuPont, cada uma, tinha mais doutores em Química em seus quadros de funcionários que o Brasil também ao final dos anos 1980.

Apenas a divisão de químicos finos sob encomenda da Merck tem investimentos maiores que toda a química fina brasileira somada. 

O braço de investimento do Google em energias renováveis de biomassa investe mais que o Brasil inteiro.

Em 2009, investimos em torno de meia centena de milhões de dólares em pesquisas em etanol. Os EUA investiram 1,5 bilhões.

Recentemente, veio à tona, pela SciAm, que existem hoje 4 projetos de energia de fusão privados nos EUA em andamento.

Nesse quadro todo, sondas pousando em Titã, olhando Júpiter, torrando nas proximidades do Sol, indo até os mais distantes corpos do sistema solar, robôs e satélites permanentes em Marte e telescópios do tamanho de um ginásio de esportes são volumes relativamente pequenos de recursos.

Alguns analistas apontam que as maiores indústrias e empresas do mundo sequer estão abertas ainda. (Recentemente, a própria ascensão de Elon Musk, da Tesla na lista de pessoas mais ricas do mundo já é uma amostra disso.)

Não só já estamos num ponto sem retorno - como nação - para tirar esta diferença, como ela se ampliará, e muito, acreditem.

8

Os paradigmas de tecnologia estão se alterando, como a transmissão de mídia saindo da transmissão de rádio e TV para a internet e o streaming, assim como o conceito do que seja um veículo e suas fontes de energia, como mostra muito bem - já incluindo visualização do que seja uma indústria de última geração - um vídeo sobre a fabricação de baterias da Tesla:

Tesla mostra o curioso processo de fabricação de baterias

https://www.tecmundo.com.br/mobilidade-urbana-smart-cities/209607-tesla-mostra-curioso-processo-fabricacao-baterias-video.htm 

9

Tecnologia pode criar elite de super-humanos e massa de 'inúteis', diz autor de best-seller

http://www.bbc.com/portuguese/geral-39752430

Destruição criativa, substituição destrutiva...

Já há estimativas de que na Europa, em função da robotização, dentro dos próximos 5 a 10 anos, 5 milhões de trabalhadores percam suas funções.

Note-se que falei "funções", e não seus empregos.

Muitos trabalhos simplesmente deixarão de existir, e os adaptados (e ainda mais por serem "transformados") "herdarão a Terra", em mais uma das analogias darwinianas à nossa sociedade.

Simplesmente, não há escape.

Só lamento.


Leituras recomendadas

en.wikipedia.org - Creative destruction 

Tejvan Pettinger. Creative destruction - January 2018 - www.economicshelp.org

Nos nossos arquivos: Tejvan Pettinger - Creative destruction


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