quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Falácias de Alices (II)

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Quanto vale a "mais-valia"


Sinceramente, não vejo a mínima necessidade de analisar profundamente o erro, o conjunto de premissas falsas que é a "mais-valia" dos marxistas com a profundidade (até porque nem seria apto a tal) que já fizeram economistas, desde Boehm-Bawerk , passando por tantos outros, sem falar do enorme estrago que fizeram na pregação (pois apenas isto é) por uma economia planificada por parte de  Ludwig von Mises e Friedrich von Hayek.

Parafraseando Marx, tudo que os marxistas dogmatizaram como sólido já se desmanchou no ar há décadas. O que restou, além da pregação e do wishful thinking, pode ser chamado por mim com um neologismo: falíceas, falácias de Alices, que normalmente, levam à falência nações inteiras.

Prefiro concentrar-me em determinados pontos, e com argumentos simples, muito mais focados em simples custos e no nosso trivial dia-a-dia, de atividades econômicas que se manifestam no nosso corriqueiro viver. Com isto, mostrar o quanto é mentira afirmar-se que "lucro seja roubo" ou, e pior, "o lucro advém da exploração que é a mais-valia", que o lucro só advenha do exatamente não-pago ao trabalhador, em relação ao valor unicamente definido pelo trabalho exercido sobre um bem.


A pirâmide do sistema capitalista, uma das muitas imagens da pregação marxista.

O cuidadoso plantador de tomates


Imaginemos um solitário plantador de tomates, em meio mesmo a um "mundo de Alices", de igualitária distribuição de terra entre os indivíduos. [Nota 1] Tendo sua terra de área igual a de qualquer outro, não poderia ser taxado de ter vantagens, inclusive, pois sabemos, e a própria história da agricultura e como sempre ela se distribuiu pelo mundo ensinou isto de maneira maravilhosa: a área, em si, não implica no sucesso ou no fracasso, nem mesmo na eficiência da produtividade agrícola. Noutros termos, pode-se ter uma área minúscula, e mesmo assim, produzir com excelência.

Como não tem empregados, trabalhadores agrícolas, não pode, pela definição marxista, explorar o trabalho de qualquer indivíduo, a não ser o seu próprio. Digamos que tenha, também, vizinhos, que igualmente, tomates plantem. Só que os seus são mais vermelhos, mais bem cuidados, com menos machucados, resultado de plantas com menos pragas, pois ele trabalha, nem necessita ser mais, mas melhor que seus vizinhos.

Logo, seus tomates podem ser apresentados ao mundo e atrairem mais compradores, e se desejar, exatamente pela sua sempre limitada produção, os apresentar como sendo mais caros que os de seus concorrentes. [Nota 2]

Logo, além de uma remuneração pelo trabalho igual a de seus vizinhos - pois lembremos que estamos num "mundo de Alices" e o 'preço-do-trabalho-com-tomates' é igual para todos - pode acrescentar um valor, pois os tomates, como claramente aqui vemos, não são de igual valoração.

Este adicional de valor recebido, será oferecido, e inclusive, disputar-se-ão os tomates, e aqui nasce a "mágica" da liberdade da atribuição dos valores por quem compra, pois é um ato de vontade próprio e intransferível, e mesmo no além das objetividades, nas completas subjetividades (qual o valor do tomate se mais vermelho apenas?), definido pela vontade e pelo desejo.

Então, ele, produz, pelo menos primariamente, veremos adiante, lucro, e ao que parece, não explorou ninguém.

Poderíamos acrescentar mais "entrelinhas", e tratar mais pontos neste exemplo, mas apresentemos outros exemplos, com algumas pequenas variações.

A propaganda, quando se presta a determinadas ideologias, nada mais quer ouvir de resposta que um estúpido eco.


O criativo pipoqueiro


Novamente, peguemos um isolado trabalhador, que produz pipocas estouradas, e as vende em sacos. [Nota 3] Ele não necessita plantar as pipocas, pois as pode comprar. A estes grãos, necessariamente, acrescenta óleo, sal, gás, etc. Notemos que nada difere de qualquer pipoqueiro. Mas por um lampejo de criatividade, decide subdividir seu "carrinho" em compartimentos estanques, além do clássico "salgada e doce", e acrescentar pimenta, ervas finas, páprica, "vinagre" (lembrando exótico gosto de minha ex-esposa), alho, etc.

Este adicional, que em custos mesmo da "exploração de outros trabalhadores", dando alguma linha para enforcar os marxistas, pode representar uns 5% no custo final do saquinho. Notemos, que finalmente, alguém elevou as vendas dos "pobres produtores até do mundo de Alices", de pimenta, ervas finas e outros condimentos, que até então estavam, parcialmente pelo menos, às moscas.[Nota 4]

Neste momento, encerra-se a "exploração", e novamente, inicia o "poder cobrar mais", e tal não necessita ser ligado, mais uma vez, vide similaridade com exemplo anterior, da exploração de qualquer trabalhador. Mas se tal diferencial de valor não for efetuado, e tem de o ser, pois até organizar as "malditas pipocas temperadas" (marxistas odeiam exotismos atrativos em produtos, vide as desgraças de seus produtos industriais, historicamente sem o mínimo atrativo), os mesmos trabalhadores que de maneira justa recebem pelos seus condimentos não o receberão.

Logo, aqui, podemos extrair uma máxima simples: o exotismo e até o luxo de produtos atrativos faz circular e gera riqueza. E como corolário, a simples produção de bens pela sua necessidade estrita conduz à estagnação econômica. Em caso de dúvidas, vide a França, com seus supérfluos perfumes e moda, cristais e objetos de decoração, nadando em miséria, e a opulenta e plena de fartura Cuba.


A demonização do "capitalista".


As idosas mas caprichosas vendedoras de flores



Existe produto mais inútil? Certamente poucos. Mas pergunte a uma mulher se não as deseja.


Toda área de bares, pelo Brasil a fora e até pelo mundo, tem aquelas simpáticas e as vezes até inconvenientes idosas, digamos no popular - velhinhas, vendedoras de flores, de mesa em mesa tentando socar suas rosas entre casais de namorados, quando não atrapalham um papo "em off" de colegas de trabalho de sexos opostos (ainda, que cá entre nós, não há oposição alguma aqui, mesmo neste caso, há concordância!) tratando do "pepino" que tem de ser resolvido, normalmente, até de uma Alice improdutiva que está "jogando bolas nas costas" no seu trabalho.

Independente desta senhora ter sua família que plante rosas, compre rosas, ou seja lá que forma for, disponha de rosas para comercializar - os casos anteriores já liquidam a questão de origem primária ou secundária - ela oferece o menos necessário dos produtos, que é simplesmente, uma simbolização de afeto, um "meme" de algo que representa, digamos, romance ou ternura. Inútil, sem serventia a não ser em exotíssimas e pouco nutritivas saladas. Uma flor que inclusive tem a planta espinhenta.

Pois bem. Definido que rosa é quase um lixo, perguntaria quem de vocês não pagaria até uns absurdos cem reais, sendo solteiro ou adúltero, não sejamos hipócritas, caso estivesse sentado conversando com a mais bela atriz de cinema ou televisão, modelo famosa, ou belíssima atriz de teatro do antigo bloco soviético? (Um exemplo para agradar alguma Alice que diga que só citei exemplos capitalistas, ligados ao consumo decadente da cultura ocidental.)

Claro que sim! E o equivalente em aceitar a capitalista rosa, mesmo da mais heterossexual e de típico comportamento feminino Alice do sexo dito frágil, pois é da natureza humana.

O mágico que ocorre aqui, é que por este ato inútil, fútil, romântico, piegas, até ridículo, é que a sua renda foi dividida com a velhinha, circulou. E esta senhora pode ser muito caprichosa em seus pequenos arranjos, e realmente embalar atrativas flores, dentro do universo de qualidade do inútil produto que estamos tratando, e merecer isto.

Assim, de uma inutilidade, no mais baixo patamar do que podemos definir como algo que seja necessário, pode nascer uma distribuição/circulação de renda, e a satisfação de todos os envolvidos (inclusive de você com sua companhia, seja dando a flor, seja a recebendo).

Mas notemos, que neste processo todo, a velhinha não foi explorada, pela similaridade com os exemplos anteriores, ninguém explorou, e mais que tudo, gerou lucro, pois numa determinada cadeia, que é a de produção de flores, que ainda acho que murcham e perecem, um novo ciclo de produzir flores tem de iniciar, e mais uma vez, mesmo pela absurda argumentação da mais-valia marxista, pela exploração do trabalho, alguém terá inclusive o que comer (incluindo, óbvio, a simpática, mesmo que seguidamente inconveniente, velhinha).


Mais algumas observações


Se a história pode ensinar-nos algo, é que a propriedade privada é ligada inextricavelmente com civilização.
Ludwig von Mises
1)

Encerrado estes simples exemplos, claro que aqui as Alices berrarão que nem todos podem ser pipoqueiros, plantadores de tomates e vendedores de flores, e tem de haver quem trabalhe em fábricas, imensas produções rurais, minas, escritórios, etc, para cruéis e desumanos patrões (Alices são melodramáticas, lembremo-nos).

Nada mais simples: trabalhe com a excelência do plantador de tomate acima, com a criatividade do pipoqueiro, ou com o carinho da vendedora de flores, e assim, cobre por isso, elevando seu lucro, pois obviamente, isso também causa o lucro de seu cruel patrão.

E quando este tão mau senhor lhe negar o justo, saia de suas oficinas, abandone seu capacete, largue sua picareta e rume para a dele concorrência, onde outro cruel senhor, que certamente quer que o seu patrão anterior vá à ruína ou vire seu trabalhador, e venda toda sua excelência, toda a sua criatividade, todo o seu carinho com seu trabalho, para ele, agora a preço justo, e com mais lucros para ambos.

