quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Copa do mundo



Republicarei aqui o texto que me foi requisitado inicialmente para o blog da revista Veja e que para minha surpresa foi publicado na versão "em papel" da revista.

Em breve, pretendo fazer uma crítica ao que esqueci neste texto, no que fui lembrado pelas massas nas ruas em junho deste ano, e devidas ampliações.




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Louros foram buscar nossos líderes, trazendo os maiores eventos esportivos para nossas cidades, em especial, e o mais cedo possível, o do esporte nacional. Claro que junto a tal odisseia, prometeram à população e às entidades o mais dourado dos planos A: os magníficos estádios, avenidas, metrôs, aeroportos, parques, ajardinamentos, urbanização. Enfim, o que todo país rico, já pretendendo (e até afirmando) potência mundial, tem a mostrar ao mundo como natural que seus cidadãos tenham para a vida diária, nos anos que não tem eventos mundiais para seu lazer.

Evidentemente, como apenas deseja-se os louros, e esquece-se do quão árdua é a administração de tais projetos, a medida que o tempo tem avançado, marchamos em direção em direção a um plano B (e poderíamos dizer C): os magníficos estádios tornaram-se enormes canteiros de obras atrasadas de tensos prazos destinados a serem inexoravelmente elefantes brancos inúteis ou cartórios de clubes privilegiados; as avenidas apenas receberão arremedos; os metrôs quanto muito serão mais ônibus e seus corredores, apenas estreitando avenidas que não foram alargadas; os aeroportos receberão "puxados" que nem atenderão as necessidades de crescimento de nosso diário tráfego aéreo. Nossos parques continuarão as mesmas sujas áreas pobremente cuidadas de sempre, etc.

Acredito que os ajardinamentos serão feitos, e durarão o mesmo de sempre: o espaço de tempo entre prefeitos os usarem como caminhos cobertos de flores pelas "petaleiras públicas", anunciando seus triunfos, e o de serem deixados ao vandalismo natural de nossa população sem grandes cuidados com seu canteiros

A urbanização será a mesma que temos há séculos, de cidades caóticas na qual turistas de planejadas cidades levarão duas horas para ir dos hotéis em que se hospedaram até os suburbanos estádios, no pior dos trânsitos, se conseguirem ao sair pela porta dos hotéis, e dobrando uma ou duas esquinas, não se perder em nossas teias de ruas sem orientação alguma.

No final, ficaremos após a festa com o costumeiro, ao qual estamos há muito acostumados: Um mico bem distribuído pelo país e um superfaturamento colossal bem concentrado entre poucos.

24/05/2012


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