segunda-feira, 21 de março de 2016

Rascunhos de um eventual Hayekiano - IV


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Isto É Dinheiro, 15/03/2016

Manchetes

Um terço dos maiores empregadores do país tem ir á bancarrota se não houver uma mudança radical e urgente na política e na economia.

Perigo: 21% dos pequenos industriais já usam cheque especial como capital de giro.

Falências: número de empresas fechadas bate record no governo Dilma.

Aperto: 30% das companhias não conseguem pagar os impostos.

Obs.: As questões simplesmente inexoráveis pois algébricas da curva de Laffer.
Trabalho: Desemprego aumenta há 51 meses consecutivos.

Dados

354,5 mil empresas de todos os setores fecharam as portas no Brasil em 2015, o pior resultado deste século.

O número de recuperações judiciais requeridas  cresceu 116% no primeiro semestre de 2016.

Os pedidos de falência aumentaram 15,3% no primeiro bimestre de 2016.

Entre os pequenos empresários

95% afirmam que a crise está prejudicando os negócios.

68% não tem capital de giro suficiente.

47% tomaram calote dos clientes recentemente.

31% admitem que a empresa pode fechar nos próximos 3 meses (a contar de dezembro de 2015).

30% deixaram de pagar impostos recentemente (considerando pesquisa de 12/2015).

21% estão usando o cheque especial.

Juros

Capital de giro: 2,64%/mm = 36,71%/aa
Desconto de duplicata: 3,04%/mm = 43,24%/aa
Conta garantida: 7,60%/mm = 140,85%/aa
Cheque especial: 11,16%/mm = 255,94%/aa

Nota: A revista ainda acrescenta uma reportagem sobre o setor de autopeça, mostrando a infelicidade particular do setor.


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Prioridade é coisa que governante "bananense" (leia-se brasileiro) só atenta se for para seu bolso.

O que é mais prioritário?

Saúde da população ou veículo oficial?
Segurança pública ou viagem para tratar de assunto partidário, sequer de estado?
Tragédia que necessita de apoio da defesa civil até em escala federal ou viagem simplesmente de aspecto diplomático, muito antes de se configurar sequer em comércio exterior?

As enumerações poderiam ser muito mais variadas, mas apenas alguns exemplos bastam.

Se Joseph Trickett e Alec Mackenzie afirmavam algo que pode ser resumido em “administrar o tempo é a permanente busca do agora”, não só o agora é o alvo principal de uma administração mais geral, mas onde nesse agora deve gastar-se (ou melhor,  alocar-se) o capital que se dispõe, ou mesmo o crédito que se busca.

Recomendamos:

R. Alec Mackenzie (and Pat Nockerson); The Time Trap; AMACOM, 1972 (1997ou 2009).


Ted W. Engstrom, R. Alec Mackenzie; Managing Your Tiem; Zonderva, 1967 (1978).

Ted W. Engstrom and R. Alec Mackenzie, Managing Your Time: Practical Guidelines on the Effective Use of Time; Grand Rapids: Zondervan, 1967.

Ted W. Engstrom, R. Alec Mackenzie; Administração do Tempo; Vida, 1975.

Joseph M. Trickett; A More Effective Use of Time; California management review. 07/1962; 4(4) (Summer 1962). DOI: 10.2307/41165495


Ross A. Weber; Um Guia Para Administração Do Tempo; Maltese, 1989.

Robert Banks; The Tyranny of Time: When 24 Hours Is Not Enough; Wipf and Stock Publishers, 4 de mar de 1997.

https://books.google.com.br/books?id=i11KAwAAQBAJ


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Um gráfico vale por mil palavras.

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Um “balão” de um personagem (“Urubu Rey”, “UR”, mais um fake com nome pitoresco) no Infomoney sobre energia, um tanto científico, mas no fundo, intimamente ligado com o econômico, e minha resposta:
Valei-me, meu Boltzmann! (um dos pais da Termodinâmica)

É tanto "balão" que não dá nem para tratar sem dividir em fatias.

UR: "Termodinâmica e engenharia industrial deveriam ser conteúdos obrigatórios nos cursos de economia. Só assim os economistas deixariam de falar besteiras."

Até concordo, mas não pelo que virá a seguir.

UR: "A tendencia do custo da energia é de alta secular."

Por favor, de onde saiu essa curva? ( Vide eólica, vide solar, vide etanol celulósico, vide biocombustíveis de 2a geração em diante.)

UR: "Aumentar a produtividade por hora de trabalho significa aumentar o consumo de energia."