Em suma, busque, mesmo dentro do que seja a absurda "mais-valia" dos marxistas, que a "mais-valia" que lhe roubam seja maior, mas em um "valor trabalho", igualmente maior, e com isso, mesmo em meio ao errôneo raciocínio marxista, lucre mais. Nada mais capitalista que isso, mesmo em meio ao mais pretendente à uma economia planificada dos mundos.

Infelizmente, lamento, num "mundo de Alices", isto não pode ser feito, pois o patrão é um só, e sempre será cruel igualitariamente, e certamente, o pouco lucro que for produzido, será exatamente do suor das Alices, e invariavelmente, concentrado num mesmo grupo (aquele mesmo que iniciou a dita "revolução"), que não disputa com ninguém coisa alguma, e só se locupleta da aparentemente imutável situação (até, claro, como dizem meus amigos "manos", "a casa cair" , como sempre).


2)

O grande David Ricardo trata o lucro como um resíduo, aquilo que sobra depois de todas as atividades. A meu ver o tempo tem mostrado que ele estava parcialmente certo, dependendo dos momentos e situações, especialmente a situação para a qual dizemos "tal mercado". Nos setores fortemente competitivos, "commoditizados" como digo em neologismo, nas pesadas logísticas, o lucro se estabelece como uma teoria, quase uma esperança bem planejada, e o caixa, como frio fato, e salvando-se todos os dedos após as perdas dos anéis, o resíduo é realmente considerável como lucro, pelo menos, por algum tempo...

Mas ninguém é maluco de afirmar que as fortunas de bilhões de inúmeros empresários do segmento de informática não foi uma determinada imposição sobre o feliz mercado se modernizando e ganhando eficiência, ou até jogando lúdicos jogos por puro lazer, ou mesmo trocando terabytes de informações como aqui fazemos, ou ainda sobre o infeliz mercado, o conduzindo a uma "angústia do não ter" por obsolescência programada, no limiar do crime, mesmo quando disfarçada de "modernização", "mudança de arquitetura", etc.

Aqui, von Mises demonstra claramente que no capitalismo ganha dinheiro quem consegue atingir a demanda das massas, até com computadores antes julgados inúteis ou impossíveis de serem operados pelo "homem comum", até com pouco sérios nomes de frutas.

Logo, embora continue defendendo que o lucro é teoria, caixa é fato, com todos os meus traiçoeiros dentes, também digo que lucro pode ser quando, no tapa, pegamos a fatia maior da pizza que é o mercado.



Notas

[Nota 1]: o "mundo de Alices é um conceito que desenvolvi para apresentar como premissa um mundo onde a riqueza já seja plena e harmoniosamente distribuída. Noutras palavras, é um mundo utópico onde tudo o produzido gera um valor tal que é imediatamente dividido entre todos os habitantes. O uso desta utopia, seguidamente, serve de base para mostrar porque em pouco tempo este status "desanda".

[Nota 2]: o pagamento não precisa ser em "dinheiro", como pensou brilhantemente Fidel ao julgar que nem dinheiro Cuba necessitaria, pois sua revoluçao seria perfeita*, e sim, como ironizo, com bananas e peixes, pois como mostrei anteriormente, Alices não necessitam em seu mundo utópico mais que isso.

* Por isso mesmo, deve ter colocado o gênio das finanças Che Guevara como presidente de seu banco central.

[Nota 3]: o exemplo de pipocas é mais que ilustrador pois poucos alimentos são mais inúteis que a pipoca, ou relacionados mais ao lazer. Você pode viver perfeitamente anos (até a vida inteira) sem comer pipoca. Mas porém, poucos hoje vão ao cinema ou assistem seus programas ou esportes sem a consumirem ao menos uma vez ao ano (e estou aqui "atirando por baixo"). As redes de salas de cinema hoje tem boa parte de seus lucros baseados na venda de pipoca. Mais uma prova que muito do que faz girar o mundo econômico não se dá pelo necessário, mas pelo desejado.

[Nota 4]: espanta-me que realmente Alices não entendam que exatamente o crescer de desejos atendidos pelas massa é que realmente acrescente riqueza, a geração de valor no linguajar de algumas autoridades de Economia.

Exatamente mais detalhes, maior diversificação, é que faz surgir, como aqui mostramos, o exemplo dos agricultures de especiarias, que num quilo de algum produto obtem muitas vezes o que seja apenas obtível com sacas e sacas de outros produtos. Aí já estaria uma solução para as pequenas propriedades, pois vemos que nos produtos mais extensivos, a História tem mostrado que as produções de pequenas propriedades tem se tornado crescentemente inviáveis.

Existirem carros como os Bugattis e os Zondas na casa dos 7 e 10 milhões de reais é um absurdo marxistoide tão grande quando a obviedade que exatamente este valor será o que parcialmente será pago ao trabalhador que o usina, solda, monta, pinta e regula. Logo, repitimos, o bem de luxo retira o capital de um porco capitalista e o distribui ao pobre proletariado. Esta questão fundamental tratarei pesadamente noutra blogagem

O desejo oculto de toda Alice.


Extras e Anexos

O monstro que está prestes a bater em nossa porta


Como Alices adoram trocar números, e de preferência, ainda fazendo com eles contas erradas, vamos tratar de algo atual, monstruoso, quase batendo à nossa porta, e que nos ameaça.

Quando LULA assumiu o Brasil, em 2002, devíamos (em reais): 

  • Dívida externa: 212 Bilhões
  • Dívida interna: 640 Bilhões 
  • Total de dívidas: 851 Bilhões
Em 2007 Lula veio a público afirmar que teríamos pago a dívida externa. O que é a priori verdade, só que ele não explicou que, para pagar a externa, ele aumentou a interna:

Em 2007 no governo Lula:
  • Dívida Externa = 0
  • Dívida Interna = 1.400 Trilhão 
  • Total de dívidas = 1.400 Trilhão

Ou seja, a dívida externa foi paga, mas a dívida interna quase dobrou.

Em 2010, percebemos que não se vê alardeia mais na mídia qualquer coisa a afirmada quitação sobre a Dívida Externa. O motivo é mais que simples. Temos, novamente, uma dívida externa.


Em 2010:
  • Dívida Externa= 240 Bilhões 
  • Dívida Interna =1.650 Trilhão 
  • Total de dívidas: 1.890 Trilhão, ou seja, a dívida do Brasil aumentou em 1 trilhão no governo Lula.

Deste endividamento que tem "surgido miraculosamente" o dinheiro que o Lula esteve gastando no PAC, Bolsa Família, bolsas para a educação em seus diversos níveis, verbas para a cultura, auxílio-reclusão a famílias de presos, etc.

Este volume de recursos não tem nascido de disponibilidades, do enriquecimento do estado, que propicia reservas que podem ser investidas.

É com dinheiro fruto de endividamento.

Durante o governo Lula foram pagos R$ 857 Bilhões a título de juros da Dívida Pública, ou seja, seis bilhões de reais a mais do total das dívidas externa e interna de 2002. Fonte: site Contas Abertas

Elaborado a partir do divertidíssimo blog Mujahdin Cucaracha, em linguagem clara e simples, mostrando a nua e crua verdade.

Para ler extenso material sobre isso, recomendo o árduo trabalho:

Amilton Aquino; Lula e a Dívida Pública

http://visaopanoramica.wordpress.com/2009/08/29/lula-e-a-divida-publica-parte-1/

http://visaopanoramica.wordpress.com/2009/09/05/lula-e-a-divida-publica-parte-2/

http://visaopanoramica.wordpress.com/2009/09/12/lula-e-a-divida-publica-parte-3/

http://visaopanoramica.wordpress.com/2009/09/19/lula-e-a-divida-publica-parte-4/

http://visaopanoramica.wordpress.com/2009/09/26/lula-e-a-divida-publica-parte-5/

http://visaopanoramica.wordpress.com/2009/10/03/lula-e-a-divida-publica-parte-6/

http://visaopanoramica.wordpress.com/2009/10/10/lula-e-a-divida-publica-parte-7/

http://visaopanoramica.wordpress.com/2009/10/17/lula-e-a-divida-publica-parte-8/

http://visaopanoramica.wordpress.com/2009/10/24/lula-e-a-divida-publica-parte-9/

http://visaopanoramica.wordpress.com/2009/10/31/lula-e-a-divida-publica-final/

E "direto na fonte":

Gráfico 4 - Evolução do Estoque da DPFe x Reservas Internacionais

http://www.stn.fazenda.gov.br/hp/downloads/Informes_da_Divida/Informe_DPFe.pdf

Tabela 'Evolução dos Principais Indicadores da Dívida Pública Federal'

Estoque da DPF em mercado (R$ bi): 1.600 (em 2009)

http://www.stn.fazenda.gov.br/divida_publica/downloads/Apresentacao_Relatorio_Divida_2010.pdf


Uma atualização

Políbio Braga On Line

Dívida pública federal aumenta 1,15% e chega a R$ 1,6 tri

A dívida pública federal (DPF) aumentou R$ 18,76 bilhões de setembro para outubro, passando de R$ 1,626 trilhão para R$ 1,644 trilhão, devido à emissão de títulos públicos e a apropriação de juros. Em termos percentuais, a alta foi de 1,15%.

A dívida pública mobiliária (em títulos) federal interna subiu 1,19%, passando de R$ 1,534 trilhão para R$ 1,552 trilhão. A dívida pública federal externa também subiu, encerrando outubro em R$ 92,21 bilhões, contra R$ 91,76 bilhões em setembro.




