sábado, 8 de outubro de 2011

Capitalização, giro e alavancagem - I

O "triângulo do investimento", uma criação minha para entender-se o que seja a capitalização, o capital de giro e a alavancagem de capital, suas características de comportamento e riscos típicos.

Publicarei aqui, até para aliviar uma determinada "pressão de temas", a primeira parte de um artigo mais técnico, que estou construindo sobre três formas de manipulação/tratamento de capital.



A capitalização

O “dinheiro quadrado”, o capital que de moeda em moeda, em intervalos de tempo, ganha juros sobre juros, na economia é a partida dobrada da capacidade de investimento e na vida pessoal, a previdência. É o dinheiro da prudência.

Qualquer pessoa, mesmo extremamente limitada intelectualmente, sabe lidar com “dinheiro quadrado”, mas curiosamente, a maioria não o faz, pois é dinheiro que exige disciplina.

Todo aquele que quer ter uma renda de juros de 5000 reais, por mês, todo o mês, terá de poupar 1000 reais cada mês durante 30 anos a uma taxa real , “líquida” (descontada toda e qualquer inflação) de 0,5% ao mês (a popular poupança), acumulando um capital de pouco mais de um milhão de reais.

Se acumular 2000 reais por mês por 252 meses (21 anos), acumulará os mesmos pouco mais de um milhão de reais e terá a mesma renda de juros.

Já acumulando apenas 500 reais por mês, ao final dos 30 anos terá apenas pouco mais de 2500 reais de renda, correspondentes a pouco mais de 500 mil reais.

E assim por diante. Para uma planilha destes cálculos, e do quão dura pode ser a fria realidade dos números, para períodos de tempos que podem ser o de uma vida, consultar:

https://docs.google.com/spreadsheet/ccc?key=0AiEMpY80-IhadEJBeFNsaXd0Z3dmWjRFTk02M2JLQnc&hl=pt_BR



Extras

I

A coisa já havia dado seus primeiros sinais em Custos ocultos e desejos de consumo - Extras - 6). Para até minha vergonha, o pretendido "grande cliente" agora é nosso fornecedor, e fará fortunas em cima de nossos erros:

Brasil terá que importar 1,1 bilhão de litros de etanol anidro ou em www.bioetanol.org.br


Na verdade, a situação já se delineava antes, por questões de competitividade:

Jarbas Rocha; EUA JÁ EXPORTAM MAIS ETANOL QUE O BRASIL; novembro 3rd, 2010

II

Temos imediatamente de parar de dar conselhos à nações muito mais ricas (especialmente no seu conjunto, que se expressa especialmente pela moeda comum) e com rendas per capita e PIB per capita mais altos que o nosso, sob pena de cairmos no ridículo, como vemos nos artigos abaixo:

Carlos Alberto Sardenberg; O vício pela virtude; originalmente no O Globo, mas encontrável também em clippingmp.planejamento.gov.br


E o mais direto e contundente:


Reinaldo Azevedo: Texto reproduzido no Financial Times ironiza mania do governo brasileiro de sair distribuindo conselhos ao mundo


Dilma: agony aunt to the EU

Com termos quase no ofensivo, somou-se (como se necessário fosse): Coluna do Augusto Nunes.


E como bem pergunta Carlos A. Sardenberg, o que raios faremos para estimular nossa economia quando tivermos os juros baixos, pela própria lógica um tanto confusa que recomendamos a outros?


Noutras palavras, se nem nos capitalizamos e conduzimos nossa sociedade ao consumo responsável e à poupança para seu futuro, como vamos dar conselhos às mais estáveis, ricas e igualitárias sociedades do mundo?


Como já escrevi, não só o sabiá quer se tornar harpia, mas também, posar de sapientíssima coruja.


Antes, temos de responder com ações ao próximo ponto deste "extra", fruto exatamente de nosso aquecimento da economia baseado em liberação de crédito acima da capacidade de atendermos aos nossos desejos com as obrigações de produzirmos para tal:




III


Sem mais comentários, o próprio título diz tudo:


Inflação oficial em 12 meses chega a 7,31%, maior taxa desde maio de 2005


Se acha que é um valor pequeno de inflação, ele significa que ao final de um ano, seus ganhos, sejam eles quais forem, permitem na média apenas um pouco mais de 93% do que eles eram capazes há um ano atrás, ou, pelo próprio esboço acima do que seja capitalização, que seus rendimentos numa aplicação qualquer já tem de ser acrescentados de uma correção monetária de quase 0,59 % ao mês, um tanto mais que uma rentabilidade "líquida e real" de 0,5%.


Somos nós que realmente estamos com problemas, com mais de 7% de pulverização ao ano da moeda na mão de nossa pobre população de PIB per capita de quase US$ 11 mil dólares ao ano, e não os italianos, com seus mais de US$ 30 mil de PIB per capita, ou os espanhóis, com mais de US$ 33 mil, e por incrível que pareça aos nossos doutos líderes, que agora se encorajam a dar conselhos ao mundo, os gregos, com seu PIB per capita de quase US$ 37 mil, mesmo "quebrados" como estão.

Aqui, embora há muito já tenha abandonado diversas coisas dentro do que chama-se Cristianismo, concordo com determinado rabino "de poucos dias e muitas dores", e seus sábios conselhos:

...tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro do olho do teu irmão.







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