Variáveis desacopladas, não misture-se as coisas. Basta o aumento de eficiência das lâmpadas para mostrar que você está equivocado.

Complementando: o aumento de produtividade não é correlato com o aumento da produtividade, tanto pelo aumento de eficiência dos processos, como a redução de perda de calor em processo numa refinaria ou siderúrgica, por exemplo, o reaproveitamento de calor, e ações de apoio, como a iluminação mais eficiente para os trabalhadores, ou a sua anulação em horários de presença de iluminação solar, ou ainda, redução dos gastos com tratamento de água, ou ainda a completa anulação da iluminação pelo uso de robôs, ou também a mudança drástica de um processo, sem o uso de fluidos lubrificantes, por exemplo.

UR: "Ha um limite teórico, definido pela segunda lei da termodinâmica, para o incremento da eficiência energética e só podemos contar com isso de forma limitada."

O que raios tem isso a ver com que até a desmaterialização de Buckminster Fuller implica em menos gasto de energia, por exemplo, na produção de TVs?

A própria redução de qualquer eletrônico aponta para o mesmo.

Em contradição direta, verifique-se a redução do tamanho dos motores elétricos e o aumento da eficiência de todos os motores na história.

E o que raios tem isso a ver "per se" com petróleo ou qualquer fonte de energia?

Complementando: a limitação da segunda lei da termodinâmica é o empecilho definitivo de ter-se “moto contínuo”, ou a inexorável tendência de um processo termodinâmico ter eficiência menor que 100%. Noutras palavras, num processo qualquer, a eficiência será menor que 100%, e sempre se terá perda de calor para o meio, este não passível de exercer trabalho, mas não de obter-se um processo para obter os resultados finais com mais eficiência, como por exemplo, antes produzir-se um carro com caro e dispendioso chassi com partes pesadas e de difícil soldagem, e hoje um com moldagem, pouca usinagem e praticamente sem soldas, incluindo nisso a mudança para materiais mais leves e menos dispendiosos em energia lá na fabricação, e nessa fabricação com reaproveitamento de calor (o mesmo que é fruto da inexorável ineficiência num certo nível) e com menos medidas para obter-se a mesma resistência mecânica.

Em acréscimo, coloquemos que o alumínio (muito mais reciclável, muito menos denso, mais econômico em ser usinado) está substituindo cada vez mais o aço na produção de veículos; as cerâmicas, em diversas aplicações onde suas características são superiores às dos metais - como as propriedades refratárias; os compósitos e as fibras de carbono, nos aviões e também nos veículos

UR: "O petróleo poderá perder um pouco de espaço na matriz energética mundial, mas não será eliminado em menos de um século. Assim, o seu preço continuará atado ao preço da energia. "

Por favor, o que raios tem uma coisa a ver com outra?

Só a biomassa é imensamente maior em capacidade calorífica global que todo o petróleo hoje disponível, e se renova.

Gás natural nos macroconsumidores que o diga.

Complemento: os usuários extensivos de combustíveis, como a fabricação de vidro e cerâmica, certas metalurgias e diversos materiais, tem mostrado a possibilidade e plena viabilidade da substituição de óleo pesado por gás natural.

Nem necessitamos aqui apelar para biocombustíveis, incluindo o biocarvão e gás de síntese em processos integrados indústria de conformação de materiais e química.

O próprio encerramento da “era do carvão” para a termoeletricidade, em sua disputa com a eólica, quando se leva em conta não só o custo de produção, mas o custo de produção acrescido do custo ambiental, já mostra a falácia de um argumento dessa natureza.

UR: "Certamente veremos o petróleo acima dos U$120 antes da próxima recessão mundial (sem contar a que estamos entrando)."

Relacionando recessões, que inclusive implicam em redução de preços para manter venda com preço de petróleo?

Esquecendo todas as outras variáveis em questão, como as fontes de energia concorrentes?

Desconsiderando inclusive que países produtores possam manter o preço baixo exatamente para manterem receitas frente a concorrentes, aproveitando enormes reservas, aliás o que já ocorre?

Esquecendo o detalhe que muitas vezes em recessões são exatamente os preços que baixam para manter-se qualquer entrada de receitas em países?
Desculpe, personagem, você claramente quer sucesso, mas não tem a menor noção do que vomita.

Portanto, personagem, caro fake, já apareceu em site de destaque em negócios, mas seus segundinhos de fama no seu Dunning-Kruger pitoresco já acabaram.