Os hálitos do grande monstro que já dão seus ares
no Palácio do Planalto



Juros reais de pouco acima de 5% ao ano, frente a juros internacionais de 0 a 1%. Impostos na casa de 35 a 36% do PIB, frente a 22% dos demais países emergentes, dívida pública bruta de 60% do PIB crescente frente a 40%  dos demais emergentes. (Carlos Alberto Sardenberg; Não é a Moeda; Estadão 08/11/2010)

Neste campo, nestes problemas, não adianta espernear contra os EUA e sua emissão de moeda. Repitamos: sua, pois em termos de dólares estadunidenses, dizem por aí que os EUA são absolutamente soberanos.[Nota 5] Como bem disse Mário Henrique Simonsen, inflação aleija, mas câmbio mata, e o governo não pode fazer coisa alguma frente a um mercado que só em termos de EUA é da ordem de dezena de vezes nossa capacidade econômica total, e em termos de emissão de moeda, teoricamente ilimitada. Na verdade, não podemos nem com a capacidade da China de comprar títulos da dívida estadunidense, e ao que parece, antes de nos preocuparmos com este câncer, nem mesmo estamos conseguindo frear a gripe intensa que é a questão de nossas importações desta mesma China, devastando nossas indústrias já a 20% de nossos bens de consumo.

Nossas pesadas importações tem detido aumentos de preços, que mais cedo ou mais tarde conduzem à inflação, pela apresentação de preços competitivos a nossos preços internos, mas os déficits fiscais tem levado à uma inflação propriamente dita por outras vias.

Os EUA, caracteristicamente prudentes, junto com todo o "mundo anglo-saxão" (com a exceção temporária da Austrália, mas já de volta aos eixos), junto com o "grupo germânico-nórdico", em questões de emissão de moeda, não sofre com inflações por "estúpida emissão", mas sofre com inflações de demanda, direi corajosamente, "pura". Para estes, abrir as portas às importações é solução. Nós sofremos nas duas pontas. Temos inflação a ser controlada por juros extorsivos, e mesmo com nossos valores, não o conseguimos a pleno por nosso estado deficitário e irresponsável - vide dívida interna, e ainda estamos a aleijar-nos, a asfixiar-nos, pela importação. Estamos entre a cruz e a espada, simplesmente isso.

[Nota 5]: Espernear com os EUA em termos econômicos tem a mesma validade de tentar bater com uma rosa num touro, ou imagem ridícula semelhante. Os EUA não se caracterizam por negociar. Sempre, impuseram suas vontades, muitas vezes, travestidas cinicamente de "acordos". E escrevam: a China, aprendeu muito com eles, e nitidamente, supera o mestre, especialmente em perversidade, pois nem mesmo se interessa em exportar apenas os negócios, exportando junto, até a massa de trabalhadores. Já quando importa os negócios, importa apenas sua "casca" tecnológica, organização e métodos e obviamente, capital, pois "nunca coisa alguma é o suficiente"*. O trabalho, é destinado à sua massa de "explorados" (não resisto a uma ironia plo marxismo). Adaptando livremente um estadunidense comentando o que seja a China: Se vocês acham os EUA ruins, aguardem pela China!

*Como bem me disse um professor do 'básico do básico' de Economia, anos atrás: pobre coitada da alma que se contenta com o que tem.


O pequeno monstro que já baterá à porta de Dilma



Já abordei que existem os custos tem uma característica de inexorabilidade. Desenvolvamos mais estes pontos, antes de delinear o pequeno monstro, na verdade, brotação do maior.

Como existe a ocorrência dos custos no tempo, especialmente se fixos, correntemente, no tempo, seja por reservas, seja por geração, será necessário honrá-los. Repitamos: os custos fixos são inexoráveis no tempo, e qualquer custo distribuído no tempo, em parcelas, amortizado, torna-se igualmente, ainda que temporariamente, um custo "tratável como fixo", e tem de ser coberto pela geração de caixa, e igualmente, nas vincendas, inexorável.

Em exemplos simples: todo mês existe um aluguel ou parcela de financiamento ou despesa de utilidade como água e energia a se pagar.

Mas existem custos que são acidentais, e as probabilidades, especialmente no atuarial, no relacionado com o modelável pela distribuição de Weibull, aleatória pois acidentalmente (sejamo até redundantes), será necessária sua correspondente provisão em caixa (reservas) ou seguro, pois inevitavelmente e inexoravelmente de maneira crescente no tempo, o custo em questão ocorrerá e será necessário cobrí-lo e consequentemente, haverá o débito do caixa. E aqui o lucro, que se fez aparentemente certo, torna-se novamente a esperançosa teoria. Repitamos: os custos acidentais são inevitáveis no mais longo do tempo, ou, noutras palavras, com exemplos simples, da menor para a maior escala, com o mais que trivial e diário, lâmpadas queimam, torneiras desgastam-se, um incêndio ou acidente acontece, enchentes ocorrem e seu empreendimento será alagado, ou seu frete de matéria prima ou de entrega será atrasado, e destes, sua geração de caixa será abalada.

Respirando e citando os investidores no arriscado mercado de ações: lucro bom é o que está no bolso.

Da mesma maneira, governos são obrigados inexoravelmente, no tempo, a repor as perdas salariais por inflação, que na verdade, nem será perda para o governo, que arrecada corrigido permanentemente em seus impostos pelos inflacionários preços.

Mas ainda dentro disso, tem os governos de lidar com os desejos, a ganâncias dos grupos, do corporativismo, e destes, a irreponsabilidade fiscal. Ao fazer iso, poderá somar além do inflacionário, que relaciona-se ironicamente com a marxista "luta de classes", e aqui serei até cruel, tem de cuidar para não somar mais custos inexoráveis ao seu já pesado fardo.

Sobre isto, rezar (pois não há outra coisa a fazer) para que não ocorram tragédias - custos acidentais, que não seja pego de calças (ou saias) curtas, sem reservas e sem mecanismos de securitização, pois em última instância, causará ou rombo no caixa ou processo inflacionário, o que sinceramente, no tempo, dará no mesmo.

Assim, cuidado, "Nossa Nova Guia", pois o governo Lula lhe deixa 52 bilhões de reais em contas a pagar, 29,5 bilhões em investimentos comprometidos apenas até outubro e 6 bilhões com a proposta de reajuste do Poder Judiciário e Ministério Público da União com "riscos" de aprovação, levando-a talvez até a ter de "suspender empenhos", que é uma expressão mais elegante para "calote". (Marta Salomon; Governo Lula deixa conta para Dilma; Estadão, 02 de novembro de 2010).

Com esta marcha, e seus também inexoráveis efeitos cascata, para escrever outra até bem revisada blogagem, só necessitarei preencher algumas lacunas, e reeditar a profecia que sempre represento com a frase "quando certo dia chegar...", relacionada sempre com a "marcha para a inoperacionalidade", que mesmo nos governos, mesmo na maior escala possível, ocorre, e seguindo a irônica lei de Murphy: Se algo pode dar errado, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo a causar o maior estrago possível.

Contar aqui com riquezas ocultas, como o Pré-Sal, com a sua imediata geração, é para mim pensamento mágico e desprezar o poder previsório da Lei de Hofstadter:

É sempre necessário mais tempo que o previsto, mesmo quando se leva em conta a lei de Hofstadter.


Lítio da Bolívia e certas lembranças



Assisti chocado à imensa estupidez da Bolívia mostrada em 24/10 no Fantástico, que tenta desenvolver sozinha, a passos de tartaruga e escala de mussaranho a produção de lítio, hoje mais que procurado para baterias, e crescentemente, dado só por argumento principal os veículos elétricos.

Tudo em nome de um "nacionalismo". Triste sina, demorarão, como todo mau administrador, a descobrir que a menos flexível das variáveis é o tempo, e nele, todos os fatos econômico ocorrem, e a inexorabilidade dos custos, o implacável ponto de equilíbrio necessário em todas as atividades se manifestará. Sendo mais simplista, sempre o tempo passa, e quanto mais se demora a ter as receitas, mais se sofrerá com as despesas.

Tão simples é a situação da Bolívia (e outros) como o proprietário de determinado serviço, que necessitando de 200 clientes para se equilibrar, ao ter 190, acha que seu problema está solucionado, e ao ainda não ter 240, por exemplo, acha que exatamente por fatores aleatórios e caóticos, a distribuição caótica no tempo das procuras, não perderá 40 clientes e voltará a andar perigosamente sobre a navalha*. Os mesmos velhos problemas de "marginalidades", de ter reservas tanto de valor quanto de tempo, e como mostrou Alec MacKenzie, a finalidade de toda atividade econômica é por fim a geração de tempo. Mesmo na escala de estados. Mais uma vez, com acréscimo: lucro bom é o que está no bolso.

*Daí a linda imagem entre os profissionais de finanças do "equilibrista", símbolo de sua atividade.

Deste mesmo estado, a Bolívia, sofremos o duro golpe de nossas atividades sobre gás natural, até pela ingenuidade de acharmos que teríamo uma relação madura e confiável (e aqui, uma oculta redundância) como a que tem EUA e Canadá. A Bolívia não é  talvez por muito tempo não seja o (nem o de hoje) Canadá. E o Brasil não é o que seja os EUA, com sua enorme capacidade de pressão, sua multiplicidade de fontes e como lá em cima coloquei, sua quase ilimitada capacidade de colocar, mesmo com mínimos problemas internos, "fichas na mesa".

O tempo se encarregará de castigar a Bolívia com seu lítio "auto-suficiente", e mesmo, com seu gás, e quem pagará a conta disso, por fim, será seu povo. Que nos sirva de exemplo, antes de começarmos a negar a presença de extratores de riquezas, que poderiam imediatamente se posicionar em grande escala, e com a também imediata presença controladora de nosso estado, simultaneamente gerar riquezas, pelo simples pagar de tributos.


Elevação de custos não é inflação...
...pelo menos, no início



Complementando uma questão anterior, colocarei que mesmo para um produto de tão vasta influência como o petróleo, e até podemos ampliar para o conceito de energia, o aumento de um ítem e mesmo toda sua cadeia não implica em inflação "propriamente dita". A elevação do preço dos combustíveis pode levar as passagens de ônibus em até 30%, mas não implicará isso nos fretes por caminhão elevarem-se em mais de 25%, ou o transporte por trens em mais de 10%, ou o naval em mais de 5%. Mesmo em produtos onde o petróleo seja um custo ligado apenas aos fretes, pode não representar mais sua majoração que a majoração deste mesmo frete.

A influência deste encarecimento se dá apenas nas planilhas específicas, nas linhas  colunas específicas, nas células específicas, numa linguagem de planilhas de custos.

Quando a questão é propriamente inflacionária, todos, repitamos, todos os provedores de bens e serviços não é que modifiquem seus custos em si, mas querem que seus produtos e serviços sejam remunerados por mais moeda, excetuando-se, claro, os temerários, os ignorantes e os irresponsáveis (os quais, em termos de resultados financeiros, são praticamente idênticos).

O problema não está em quanto dinheiro está saindo do caixa para bancar a futura geração, mas o quanto realmente é a futura geração para posteriormente buscar cobrir aqueles custos 'em novo ciclo', e como sempre, manter aquele roubo, na mente das Alices, que é o lucro. Quem está em queda é o valor da moeda, e não em subida de um 'valor universalizado' está este ou aquele ítem.

Claro, evidente, que as situações deste tipo possuem graduações e interfaces, campos difusos onde a classificação é impossível, e como já tratei em ciência, podemos estar aqui tratando de "aristotelismos classificatórios", e concordo, por isso mesmo, que uma situação, quando bem definida, pode se transformar na outra, gradual e até em mutação, fazendo outra analogia com o científico. Por isso mesmo, quando o petróleo sobe, ou quando o câmbio sofre impactos de majoração e estamos em forte importação, como agora, tais fenômenos podem, realmente, virar o que podemos chamar de inflação, naquilo que os muito mais aptos que eu economistas chamam de inflação de custos.

Se esta inflação de custos for somada a uma inflação por demanda, e para manter a "felicidade causada pela demanda" o governo sofrer a tentação de começar a "pintar", ou ainda pior, "digitar dinheiro", a amorosa criatura da gravura acima (à direita) mostrará sua real natureza.

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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Análise de uma determinada carta

e (ou um cartapácio de) falácias, semiverdades e simples mentiras.


O Barão de Munchausen, personagem que vejo de símbolo de muito do que é afirmado, hoje, pela dita "esquerda" brasileira.























Primeiramente, sou um sujeito, para meus escritos, para lá do que seja metódico. Mas a necessidade, aquilo que Alec MacKenzie chama de "a eterna busca do agora", me levou a pular a série de Falácias de Marxistas ("Alices"), o que chamo de "Esquerdadas" (bobagens de esquerdistas), e até mesmo a minha blogagem sobre ciência e um enorme texto sobre refutações ao chamado "design inteligente", temas muito mais atemporais e a meu ver, prioritários.

Eis o que chamamos nos debates pela internet de "um colar" (algo que é uma série de pérolas):

(em negrito e itálico, o que chamaria de "o esparramo")

CARTA ABERTA A FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

...
Quem a lê não pode compreender porque você saiu do governo com 23% de aprovação enquanto Lula deixa o seu governo com 96% de aprovação.

A aprovação de um governo não implica em este ser economicamente sólido, nem mesmo, em ser mais que populista, demagógico ou assistencialista. E no que isso redundará, ao longo do tempo, a história brasileira mostrará, da maneira mais clara possível. Falácia ad populum/ad numerum, nada mais.

 Já discutimos em várias oportunidades os mitos que se criaram em torno dos chamados êxitos do seu governo. Já no seu governo vários estudiosos discutimos, já no começo do seu governo, o inevitável caminho de seu fracasso junto à maioria da população.

Curiosamente, reeleito para um segundo mandato. Mas conseguiu dar continuidade? Não, concordamos. Mas talvez aí resulte da população brasileira desejar caminhos mais fáceis, ainda que apenas aparentemente, para a solução de suas mazelas.

Pois as premissas teóricas em que baseava sua ação política eram profundamente equivocadas e contraditórias com os interesses da maioria da população.

Curiosamente, repetimos, e em outros termos: talvez pelo povo brasileiro deixar-se seduzir por soluções aparentemente mais fáceis.

Mas se esta argumentação tivesse nexo por si, as experiências estaduais, municipais, dentro da fórmula assistencialista e populista implementada pelo PT, com gritos de "à esquerda" teriam continuidade também, e claramente, não tem.

(Se os leitores têm interesse de conhecer o debate sobre estas bases teóricas lhe recomendo meu livro já esgotado: Teoria da Dependencia: Balanço e Perspectivas, Editora Civilização Brasileira, Rio, 2000).

Não entendo porque intelectuais ditos de "esquerda", insistem em quererem anunciar e vender seus trabalhos em cada texto que apresentam. Como digo: "ad verecundiam sobre o próprio umbigo não vale".

Mas nem necessitamos impedir que o intelectual "de esquerda" venda seu peixe. Mostraremos, que mais que tudo, não sabe em que rio pesca.

Contudo nesta oportunidade me cabe concentrar-me nos mitos criados em torno do seu governo, os quais você repete exaustivamente nesta carta aberta.

A partir daqui, trataremos de mostrar, de maneira banal, que o que se apresenta é só um amontoado de falácias.

O primeiro mito é de que seu governo foi um êxito econômico a partir do fortalecimento do real e que o governo Lula estaria apoiado neste êxito alcançando assim resultados positivos que não quer compartir com você...

Na verdade, o governo Lula inicia por apoiar-se neste êxito, e segue, especialmente no período Palocci, numa rigidez fiscal contínua com o governo FHC. Após, envereda por gastos crescentes, e os resultados desastrosos disso já visualizamos, dia a dia, "balanço a balanço", número a número (mesmo os cuidadosamente maquilados).

Independente disso, o governo Lula, no fiscal e no monetário, "não consertou coisa alguma", portanto, se o de antes estava errôneo, teria de ter algo feito. Se não fez, deu continuidade ou teria até, seguido por caminhos tortuosos. Se não seguiu por caminhos equivocados, logo, e nada mais claro e simples, deu continuidade, apoiando-se em diversas medidas econômicas. Lógica aplicada simples, nada além disso.

Em primeiro lugar vamos desmitificar a afirmação de que foi o plano real que acabou com a inflação.

Sim, podem espernear os intelectuais de esquerda, que em economia são coisa alguma de válido, pois a inflação era de até 86 % ao mês, no período Sarney (aquele, que faz parte da base do "seu" governo), e posteriormente ao plano real, desabou, nada mais simples e graficável, para números que já podemos adiantar, residuais de 12% ao ano.


Os dados mostram que até 1993 a economia mundial vivia uma hiperinflação na qual todas as economias apresentavam inflações superiores a 10%.

Deixa eu ver se entendi esta esparrela...

Quer dizer que a economia do planeta estava com inflação de 10% ao ano, em sua significativa parte, e isto causava uma inflação local de números equivalentes ao mês?

De onde se conclui, que mesmo nesta afirmação falaciosa por si, o problema brasileiro ainda sim era 12 vezes, a grosso modo, superior ao internacional?

Então, mesmo com esta "pressão" internacional, o Plano Real ainda teria sido responsável por reduzir esta enorme defasagem em relação ao que o "intelectual de esquerda" apresenta como causador da inflação brasileira?

Apresentem-me um "intelectual de esquerda" que tenha ao menos lógica interna em seus argumentos, depois, se possível, que saiba o mínimo de Economia, ficarei imensamente grato e surpreso.

A partir de 1994, TODAS AS ECONOMIAS DO MUNDO APRESENTARAM UMA QUEDA DA INFLAÇÃO PARA MENOS DE 10%. Claro que em cada pais apareceram os “gênios” locais que se apresentaram como os autores desta queda. Mas isto é falso: tratava-se de um movimento planetário.

Desde quando, como já mostramos, uma pressão internacional de inflações de 10% pode causar inflação nacional da ordem de mesmo valor ao mês?

"No caso brasileiro, a nossa inflação girou, durante todo seu governo, próxima dos 10% mais altos."

Mais uma vez: uma inflação residual de 12% pode ser comparada a uma de 12% ao mês?

TIVEMOS NO SEU GOVERNO UMA DAS MAIS ALTAS INFLAÇÕES DO MUNDO.

Substituída, curiosamente, por uma das mais altas taxas de juros do mundo, em meio a uma inflação relativamente baixa*, elevando a dívida interna a valores que marcham para o colapso.

* E o distanciamento destes valores sempre implica em crescimento brutal da dívida pública.

Eis o legado do governo Lula, que se não for quebrado em sua tendência, levará o Brasil ao pior dos quadros.

Mas continuemos massacrando a verborreia do "intelectual de esquerda"...

Ainda que a inflação do governo FHC tenha sido residualmente alta, mostra-se claramente mais baixa que a dos períodos anteriores, e em valores de diminuição que não podem ser justificados por uma "tendência global" de "inflação baixa".

Como, em tempo, a economia chinesa, ou americana, ou europeia, com suas estabilidades, especialmente no período, pudessem, ainda com uma instabilidade na moeda, impelir a economia brasileira, com sua emissão própria, para valores, a grosso modo, 12 vezes maiores (pois desprezamos a composição exponencial mês/ano) das taxas brasileiras.

E aqui chegamos no outro mito incrível. Segundo você e seus seguidores (e até setores de oposição ao seu governo que acreditam neste mito) sua política econômica assegurou a transformação do real numa moeda forte.

Sim, foi. Discorda?

Apresente como a moeda brasileira teria chegado aos valores que se apresentou, pelo prazo que se apresentou, com valores próximos do dólar americano, e com a estabilidade de poder de compra de bens no país que apresentou, e manteve, no período.

Ora Fernando, sejamos cordatos: chamar uma moeda que começou em 1994 valendo 0,85 centavos por dólar e mantendo um valor falso até 1998, quando o próprio FMI exigia uma desvalorização de pelo menos uns 40% e o seu ministro da economia recusou-se a realizá-la “pelo menos até as eleições”, indicando assim a época em que esta desvalorização viria e quando os capitais estrangeiros deveriam sair do país antes de sua desvalorização.

Pergunta simples: Passou a valer 2000 vezes menos?

Não!

Então, do que raios estamos falando, comparando com a situação anterior, que inclusive, implicava que a cada mês valia até 89% do valor mensal anterior, continuamente, durante anos, quando não, valendo aproximadamente metade (até 53%), passado apenas um mês?*

*Como "intelectuais de esquerda" tem seguidamente até honestos problemas com números, estes valores nascem de inflação de 12% e 86% ao mês, respectiva e aproximadamente.

O fato é que quando você flexibilizou o cambio o real se desvalorizou chegando até a 4,00 reais por dólar.

Obrigado por me responder.

Não passou a se pulverizar em processo inflacionário. São situações completamente diferentes, tanto em natureza quanto em comportamento.

Explicando em mais detalhes, tanto não é uma situação inflacionária e sim uma questão de câmbio, atrelada à confiabilidade do mercado ao então futuro "supremo mandatário" ("Noço Guia") que os preços dos bens e serviços na moeda brasileira e com sua matriz de custos atrelados a esta moeda não se pulverizaram num processo inflacionário de correspondentes, digamos, 100 %, partindo de R$ 2,00/US$, até R$ 4,00/US$. O pãozinho de sua manhã, p.ex., continuou valendo os mesmo C centavos, e flutuando a C' apenas devido, por exemplo, ao custo da farinha e da lenha da padaria, ou ainda o nobre salário do padeiro, nada mais.

Pelo mesmo exato motivo de não vinculação direta, e simplória, da questão de câmbio ao inflacionário, não enfrentamos uma deflação devastadora de 50% quando o real valorizou-se dos R$4,00/US$ até os R$2,00/US$, valor que há muito passamos, e que tem flagelado nossa balança de pagamentos e parque industrial, e até alguns setores produtivos mais básicos. Ainda dentro desta argumentação contundente e simples, podemos colocar que mesmo assim, enfrentamos leve processo inflacionário.

Se não sabe-se fazer contas simples, recomendo o de sempre: papel de pão, uma capitalista caneta Bic ou lápis e até uma calculadora de camelô. É barato e não dói.

E não venha por a culpa da “ameaça petista” pois esta desvalorização ocorreu muito antes da “ameaça Lula”.

Sim. Quem determina isso é o mercado, e este já se mostra novamente "esperto", pois percebe os desmandos econômicos que estamos vivendo, vide "maquilação de balanços".

Explico, em ponto específico: agora, pode-se maquilar os números com resíduos de capitalização da Petrobras, incluindo aí, reservas minerais nem mesmo com previsão de curto prazo de exploração, e mesmo se extraídas amanhã, tal não poderiam ser assim lançadas.

Mas pouco interessa, pois o que interessa é que a "maquiagem possível" se esgota, e os próximos números verdadeiros não poderão ser escondidos.

Então, "intelectual de esquerda", chegará o dia em que o mercado, aquele ente perverso - pela "sua" própria definição - não entrará no jogo, a não ser, sob muito mais sólidas garantias e exigindo, como sempre, ganhos maiores e mais seguros.

Prefiro sempre a realidade dura que a mentira, ainda que inocente e pura. Ou, nas palavras de um mestre:

A verdade alivia mais do que magoa. E estará sempre acima de qualquer falsidade como o óleo sobre a água. - Miguel de Cervantes

ORA, UMA MOEDA QUE SE DESVALORIZA 4 VEZES EM 8 ANOS PODE SER CONSIDERADA UMA MOEDA FORTE? Em que manual de economia? Que economista respeitável sustenta esta tese?

Sim. Exatamente pois tal está nos manuais de economia. Tanto assim é, que seu poder de compra, internamente, não caiu nestes índices, sendo apenas, uma questão cambial. E exatamente isso foi fortemente proveitoso, que gerou imensas receitas no campo das exportações, coisa que agora, a não ser pelo papel esgotável e/ou limitado das commodities, limitando-nos a ser uma "plantação com mina do lado", está pulverizando a indústria nacional.

Conclusões: O plano real não derrubou a inflação e sim uma deflação mundial que fez cair as inflações no mundo inteiro. A inflação brasileira continuou sendo uma das maiores do mundo durante o seu governo.

Como vimos, afirmação sem o mínimo nexo. Então, pelo mesmo argumento, as deflações que até agora se evidenciam, causam por acaso a inflação significativa que o Brasil ainda possui, apesar de sua massacrante taxa de juros? Óbvio que não!

Logo, uma coisa não relaciona-se com a outra, e não há outra coisa que tenha feito a taxa de inflação brasileira cair significativamente, a começar pela suspensão da óbvia emissão desregrada de moeda (sem a qual, "intelectual de esquerda", não existe inflação), que o Plano Real. Mas pode continuar mentindo até para si mesmo, pois somente a mente mente a só.

O real foi uma moeda drasticamente debilitada. Isto é evidente: quando nossa inflação esteve acima da inflação mundial por vários anos, nossa moeda tinha que ser altamente desvalorizada.

Por favor, "sociólogo", novamente: moeda em sua questão cambial não tem de por isso relacionar-se direta e estritamente com a questão inflacionária. Invariavelmente, "intelectuais de esquerda" pensam monolinearmente (e nisto simploriamente) em questões econômicas, e quando não apenas trocam os pés pelas mãos, erram da maneira mais patética frente a qualquer manual básico. Por este raciocínio trôpego, a volta à patamares de 1,7 para o real frente ao dólar teria de conduzir a uma deflação devastadora.

De maneira suicida ela foi mantida artificialmente com um alto valor que levou à crise brutal de 1999.

Aqui, pelo visto, a única causa apresentada é a interna, como se o câmbio brasileiro conduzisse o mundo. Mas depois de um texto que aponta que inflações de 10% ao ano, em diversos países do mundo, podem pressionar a inflação brasileira a patamares de mais 10% ao mês, acreditamos, agora, em qualquer coisa.

Segundo mito; Segundo você, o seu governo foi um exemplo de rigor fiscal.

Prevejo pérolas maravilhosas...

Meu Deus: um governo que elevou a dívida pública do Brasil de uns 60 bilhões de reais em 1994 para mais de 850 bilhões de dólares quando entregou o governo ao Lula, oito anos depois, é um exemplo de rigor fiscal?

Curiosamente, o governo Lula, em moeda dita muito mais forte, continuou elevando esta dívida, agora, a taxas pouco inigualáveis no mundo (pois seus juros estão entre os mais altos), frente a uma inflação relativamente baixa.

Gostaria de saber que economista poderia sustentar esta tese. Isto é um dos casos mais sérios de irresponsabilidade fiscal em toda a história da humanidade.

Releiamos as minhas linhas anteriores. O argumento, pelo visto, morre e é enterrado aqui, e aqui está onde o governo Lula, com sua imensa irresponsabilidade fiscal, nos leva, e levaremos anos para do buraco que cavamos, perdão, para nós cavaram, sair.

E não adianta atribuir este endividamento colossal aos chamados “esqueletos” das dívidas dos estados, como o fez seu ministro de economia burlando a boa fé daqueles que preferiam não enfrentar a triste realidade de seu governo.

Mas "intelectual de esquerda", pode você, com seu governo que elevou ainda mais a dívida, agora, com gastos centrados de maneira irresponsável na união, alegar isto?

Não! A responsabilidade é somente de seu governo federal, e de ninguém mais!


Aqui, iremos, em meio ao berreiro, por partes:

UM GOVERNO QUE CHEGOU A PAGAR 50% AO ANO DE JUROS POR SEUS TÍTULOS,

Menos que o "seu", mais que tudo em valor, frente à inflação, que pela sua própria argumentação, era mais alta.

PARA EM SEGUIDA DEPOSITAR OS INVESTIMENTOS VINDOS DO EXTERIOR EM MOEDA FORTE A JUROS NORMAIS DE 3 A 4%,

Melhor que "o seu", que toma empréstimos em moeda interna, aos mais altos juros do mundo, para comprar moeda externa, mesmo em meio a brutal endividamento, repetimos, a um dos mais altos juros reais do planeta.

Frase simples em finanças: não se bota ponta na ponta, que um dia quebra.

NÃO PODE FUGIR DO FATO DE QUE CRIOU UMA DÍVIDA COLOSSAL SÓ PARA ATRAIR CAPITAIS DO EXTERIOR PARA COBRIR OS DÉFICITS COMERCIAIS COLOSSAIS GERADOS POR UMA MOEDA SOBREVALORIZADA QUE IMPEDIA A EXPORTAÇÃO, AGRAVADA AINDA MAIS PELOS JUROS ABSURDOS QUE PAGAVA PARA COBRIR O DÉFICIT QUE GERAVA.

Repitamos e acrescentemos:

O "seu" governo elevou a dívida.
O "seu" governo continua, mesmo sob endividamente crescente para não 'solapar' o câmbio, tendo de atrair invertimentos do exterior.
O "seu" governo paga os mais altos juros do planeta, frente a capitais especulativos que tomam empréstimos no exterior até a juros reais negativos.
O "seu" governo tem sobrevalorizado, estupidamente, ao longo de praticamente todo o seu exercício, a moeda brasileira, e com abertura da importações que já chegam a 20% de todos os bens de consumo, fulminando, talvez por décadas, a indústria nacional.
O "seu" governo, pela exata "partida dobrada" do acima, mantém asfixiadas as nossas exportações.

Este nível de irresponsabilidade cambial se transforma em irresponsabilidade fiscal que o povo brasileiro pagou sob a forma de uma queda da renda de cada brasileiro pobre.

De que irresponsabilidade fiscal você fala, "cara-pálida", se exatamente o "seu" governo é que a apresenta, e os números das finanças públicas estão aí, claramente?

Nem falar da brutal concentração de renda que esta política agravou dráticamente neste pais da maior concentração de renda no mundo. VERGONHA FERNANDO. MUITA VERGONHA.

E por acaso, julga o "sociólogo", que o pagamento dos mais altos juros do planeta serão compensados por medidas assistencialistas, que nada mais fazem que gerar mais custo sobre a própria classe pobre?

Perdão, aqui, talvez, tenha exigido Economia* demais da "pessoa que berra".

* Aquele conjunto sofisticado de técnicas, chamado por alguns, erroneamente, de ciência.

Baixa a cabeça e entenda porque nem seus companheiros de partido querem se identifica com o seu governo...te obrigando a sair sozinho nesta tarefa insana.

Engraçado... quanto à solidez do Plano Real, o "tucanato" parece que apresenta o mesmo e uníssono canto: a obra é do PSDB e nele, de FHC. Não o permanente coro desafinado de múltiplas vozes, que alia-se ao pior da direita brasileira - os mesmos coronéis e senhores de tristes currais de sempre, em troca de presença no poder - construção de um país no últimos menos de 8 anos ("nunca antes nesse...") e travestir medidas populistas e demagógicas de "medidas de esquerda". Basta, para ambos os casos, ver as atuais propagandas eleitorais.

Terceiro mito - Segundo você, o Brasil tinha dificuldade de pagar sua dívida externa por causa da ameaça de um caos econômico que se esperava do governo Lula. Fernando, não brinca com a compreensão das pessoas. Em 1999 o Brasil tinha chegado à drástica situação de ter perdido TODAS AS SUAS DIVISAS. Você teve que pedir ajuda ao seu amigo Clinton que colocou à sua disposição ns 20 bilhões de dólares do tesouro dos Estados Unidos e mais uns 25 BILHÕES DE DÓLARES DO FMI, Banco Mundial e BID. Tudo isto sem nenhuma garantia.

Lembremos que a moratória, no passado, foi obra de sua base de apoio, gritemos Sarney, gritemos PMDB e suas medidas para chegar ao que pretendia em resultados eleitorais, e que exatamente romper com processos que marchariam para o desastre, levou a "determinada carta do PT", o que o tornou, como vemos claramente, este projeto de populismo aliado a financiar construtoras, travestindo-se de "estatismo forte" e "investimento do estado", e ganhos inigualáveis no mundo a bancos, obviamente, os privados.

Quanto a bancos, em ângulo específico: sacrifica-se o público para beneficiar, primeiramente, o privado.

Mas este joguinho que agora aplico, a maneira de suas falácias, de falsa dicotomia entre o que seja "esquerda e direita" (como se tal, no caso, realmente existisse), pouco interessa, pois os bilhões em que endividou a população brasileira, no estado que a representa, superam em muito qualquer pedido de empréstimo internacional, que no fundo, só fizeram flutuar questões de balanças de pagamentos - aquela mesma, que "seu" governo destrói a cada mês.

Esperava-se aumentar as exportações do pais para gerar divisas para pagar esta dívida. O fracasso do setor exportador brasileiro mesmo com a espetacular desvalorização do real não permitiu juntar nenhum recurso em dólar para pagar a dívida.

Mais uma vez, leigo em Economia: desde quando relaciona-se o panorama de exportações apenas com a questão câmbio, direta e estritamente?

Não tem nada a ver com a ameaça de Lula. A ameaça de Lula existiu exatamente em conseqüência deste fracasso colossal de sua política macro-econômica.

Como dizem meus amigos, mais jovens debatedores de outros temas: acabou de passar um escocês por aqui!

Tanto não é um "fracasso colossal", que a inflação, como você mesmo apresenta, caiu para residuais valores anuais do que antes era anual, e mais que isso, a agora a caminho da destruição da austeridade fiscal já mostra-se que nem todo verdadeiro escocês é o que você afirma que é.

Em caso de não saber-se o que seja a falácia do escocês, o capitalista Google os ajude.

Sua política externa submissa aos interesses norte-americanos, apesar de algumas declarações críticas, ligava nossas exportações a uma economia decadente e um mercado já copado. A recusa dos seus neoliberais de promover uma política industrial na qual o Estado apoiava e orientava nossas exportações.

Mas ora raios! Não é exatamente "seu" governo que ameaça a cada mês destruir pelas importações o nosso parque industrial?

Não é exatamente seu governo que tem nos tornado apenas exportadores de matérias primas, no estado mais bruto, com altos custos de logística, gargalos diversos, e importando os produtos que exatamente agrega-se valor?

A loucura do endividamento interno colossal. A impossibilidade de realizar inversões públicas apesar dos enormes recursos obtidos com a venda de uns 100 bilhões de dólares de empresas brasileiras.

Aí, trocou-se pela loucura de gerar-se investimento apenas com endividamento e já, claro, o que chamo de "pintar dinheiro", passou a ser, claramente, sanidade. Faz-me rir!

E lembrando mais uma vez, que sobre o endividamento interno colossal, o "seu governo" acrescentou alegorias e adereços, e mais alguns andares. Tanto que já passou dos um trilhão e 500 bilhões de reais, e isto, agora, infelizmente, numa moeda arrotada por você mesmo, "intelectual de esquerda", como forte, e a taxas de juros reais, pois a inflação infelizmente - neste caso - é baixa, das mais altas do mundo

Os juros mais altos do mundo que inviabilizava e ainda inviabiliza a competitividade de qualquer empresa.

Esta frase, tem certeza o "intelectual de esquerda", que não seria minha resposta?

Enfim, UM FRACASSO ECONOMICO ROTUNDO que se traduzia nos mais altos índices de risco do mundo, mesmo tratando-se de avaliadoras amigas. Uma dívida sem dinheiro para pagar...

Novamente, a falácia do escocês. E tenho de perguntar, que se a dívida interna cresceu a níveis proibitivos, o "seu" governo agora, tem dinheiro para pagar alguma coisa?

Fernando, o Lula não era ameaça de caos. Você era o caos. E o povo brasileiro correu tranquilamente o risco de eleger um torneiro mecânico e um partido de agitadores, segundo a avaliação de vocês, do que continuar a aventura econômica que você e seu partido criou para este pais.

Curiosamente, novamente, quem deu continuidade a "aventura", ao endividamento, aos juros altos, foi "seu" governo. Quanto a austeridade fiscal, concordamos: Lula e o "partido de agitadores" - que na verdade, mostrou-se apenas uma canalha de corruptos de todo calibre, sim, é o caos.

Gostaria de destacar a qualidade do seu governo em algum campo mas não posso faze-lo nem no campo cultural para o qual foi chamado o nosso querido Francisco Weffort (neste então secretário geral do PT) e não criou um só museu, uma só campanha significativa.

Que eu lembre, os museus estavam e ainda estão entregues aos cupins. Mas que assim fiquem, se tal vai ser feito com o endividamento do estado brasileiro, e em suma, da população. Temos de eleger prioridades, antes de tornarmos mecenas da cultura e das artes, ainda mais, com dinheiro público.

Que vergonha foi a comemoração dos 500 anos da “descoberta do Brasil”.

Certamente mais barata que as dezenas de viagens, inclusive, apoiando teocracias, regimes totalitários e simples criminosos com cargos executivos em seus países.

Certamente, ainda mais barata que mensalões, e outros quase a centena de casos de corrupção.

Sinceramente, prefiro a vergonha do até evento ridículo que a vergonha de ser apontado como corrupto, como ladrão, inclusive, de cima a baixo de um governo, em todos os seus níveis, e na suprema responsabilidade que a máxima autoridade exige, ter de me refugiar na ignorância e na cegueira seletiva, com afirmações de brilhante cunho moral, como: Eu não sabia de nada.

Então, bem melhor o evento "ridículo".

E no plano educacional onde você não criou uma só universidade e entou em choque com a maioria dos professores universitários sucateados em seus salários e em seu prestígio profissional. Não Fernando, não posso reconhecer nada que não pudesse ser feito por um medíocre presidente.

Desculpe, mas está melhor a educação brasileira?

Basta ver os últimos números, que apontam que o magnífico "seu" governo piorou os dados sobre educação no país, e ainda por cima, mesmo em meio a um endividamento brutal, mesmo em meio a investimentos em infraestrutura ridículos, como por exemplo, no setor aeroportuário.

Embora tenha de concordar, caro "intelectual de esquerda" que sempre que "seu" governo não investiu em infraestrutura, poupou os brasileiros de repassar seu suado dinheiro para as empreiteiras que corrompem "seu" governo até os ossos, portanto: PARABÉNS!

Lamento muito o destino do Serra. Se ele não ganhar esta eleição vai ficar sem mandato, mas esta é a política.

Não se preocupe. Lula nunca teve um, antes do atual, além de um cargo no legislativo, sem significância alguma, e perdeu diversas eleições. Igualmente Dilma não o teve, sob banal análise, e parece que sobreviveu, inclusive com delegação de exóticas funções para seu segundo escalão, para concorrer desta vez.

Vocês vão ter que revisar profundamente esta tentativa de encerrar a Era Vargas com a qual se identifica tão fortemente nosso povo.

Só lamento, "seu" supremo mandatário nada mais é que um último suspiro do cadáver insepulto da mesma Era Vargas, mas sem o mesmo brilho e certamente, com os piores adiante resultados. Não é "uma revolução", não é "o novo". É apenas, "mais do mesmo".

E terão que pensar que o capitalismo dependente que São Paulo construiu não é o que o povo brasileiro quer.

Ao que parece, pelas últimas eleições, é exatamente, seja lá o que for, que o povo paulista quer. Só lamento, as urnas mostraram isso, já repetidas vezes.

Mas nos debrucemos mais sobre esta frase. O capitalismo que São Paulo agora quer é a caminho de mais de 20% de seus bens ser importado? É sua indústria ser destruída por importações? É sustentar programas assistencialistas com seu trabalho?

Percebe-se que claramente, esta foi a resposta das urnas: Não!

Em tempo: parece que em Alagoas, igualmente, nem mesmo sua base, o agora "aliado das esquerdas" Collor, parece ser uma resposta do que o povo brasileiro quer ou não. Nem necessitaria citar o Pará, pois parece que sua candidata nem pode contar com outro componente da base, de tão nobres atitudes "de esquerda", quase inominável, como quando tomava milhões para empresas próprias que nunca foram mais que painéis, cercas e assinatura de promissórias.

Lembrando: sua candidata, no Pará, é aquela "amiga do proletariado", ao ponto de nomear manicure ou cabeleireira, pouco interessa, em pitoresco "cargo de confiança".

Já devia ter anotado aqui que seu argumento neste campo joga alternadamente entre a falácia da divisão e falácia da composição.

E por mais que vocês tenham alcançado o domínio da imprensa brasileira, devido suas alianças internacionais e nacionais, está claro que isto não poderia assegurar ao PSDB um governo querido pelo nosso povo.

Ao que parece, uma boa parte dos estados do Brasil não concordam com você, "intelectual de esquerda". Mas tudo isso, independente da popularidade de Lula, fruto apenas de seu populismo, que aliado da cegueira produzida pela ignorância (aquela que seus programas educacionais inexistentes não mitigaram), não implica em marchar a continuidade disto para outro caminho que não o desastre.

Como deve-se sempre ter presente: a esperança infantil e providente é um mal que se traveste de virtude. Wishful thinking, nada mais.

Vocês vão ficar na nossa história com um episódio de reação contra o vedadeiro progresso que Dilma nos promete aprofundar. Ela nos disse que a luta contra a desigualdade é o verdadeiro fundamento de uma política progressista. E dessa política vocês estão fora.

Perdão: Informou-se das eleições estaduais?

Mais de 35% ( e tal pode ser mais), passou agora a ser "fora"? (Lembrando, que o escocês acaba de passar pela página, novamente, de kilt ao vento.)


Apesar de tudo isto, me dá pena colocar em choque tão radical uma velha amizade. Apesar deste caminho tão equivocado, eu ainda gosto de vocês ( e tenho a melhor recordação de Ruth) mas quero vocês longe do poder no Brasil. Como a grande maioria do povo brasileiro.

Desculpe, São Paulo, Paraná, Minas Gerais e mais uma boa parcela do Brasil inteiro, na mais ampla das amostras, que é exatamente o universo do eleitorado, não concordam, e aqui lhe devolvo seu ad populum, da maneira mais esmagadora que a simples matemática permite.

Poderemos bater um papo inocente em algum congresso internacional se é que vocês algum dia voltarão a freqüentar este mundo dos intelectuais afastados das lides do poder.

Com a melhor disposição possível mas com amor à verdade, me despeço

Cinismo é muitas vezes, um pecado intolerável.

Mas não fiquemos no ad hominem, e apontemos que invariavelmente, as argumentações, especialmente as comparativas por parte de "intelectuais de esquerda", usam e abusam da falácia da falsa dicotomia: aquilo que outros fizeram é "o medíocre", "o ruim", sem falar que já aquilo que não seja o "deles", é por definição, "a direita" e por isso mesmo, "o mal". Já qualquer coisa, quando não todas as coisas que o "deles" fez, passa a ser equivalentemente, o brilhante, o excelente, o bom, e como é, pela própria análise, o "a esquerda", é "o bem".

Sem falar que todos os atos da dita, agora, "direita" foram benéficos apenas à "elite" e "seus" atos, evidentemente, somente "aos pobres". Percebe-se, pelos representantes de seu grupo, em felizes viagens para cima e para baixo em jatos executivos, dando felizes mas obscuras consultorias, ao mesmo grupo de empresas de sempre.

Agora, o autor do perolário, e suas 'penas de pavão':

Theotonio Dos Santos 

Professor Emérito da Universidade Federal Fluminense, Presidente da Cátedra da UNESCO e da Universidade das Nações Unidas sobre economia global e desenvolvimentos sustentável. Professor visitante nacional sênior da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

E com tudo isso, não consegue sair de meia dúzia das mais clássicas falácias de sempre, aliadas da pregação barata e de no considerar que por ser Dilma criatura de Lula, inexoravelmente seu governo nos cobrirá de maravilhas, ou seja, o perigoso wishful thinking.

Só lamento, como muitos, mais um iludido.

Ótima metáfora de onde o assistencialismo e o populismo estão nos levando, e já parcialmente claro nos últimos números da economia.


Como não gosto de fazer meus leitores trabalharem por mim:


  • Wishful thinking , que defendo que deva ser traduzido como "pensamento patologicamente esperançoso".





PS

1)

Para tratar de maneira mais contundente este argumento de que inflação se contamine pelo planeta com analogia de como calor se propaga por condução térmica, exemplifiquemos com a Bolívia, que passou por inflações de 100 mil % ao ano (poderíamos, até citar a Alemanha de 23, ou a Hungria pós 2a Guerra Mundial, mas acredito que seria simplesmente covardia). Se inflação se propagasse como o calor, os países cercâneos à Bolívia teriam de viver parcela de tal inflação (idem para a Europa, várias vezes, com muito maiores "fontes de calor"). Logo, a questão não é geográfica, e se não é geográfica, não é também global.


Uma mulher alemã alimentando um fogão com notas, que já são maior quantidade de combustível que a quantidade de lenha que podem comprar (Federal Reserve sets stage for Weimar-style Hyperinflation).

Mas se pode ser geográfica, temos de perguntar se seria por índices. Já os exemplos acima, já mostram que não.

Podemos por fim perguntar se seria por "peso econômico". Ora, se os EUA do final da 2a Guerra Mundial representavam 50% do PIB do mundo, e ainda hoje se avizinham do um quarto, e tem inflação baixa, igualmente tal argumento não se sustenta.

(O mesmo poderia ser dito da pesada economia brasileira, frente ao estável Uruguai, em diversos períodos de nossa inflação, enquanto ele, com forte parceria comercial, lá estava, com sua então relativamente estável moeda.)

Mas abaixo destes simples contra-argumentos, existe a banalidade de que a pulverização de uma moeda não se dá por seu compartilhamento, muito menos o virtualmente inexistente*, na imensa maior parte dos casos, entre as nações de uma mesma moeda (aqui, o estável dólar estadunidense já impulsionaria este argumento), mas pela depreciação local, nacional seria o termo mais correto, de uma moeda.

* Explico: compartilhamos dólares estadunidentes e euros, mas pouquíssima moeda argentina, e esta é uma economia grande e está ao nosso lado, e com forte comércio conosco. Poderíamos comercializar toneladas de moeda argentina, ainda sim, não poderíamos causar inflação nem deflação minimamente significativa neste país. Por outro lado, ao menor sinal de inflação em qualquer país, até mesmo desvalorização de uma moeda, fugimos de tratá-la como uma reserva confiável, ou até mesmo um arriscado investimento.

O que pode ser feito pela analogia com o calor é a propagação de custos, digamos, absolutos, como o de uma commoditie. Ao subir seu preço na média das mais diversas moedas, propagará sua variação até pelo mundo. Vide o petróleo, mais banal dos exemplos, que desencadeia toda uma cascata de custos em elevação, como nos transportes e fretes.

Igualmente, flutuações cambiais relativas, como a que apresentamos no passado em relação ao dólar estadunidense, e aqui mesmo fato é mostrado, desencadeiam cascata de custos relacionados a ítens importados, mas não, de forma alguma, diretamente, a mais que nacional castanha do Pará, a não ser nos custos relacionados, dentro de sua custificação, com o bendito dólar em aumento.

Exemplificando: digamos que eu importe prata da Bolívia para a confecção de algum circuito. A compro em estáveis euros. Pode a moeda boliviana se valorizar ou virar poerira em selvagem processo inflacionário. Havendo uma variação de digamos 5% no preço da prata que compro em euros, apenas meus custos variarão estes 5% em euros, no peso que representam em custos no meus produtos. Aqui, a semelhança com calor se aplica.

As analogias físicas são válidas, mas de forma alguma, plena e estritamente aplicáveis.

E acredite, leitor, de Economia eu posso não entender coisa alguma mais que o óbvio e trivial (o que, curiosamente, foi atropelado pelo "intelectual de esquerda" acima), mas de calor, eu entendo, como pode se ver aqui, e garanto: não pode se comparar calor diretamente à economia.

Logo, lembremos, falácias non sequitur e post hoc ergo propter hoc.


2)

A inflação, que deve sempre ser diferenciada de carestias localizadas, pontuais e setoriais (focos de temperatura alta, se desejarem repetir a analogia acima). A emissão de moeda sem equiparada geração de riqueza (ou mesmo sua conservação, vide a emprobecente no passado Argentina), leva a "mercadoria" dinheiro a ser julgada menos valiosa que o quilo de feijão da compra de uma determinada manhã.

Pode-se, não como no caso alemão e húngaro, com emissão de notas - impressas num só lado (ao ponto de serem mais baratas que papel de lembretes!) com tinta preta ruim, sem qualidade alguma, de bilhão de até sextilhão da moeda local - também digitar dinheiro, e tal foi o pródigo do período Sarney.




Aliás, digitar dinheiro é mais barato até que imprimí-lo, e com muito maior capacidade de produção de desastres.

Mas aqui, outra analogia é válida: a pressão, que gera tensões, como em uma caixa d'água ou piscina (aquela coisa tipicamente burguesa que Fidel possui em casa).

Logo, o governo ao gerar déficit, e produzir titularidades que prometem, repito, prometem juros, produz pressão inflacionária, e ao que parece, não seria uma inflação estadunidense de, "chutemos", 10% ao ano que produziriam 86% ao mês em nossas barbas e cachos, nem mesmo, o agora mundo, que nos compeliria ao nível que temos permanentemente de inflação*.

*Fora a oferta-demanda - sim, amigo, não há nem mesmo guindaste para atender a construção, nem caminhões para levar os tijolos, aliás, nem os tijolos e cimento, que em não podendo ser atendidos, levarão a quem os vende iniciar o característico "leilão" e colocar-lhes preços mais altos, e com isso, ver quem "ainda compra", pois já ensinou titio Adam Smith, todos visam os máximos ganhos. Mas estes aumentos de preço, não são, propriamente, o que seja a inflação que aqui tratamos e tanto sofremos.

Mas retornando... Como o (nosso) estado isso faz, e o faz a meu ver pior do que poderia, temos uma inflação, oriunda desta pressão, que gera permanentemente tais tensões, mesmo quando contingenciada, repetirei patologicamente, por uma das mais altas taxas de juros do mundo.

Logo, a fonte de todo "calor inflacionário" está na administração da massa monetária, no crédito e na oferta-demanda dos bens, entre outros fatores, as vezes nos casos específicos maiores, normalmente girando em torno do ente que se chama estado (este mesmo, que está em nosso quintal), e nem um pouco que a maior economia do mundo faça as bobagens que jamais faz, em breve talvez com a China rugindo a sua equiparada altura, ou mesmo o seu vizinho Japão, e nem que a Europa tenha febre, inclusive quando a Alemanha fica doente (frase clássica entre europeus).

Infelizmente, tenho de enfiar pelas fuças do "intelectual de esquerda" um Q.E.D..

3)

Voltando ao utilíssimo exemplo da Bolívia, esta poderia ter inflação de 100 mil % ao ano, equivalente a uns 77% ao mês, ou até uns 1,89% ao dia por contaminação da inflação estadunidense, historicamente baixa?

Como poderia, mesmo a poderosa economia do continente americano inteira, produzir uma inflação diária equivalente a inflação de seu componente mais poderoso (os EUA, obviamente) num ano?

Digamos que sim, e inflação seja como o calor. Ainda sim, sua prata seria vendida pelos mesmo x "bolivianos", equiparados a y dólares estadunidenses, "infinitesimalmente tomados no momento da efetivação da comercialização". No conceito de "custo universal", que em suma é um "miolo", um "núcleo" de custos que corresponde a uma determinada comodditização* de todos os custos pelo mundo a fora, e pouco interessa se foi efetivado finalmente em marcos ou moeda da hungria virando pó ou ainda nossos cruzeiros "sabe-se lá o quanto novos", ou a moeda de câmbio, na ocasião (encontro de comércio Brasil-Bolívia, p.ex.), no momento (naquela hora, pois a moeda boliviana já está neste ponto), no local (pois a fronteira Brasil-Bolívia pode implicar numa tratativa de custos diferente da Bolívia-Chile, mesmo com comerciantes brasileiros operando), entre aqueles agentes (pois vendo mais barato se sua família for amiga dos milhares de bolivianos trabalhando em trabalho até semi-escravo no Brasil**).

Pegando novamente o exemplo da prata boliviana e meus circuitos, se fechei com o 'senhor Juan' o quilo de prata a tantos euros, naquele momento, e os contratos são compridos, pouco me interessa se ele tem de mandar sua esposa sair correndo, assim que receber suas duplicatas locais na moeda em erosão local, para comprar óleo para fritar suas cebolas, e até as cebolas para o mês inteiro, pois amanhã, tal moeda só comprará a metade seja do que for***. Tal processo que a ele afeta não afeta meus custos, e consequentemente, meu cenário econômico nacional, operando noutra moeda, pois a cebola e o óleo, assim como uma enormidade de produtos internos à Bolívia, obviamente, não fazem parte de toda a intrincada cadeia de custos e preços de meu Brasil.

Mais que todos os produtos vendidos pela e na Bolívia, o que determinará que sua inflação não se propagará para nossa economia, como afirmado na carta aqui em tratamento, é que a peculiar mercadoria que é a moeda boliviana (e qualquer moeda) não é "comercializada" em nosso território.

Perdão, Q.E.D. novamente.

*Exemplificando, você pode vender um carro popular a 12 mil no Brasil, e 6 mil na Índia - haverão custos específicos locais e circunstanciais, mas basicamente, este valor médio, pelo mundo, girará nesta faixa, e para bens mais simples, como p.ex. minério de ferro, a cotação será ainda mais estreita e global, especialmente nas maiores escalas de comercialização.

**Uma das tristezas e que na verdade pode ser a suprema felicidade, se bem explorada, é que no mundo capitalista, todos são igualitariamente diferentes, assim como as situações. Se não gosta disso, não tem problemas: não simpatizo com você e não lhe acrescento preço algum, mais igualmente, não lhe beneficio com um desconto.

Se não entendeu a mensagem e a simples lógica devastadora do acima, cara Alice rara leitora que invariavelmente sofre de iliterácia seletiva - quando não cegueira, não necessita o capitalista acrescentar valor, majorar preços a quem ele antipatize. Pode, perfeitamente, diminuir preços e abrir mão de seu "maldito lucro" para quem lhe sorria, e parece que tal não pode ser impedido, pois o sacrifício é opção de quem o faz. Logo as relações de preço e barganhas são regidas não só pelo valor e até subjetividades da qualidade do barganhado, mas em subjetividades das próprias relações pessoais e mútuos interesses.

Sim, e mais um Q.E.D.. Se não concorda, corto-lhe mais uma vez o mesmo desconto adicional que darei a quem concorde com esta implacável verdade.

***Na inflação de 23 na Alemanha, sairíamos juntos e pediríamos cada um dois copos de chopp, pois certamente o segundo copo de cada um de nós sairia mais caro. Prefeririamos receber o salário em batatas, depois de já o estarmos recebendo duas vezes ao dia, em dinheiro transportado em carrinhos de pedreiro, em maços soltos, como tijolos sobre ele, pois ninguém mais o quer roubar, e seria mais prudente colocar o saco de batatas no porão, bem fechado, que achar que alguém vai levar uma carteira cheia que deixamos sobre a mesa da sala.


Pode chegar o dia em que necessite-se maiores meios de transporte
(The Weimar Economy - http://www.dialoginternational.com/). 

4)

Mas a questão do passado boliviano é muito mais simples. A Bolívia, nos escuros tempos de inflação astronômica, tinha um estado que não arrecadava impostos, e "brilhantemente", apenas emitia moeda para honrar suas despesas. Logicamente, a sua nefasta população, que hoje comprava um quilo de farinha por um, no outro dia achava que só deveria vendê-la, seja na forma de processamento que for, por 1 e um tanto, e assim, tanto a tanto, até o ponto, como sempre em tais estados irresponsáveis (os geradores de sua própria pressão inflacionária), que ninguém tenha confiança em preço mais algum, e mantenha permanentemente os preços subindo, até para pegar o máximo possível, ou o mínimo necessário, da moeda que se esfarela se ficar em seus dedos mais que algumas horas.


Novos blocos de montar: crianças alemãs brinca, com dinheiro jpgado na rua, por não possuir mais valor. (The Dangers of Printing Money - The Cynical Economist)

Logo, mais uma vez, não é a inflação do planeta inteiro que causa a inflação do país que o seja, e carestia de custos específicos, que realmente se propagam similarmente ao calor, não tem nenhuma coisa a ver com a questão inflacionária propriamente dita e assim definida.

5)
 
Para se melhor ilustrar o absurdo que é este tratamento da inflação por uma analogia simplória com calor, como coloquei, vale a pena ler a postagem de Roberto Aciolli no próprio blog do autor deste cartapácio de baboseiras ideológicas:

      O professor deve estar esquecido do que era uma hiperinflação quando fala em 10%. Para que vocês entendam melhor, vejam a inflação acumulada no Brasil da época:

          1993       2.780,6% (O ministro da Fazenda, FHC cria a URV em dezembro)
          1994       1.093,8% (em fevereiro entra em vigor a URV)
          1995       14,7%
          1996       9,3%
          1997       7,4%.


Agora veja a média de inflação dos EUA, no mesmo período aqui:










http://inflationdata.com/inflation/inflation_rate/HistoricalInflation.aspx?dsInflation_currentPage=1

Cadê a deflação global? Mesmo que existisse, não afetaria tanto assim o Brasil, a ponto da gente descer de 2.780% pra 7,4%.

Tenho todo respeito ao governo Lula. Mas acredito que não dá pra tirar esse mérito do governo FHC. Simplesmente, não dá!

Detalhe: calculo uma inflação de 2780% ao ano como correspondente a uma inflação de 32% médios ao mês, e uma de 1093% a aproximadamente 23%.

6)

Já que nada mais ridículo que o homem que se leva a sério...

Há alguns anos atrás houve um desfile na União Soviética. Tanques, soldados, mísseis e aeronaves desfilaram. Depois dez homens vestidos de terno e gravata seguiram os pelotões.
— Aqueles são nossos espiões ?, perguntou Gorbatchev para o diretor da KGB.
— Não, são economistas. Imagine o estrago que vão causar nos Estados Unidos quando deixarmos com os americanos.